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Estado de Minas FOTOGRAFIA

Candombe: ritual sagrado marca a express�o mais antiga do congado mineiro

Comunidade do A�ude mant�m cortejo e tradi��es africanas ao som de tambus feitos por escravos h� 205 anos


postado em 01/11/2019 14:32 / atualizado em 07/11/2019 18:56

 “T� caindo ful�, t� caindo ful�, l� do c�u, c� na terra, ol� l�, t� caindo ful�"

 

 

 

Candombe, no dialeto africano quimbundo, significa sala de reuni�es. O ritual sagrado surgiu nos �ltimos anos da escravid�o, quando os escravos j� haviam assimilado v�rios aspectos da cultura colonial e incorporado elementos da religi�o cat�lica. Se antes foi reprimido pelos senhores, hoje o candombe � motivo de orgulho para as fam�lias e uma manifesta��o de f� e esperan�a. As ora��es, tantas vezes repetidas, s�o formas de agradecer a Nossa Senhora do Ros�rio, m�e do candombe, por todas as b�n��os concedidas � comunidade. E os batuques dos tambus, por sua vez, transmitem a f� e a alegria do povo. No candombe n�o faltam can��es com versos em portugu�s e muita cacha�a, para descontra��o de quem vai prestigiar a festa. 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

"� uma reza em forma de canto, pois formam-se rodas, a noite inteira, e todo mundo pode entrar"

Danilo Santos, m�sico e entusiasta das tradi��es

 

 

O senhor me d� licen�a, de eu cantar nesta baixada...” Ao som ritmado dos tambus, instrumentos seculares, homens e mulheres de todas as idades seguem a bandeira de Nossa Senhora do Ros�rio pelo caminho enfeitado com flores de papel, iluminado por velas, e participam do candombe, considerado pelos especialistas a express�o mais antiga do congado mineiro. O cortejo e o ritual sagrado, na comunidade do A�ude, em Jaboticatubas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, ganha um significado maior: a comemora��o do centen�rio do local incrustado na Serra do Cip�, onde as tradi��es se fortalecem com o tempo e se mant�m com o respeito das novas gera��es. 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

"Se quiser, o morador ou visitante pode fazer um verso e cant�-lo, expressando o sentimento naquele momento. � chamado de ponto, um limpa-alma completo"

Danilo Santos, m�sico e entusiasta das tradi��es

 

 

Celebrado anualmente sempre no segundo s�bado de setembro, o candombe atrai, a cada ano, mais de 300 pessoas, entre moradores e visitantes da comunidade localizada a 94 quil�metros da capital. Remanescente de uma comunidade quilombola, A�ude, com 22 fam�lias, que acordam cedo no s�bado para preparar a festa, com direite a  roda da capoeira reunindo v�rios mestres de todo o pa�s. “� preciso alimentar os candombeiros que chegam. Ent�o, tem que fazer bolos e biscoitos no velho forno de cupim, cortar lenha para a fogueira e enfeitar a rua”, conta Danilo. 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

 

"Na casa aberta, � noite de festa, dan�am Geralda, Helena, Flor, na beira do rio, escuto Ramiro, dona Merc�s toca tambor"

M�sica Casa Aberta de Fl�vio Henrique e Chico Amaral

 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

Os tr�s tambus da comunidade, guardados como tesouros sonoros, tamb�m mereceram destaque, diz o m�sico e cinegrafista Danilo Santos, “filho” do A�ude e entusiasta das tradi��es. “Eles completaram 201 anos em 2014. Foram feitos pelos escravos do tronco do saboeiro, sendo a madeira escavada de um lado e coberta de couro de boi”, explica o m�sico, lembrando que a afina��o se faz na fogueira, que arde das 22h do s�bado at� as 7h do domingo, quando tudo termina.  

 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

As emo��es ganham mais for�a enquanto a noite avan�a e � imposs�vel n�o entrar no clima que mescla cultura e religiosidade. “Eu sou carreiro, eu vim pra carrear. A minha boiada � nova, sobe o morro devagar”, � um dos versos cantados na festa, que tem ainda o boi da manta, que vai abrindo caminho e retirando as energias negativas para a passagem da bandeira de Nossa Senhora do Ros�rio. “A m�sica remete aos antigos carros de boi”, diz Danilo. Durante a noite, os festeiros servem aos visitantes broa de fub�, biscoitos, caldo de mandioca, caf� coado na hora, quent�o, cacha�a e batidas. 

 

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

'Somente tr�s anos ap�s da Aboli��o, portanto em 1891, que os escravos daqui foram libertados. Os senhores de engenho se aproveitaram da dist�ncia da fazenda com a cidade grande para n�o dar a not�cia'

Danilo Santos, m�sico e entusiasta das tradi��es

 

 

 

 

 

Pedido de ajuda

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)

 

Comunidade est� arrecando recursos para documentar e difundir a hist�ria do candombe at� chegar na sua raiz ancestral: Povo Mende, em Serra Leoa, na �frica. O projeto � idelizado pelo m�sico Danilo Candombe

 

A ideia � que seja uma obra documental (webserie com 3 epis�dios) com resgate firmado na oralidade atrav�s de depoimentos no decorrer do caminho reverso da escravatura. Saindo de quilombo, a Comunidade do A�ude Serra do Cip� – MG, passando por Portugal e finalizando em Serra Leoa.

 

Al�m da realiza��o da webserie documental com reconstitui��o de algumas passagens interpretadas pelos pr�prios moradores do quilombo, Danilo vai promover oficinas e bate-papos sobre viv�ncia quilombola, contando e dan�ando as hist�rias e difundindo a ra�zes atrav�s do interc�mbio cultural. Para ajudar acesse aqui

 

 

 

 

 

 


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