
Na �ltima d�cada, Belo Horizonte viu sua Regi�o Central se oxigenar com movimentos culturais e comerciais. Pontos � margem dos circuitos de lazer mais badalados passaram a atrair grande p�blico com novidades sofisticadas, tendo o Edif�cio Maletta, o Mercado Novo e a Rua Sapuca� como principais exemplos. Por�m, a gastronomia bo�mia tradicional n�o s� resiste, como tamb�m ganha for�a no Centro. Oferecendo petiscos t�picos em sua vers�o mais genu�na e simplicidade na opera��o, antigos bares e restaurantes ampliam sua popularidade e caem no gosto de frequentadores de outras �reas da capital.
Nada de cerveja artesanal ou del�cias assinadas por chefs. No Hipercentro, a autenticidade dispensa sofistica��es. No caso do Caf� Palhares, na Rua Tupinamb�s desde 1938, o Kaol – prato feito com couve (embora o “k” seja de cacha�a), arroz, ovo e lingui�a – j� virou patrim�nio cultural de BH. Custa R$ 19,80, dispon�vel tamb�m com l�ngua de boi, dobradinha, carne cozida ou pernil no lugar da lingui�a. Molho de tomate e farofinha acompanham. Para degust�-lo, � preciso se acomodar em um dos assentos em torno do balc�o.
FILME A alguns quarteir�es dali, na Avenida Amazonas, o caldo de mocot� do Non� j� foi tema at� de document�rio, lan�ado em 2015. Ele � o astro do bar que se anuncia como o “Rei” da iguaria e funciona 24 horas. Em 2016, o espa�o passou por reforma e ficou mais arejado e iluminado, mas sem alterar a arquitetura baseada em balc�o e aparadores, muito menos a receita principal. Servido na caneca, o caldo custa R$ 9,70 ou R$ 10,50, se o fregu�s acrescentar um ovo de codorna. Al�m do carro-chefe, faz sucesso a por��o de l�ngua de boi (R$ 7), preparada sem invencionices.
Sob menos holofotes e em funcionamento h� 33 anos na Rua Esp�rito Santo, entre Amazonas e Caet�s, o Restaurante Mineirinho se destaca pelas por��es e pratos tradicionais com pre�os bem abaixo daqueles cobrados por estabelecimentos tarimbados de outros bairros. O card�pio oferece 23 refei��es, incluindo os cl�ssicos mexid�o (com o imponente ovo frito sobre a travessa) e feij�o-tropeiro, com arroz, couve e bife � milanesa. Custam R$ 14 e R$ 16,50, respectivamente. H� tamb�m o prato do dia, generosamente individual, sempre por R$ 13,50 ou R$ 14.
Os destaques s�o a feijoada (sexta e s�bado) e o tutu com couve, arroz e lombo de porco, �s quintas-feiras. Combina��es de arroz, feij�o, macarr�o e bifes (do tamanho do prato!) figuram entre as ofertas para matar a fome no concorrido e agitado hor�rio de almo�o. Ou mesmo noite adentro.
A cozinha funciona at� as tr�s da manh�. A casa � alternativa para quem frequenta eventos na regi�o, como ocorreu na Virada Cultural, em julho. Com simplicidade e efici�ncia no atendimento, o propriet�rio Jos� Alves da Silva celebra um novo momento. “No in�cio e at� 10 anos atr�s, t�nhamos clientela mais fixa. Hoje, com mais m�dia e o Instagram (@restaurantemineirinho1), vem muita gente nova, de v�rias partes da cidade. Aqui � um bar simples, mas a comida que sai � novinha, feita na hora. Falo isso porque trabalho pessoalmente na cozinha”, afirma.
“Temos contrafil�, calabresa, fil� de merluza com molho t�rtaro (por��es, de R$ 25 a R$ 30), al�m de sandu�ches, espetinhos e caldos. Tem de tudo aqui”, garante Jos�. A poucos metros de l�, o Mineirinho 2 opera em modelo parecido. No passado, faziam parte do mesmo neg�cio, mas depois seguiram caminhos independentes.
Isolado em um dos corredores do Mercado Central, o Rei do Torresmo se diferencia pelo foco na iguaria associada � mineiridade. Sem cadeiras e mesas, ostenta uma estufa de balc�o cheia de torresmos “de barriga”, mais carnudo, e “pururuca”, mais crocante.
'LAGOSTA' “A gente costuma falar que Minas n�o tem mar, mas tem bar. Ent�o, aqui o torresmo grande de barriga � a lagosta e o pequeno, � pururuca, � o camar�o mineiro”, brinca Geraldo Campos, propriet�rio do estabelecimento h� 24 anos. Sempre no balc�o, ele aponta a por��o de torresmo de barriga na chapa com cebola ou jil� (R$ 22) como a preferida do p�blico. Pelo mesmo pre�o sai a de pururuca, que pode ser acompanhada de mandioca frita.
