
De acordo com a Secretaria de Previd�ncia do Minist�rio da Fazenda (SPREV), em 2017 foram registrados 9 mil afastamentos do trabalho por conta de transtornos comportamentais e de sa�de mental. Dados da Isma-BR, representante brasileira da International Stress Management Association, mostram que nove em cada 10 brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas de ansiedade – do grau mais leve ao incapacitante. Diante desse cen�rio, que preocupa cada vez mais, as empresas buscam por alternativas que melhorem a qualidade de vida dos colaboradores dentro das organiza��es, como consultoria de profissionais de psicologia e uso de terapias.
A psic�loga Beatriz Moura, especialista em sa�de mental pela UFRJ, destaca que os problemas mais comuns s�o ansiedade, estresse e depress�o. “O trabalho � algo importante para o ser humano e pode ser visto como um elemento de dignidade e crescimento. Por outro lado, pode trazer s�rios danos para a sa�de, como doen�as e sofrimento. Um ambiente de trabalho caracterizado por extrema press�o, jornadas longas, rotinas exaustivas, desequil�brio nos repousos e aus�ncia de di�logo entre gestores e colaboradores pode provocar problemas de sa�de mental, al�m de impactar na produtividade. O emocional � uma dimens�o basilar, pois influencia profundamente na motiva��o, produtividade, nas rela��es e no ambiente de trabalho.” Ela explica que o estresse, t�o alardeado, em si n�o constitui uma doen�a. Na verdade, ele � um fator que causa doen�as.
Beatriz Moura chama a aten��o sobre a maneira da chefia lidar com o profissional: “Come�a pelo fato de encarar a situa��o com normalidade. O gestor precisa conhecer o profissional que est� sob sua supervis�o e entender que cada um � um ser humano antes de ser um profissional. Quando o colaborador avisa sobre o problema e mant�m um di�logo aberto, a empatia deve existir de ambos os lados. N�o � dif�cil achar empresas que investem em programas de atividade f�sica e de relaxamento para seus funcion�rios. Entretanto, n�o adianta investir nessas propostas se n�o evitar desgastes corriqueiros como em ambientes com falta de transpar�ncia, press�es desnecess�rias, situa��es de ass�dio, humilha��o ou relacionamentos desgastados. Essas situa��es di�rias podem desencadear problemas mais s�rios. A preocupa��o dos profissionais com fatores externos tamb�m deve ser respeitado e levada em conta”.

PRESS�O EXAGERADA DOS GESTORES
Beatriz Moura alerta que, diagnosticadas, as doen�as de sa�de mental devem ser tratadas. Elas s�o um alerta para an�lise do ambiente de trabalho. “Quando o empregador disponibiliza apoio psicol�gico ser� poss�vel lidar com a situa��o e, tamb�m, identificar se existe toxicidade dentro da organiza��o. Nesse ponto, podemos destacar que fazer terapia � algo normal, pois ir ao psic�logo � como ir a qualquer outra �rea da sa�de. Um sinal vermelho seria, por exemplo, a falta de respeito ou a press�o exagerada feita pelos gestores. No momento de cobrar resultados, expor o colaborador com coment�rios depreciativos, cr�ticas n�o construtivas e compara��es. Esse tipo de comportamento pode prejudicar o trabalho em equipe e provoca mal-estar.”
Por isso, � preciso que o empregador procure manter um ambiente saud�vel para o colaborador. Para isso, � necess�rio que ele cuide da sa�de dos funcion�rios, atitude que retrata a preocupa��o do gestor com seus comandados, com se dissessem que desejam que eles se sintam bem e cres�am com a empresa, como profissionais e como pessoas. “O conceito de ambiente do trabalho n�o se resume simplesmente ao posto ou local de trabalho em si, mas, tamb�m, a tudo o que o cerca. A sa�de emocional � uma dimens�o basilar, pois influencia profundamente na motiva��o e produtividade dos colaboradores e nas rela��es e no ambiente de trabalho. Por isso a preven��o e o autoconhecimento se apresentam como os melhores caminhos para uma boa sa�de f�sica e emocional”, destaca Beatriz Moura.Um ambiente de trabalho caracterizado por extrema press�o, jornadas longas, rotinas exaustivas, desequil�brio nos repousos e aus�ncia de di�logo entre gestores e colaboradores pode provocar problemas de sa�de mental, al�m de impactar na produtividade
Beatriz Moura, psic�loga especialista em sa�de mental pela UFRJ
Para a psic�loga, existe hoje a possibilidade de obter o Programa Mental para Empresa, com uma metodologia objetiva e din�mica capaz de avaliar os diferentes problemas de sa�de mental nas empresas, auxiliando o seu manejo e a sua preven��o, por meio de t�cnicas de acordo com a necessidade da empresa e de acordo com as prioridades da �rea.