O Centr�o concilia a gastronomia popular com a pr�tica esportiva preferida dos bo�mios. Na Rua Carij�s, a Tim Academia de Bilhares tem 15 mesas de sinuca e op��es para matar a fome. Uma delas � o mexido da casa, feito com banha de porco, acompanhado por lingui�a calabresa assada, tomates e “finalizado” com um ovo frito. Custa R$ 15,90.
CIRCUITO A “vanguarda gastron�mica” do Hipercentro de BH foi destaque na �ltima Virada Cultural. Montou-se um circuito destacando itens da comida de rua, sob curadoria do jornalista Daniel Neto, que h� 10 anos se dedica ao assunto nas redes sociais. A p�gina Baixa Gastronomia por Nenel � seguida por 128 mil usu�rios no Instagram e outros 22 mil no Facebook.
“Ultimamente, tenho visto maior aceita��o desses lugares pelas pessoas. Elas pararam de sentir vergonha de ir a lugares mais simples, pois aprenderam que nem toda boa experi�ncia precisa custar caro. Voltamos a valorizar as estufas, o balc�o e o atendimento amig�vel em lugares bem verdadeiros, onde as pessoas da cidade comem diariamente”, argumenta Nenel.
DICAS DO NENEL
Confira sugest�es do especialista em baixa gastronomia
» Para comer no fim de noite
• Restaurante Mineirinho 1 e Tim Academia de Bilhares.
“Tem m�sica alta, n�o � aquele lugar confort�vel, mas tem um
mexid�o muito bom.”
• Bar do Non� e Bar do Z� Luiz. “Ficam no primeiro andar do Mercado Novo, s�o anteriores a esse novo movimento l�.”
» Para celebrar o balc�o
• Caf� Palhares. “Aquele balc�o � sagrado.”
• Mineirinho e Xok Xok
» Para almo�o
• Restaurante do Beco. “Uma portinha, mas a cada dia um
prato diferente.”
» Tira-gosto especial
• Bolinho de carne do Caf� Bahia. “Empanado, muito bom.”
» Pra tomar cerveja e jogar conversa fora
• Rei do Torresmo e Bar do Jo�o. “Atr�s do Mercado Central, na Rua Padre Belchior. Bem interessantes para tomar uma.”

Com simplicidade e pedidas tradicionais, bares da regi�o central de BH conquistam novos p�blicos Mineirinho 1, de Jos� Alves da Silva, serve o seu famoso mexid�o at� as tr�s da madrugada
Jos� Alves da Silva
MAPA DO TESOURO
» Restaurante Mineirinho 1
Rua Esp�rito Santo, 310, Centro, (31) 3213-6172. Segunda e ter�a, das 9h �s 2h30; quarta e quinta, das 9h �s 3h; sexta, das 9h �s 4h; s�bado e domingo, das 9h �s 3h.
» Restaurante Mineirinho 2
Rua Caet�s, 220, Centro,
(31) 3222-8651. Diariamente,
das 9h �s 3h.
» Rei do Torresmo
Mercado Central. Av. Augusto
de Lima, 744, loja 166, Centro, (31) 99302-9552. Segunda a s�bado, das 7h �s 18h; domingo, das 7h �s 13h.
» Caf� Palhares
Rua dos Tupinamb�s, 638,
Centro, (31) 3201-1841. Segunda a sexta, das 8h �s 22h; s�bado, das 7h �s 21h.
» Non� – O Rei do Caldo de Mocot�
Av. Amazonas, 840, Centro,
(31) 3212-7458. Segunda a s�bado, n�o fecha.
» Xoc-Xoc
Edif�cio Maletta. Rua da Bahia, 1.148, Centro, (31) 3273-4617. Segunda a s�bado, das 7h � 0h.
» Tim Academia de Bilhares
Rua dos Carij�s, 109, Centro,
(31) 3226-8476. Segunda a s�bado, das 11h �s 5h.
» Bar do Jo�o
Rua Padre Belchior, 114, Centro.
» Restaurante do Beco
Rua dos Tamoios, 232, Centro,
(31) 3272-1489. De segunda a s�bado, das 11h �s 23h; domingo, das 11h �s 17h.
» Bar do Z� Luiz
Rua Rio Grande do Sul, 481, Centro, (31) 3271-9121. Diariamente, das 2h �s 9h.
» Caf� Bahia
Rua dos Tupis, 369, Centro,
(31) 3224-5574. De segunda a s�bado, das 7h � 0h.