BEM-ESTAR A LONGO PRAZO
Para Armelle Champetier, CEO Yogist, � importante que o empregador promova o bem-estar de seus funcion�rios: “A quest�o do bem-estar no ambiente de trabalho tem de fazer parte de uma pol�tica integrada da organiza��o. Deve primeiro responder a uma necessidade dos colaboradores, atrav�s de uma consulta pr�via das expectativas. Podemos ter, por exemplo, uma empresa bem-intencionada que prop�e uma solu��o de academia in-company quando, na verdade, os colaboradores querem mais flexibilidade nos hor�rios de trabalho e uma pol�tica de home-office”.
Num segundo passo, alerta Armelle Champetier, as a��es devem se inscrever a longo prazo, e n�o serem apenas a��es pontuais para fazer uma comunica��o bonita e, que no final das contas, n�o tem impacto real no bem-estar. “Essas a��es no longo prazo devem ser acompanhadas por uma equipe dedicada e com uma verba dedicada. Objetivos e a��es corretivas fazem parte desse processo, como seria o caso em qualquer outro projeto da empresa.”
IOGA CORPORATIVA NA CADEIRA
Com o seu m�todo �nico de ioga na cadeira, Yogist � especialista na pr�tica corporativa para melhorar a qualidade de vida no trabalho, Armelle Champetier explica que “o objetivo da pr�tica, num ambiente corporativo, � de combater o estresse e ter uma a��o de preven��o dos dist�rbios osteomusculares. Isso se traduz, sim, por um relaxamento do corpo e da mente, e um aumento da produtividade. Um profissional que sabe dominar o seu n�vel de estresse, por meio das t�cnicas de respira��o da ioga, com certeza ter� trocas de maior qualidade com os seus colaboradores, gestores, clientes e fornecedores”. Conforme a CEO da empresa, o profissional tomar� decis�es baseadas em fatores racionais e menos emocionais. “Um profissional que n�o sofre de lombalgia cr�nica tem uma boa qualidade de sono e com certeza demonstrar� uma produtividade mais alta no trabalho. A pr�tica da ioga na empresa mexe com bem-estar e produtividade dos conceitos interdependentes.”
Armelle Champetier enfatiza que o bem-estar no ambiente de trabalho pode se traduzir de v�rias formas. “Hoje, muitas organiza��es oferecem um espa�o para relaxar ou para ter uma conversa descontra�da com os colegas. Sem d�vida, o fato da empresa ter um espa�o dedicado demonstra que valoriza a quest�o do bem-estar e investiu nesse sentido. Por�m, a quest�o do bem-estar se trata mais de uma evolu��o de cultura do que de um lugar f�sico: sem o engajamento dos l�deres e comunica��o adequada, o lugar pode muito bem ficar vazio e cair no esquecimento.”
A CEO da Yogist avisa que existem v�rias outras formas de promover o bem-estar no pr�prio espa�o de trabalho: a pr�tica de ioga corporativo � uma e existem tamb�m programas de massagem na pr�pria mesa, distribui��o de frutas, cadeiras e mesas ergon�micas para melhorar a postura, ado��o de uma pol�tica vestimentar mais “casual”, pol�tica de home-office etc.
PARCERIA ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR
Para as organiza��es que ainda n�o adotaram tal pr�tica, Armelle Champetier diz que o primeiro passo � entender qual � a expectativa dos colaboradores da organiza��o, para depois conseguir priorizar os projetos e atender �s expectativas da melhor forma poss�vel. “Pesquisar o que se pratica em outras organiza��es pode ser interessante. E existem muitas informa��es dispon�veis em rela��o � pol�tica de qualidade de vida nas empresas. No caso de organiza��es pequenas e com pouca verba para esse tipo de a��o, tem a possibilidade de pedir uma participa��o financeira aos colaboradores. Para cada a��o implementada, deve se definir os respons�veis por acompanhar, definir objetivos, a forma de medir os resultados e garantir que a lideran�a da organiza��o esteja sensibilizada e seja patrocinadora do projeto. E que n�o tenha medo de experimentar pr�ticas diferentes e de parar uma a��o que n�o deu certo.”
E cabe ao profissional, alerta Armelle Champetier, cobrar. “Promovido por uma pessoa externa ou por um profissional da empresa, � preciso encontrar um 'patrocinador' da ideia: algu�m que seja convencido pela iniciativa, com um poder de decis�o interno, e que vai ajudar o profissional a promover o projeto at� conseguir aprov�-lo, junto com o departamento de RH. Se conseguir juntar mais pessoas ainda atr�s da demanda, mostrando que existe uma verdadeira necessidade coletiva por tr�s desse pedido, com certeza a proposta ter� mais peso. Al�m disso, os decisores v�o ser sens�veis n�o apenas aos benef�cios para o colaborador, mas tamb�m � organiza��o. Se puder trazer argumentos sobre efeitos na produtividade ou no absente�smo, casos de outras organiza��es onde as a��es foram bem-sucedidas, a possibilidade de ocorrer � maior ainda.”