Plano B: livro traz relatos de 31 profissionais que mudaram suas carreiras

 

Toda mudan�a gera medo, receio ansiedade. E em toda mudan�a h� aspectos positivos e negativos, ganhos e perdas. O segredo de quem decide apostar na transi��o de carreira e investir no famoso plano B � saber que ter� de abrir m�o de algumas coisas para ter outras.

A seguran�a de um emprego fixo e um registro em carteira j� n�o s�o t�o mandat�rios para a realiza��o profissional. Alterar o caminho do direciomento da carreira tem sido tend�ncia muito antes da pandemia, a qual s� acelerou ainda mais a tomada de decis�o. 

Mudan�a na vida profissional inspirada em novos valores � o tema central do livro Meu Plano B, colet�nea em que 31 autores compartilham como esta virada ocorreu em suas vidas e em que ponto est�o. Editado pela Reality books da jornalista e escritora Silvia Regina Angerami, com a coordena��o editorial das tamb�m jornalistas Monica Miglio Pedrosa e Silvia Prevideli, o livro foi lan�ado neste m�s de maio. 

A capa conta com a ilustra��o Flying Carpet de Alex Flemming, artista brasileiro que mora na Alemanha desde 1995.

A obra revela diferentes caminhos para sair do plano A e assumir o plano B — uma guinada de 180 graus, a troca do 'regime de contrata��o' e a multicarreira. Muitos autores pediram demiss�o, outros foram demitidos e encararam como oportunidade, alguns se planejaram, outros fizeram no impulso.

S�o muitos relatos que somam diversidade e ao mesmo tempo t�m tra�os em comum, como abrir m�o da zona de conforto, mudar de pa�s, cuidar das doen�as – incluindo depress�o e s�ndrome de Burnout –, superar perdas, dar voz a desejos internos como trabalhar com algo que mude a sociedade, aposentar o crach� e realizar a vontade de empreender. 

“O 'Meu Plano B' foi pensado para falar de vida profissional, mas os relatos trouxeram naturalmente o que cada autor precisou ajustar em sua vida pessoal para realizar sonhos ou mesmo atender os sinais do corpo e da mente”, explica Silvia Prevideli.

O livro, que conta com 174 p�ginas, foi dividido em tr�s partes. A primeira relata hist�rias de pessoas que tiveram coragem de mudar completamente. Na segunda parte, h� depoimentos daqueles que diversificaram e reinventaram a forma de atuar em suas profiss�es. E a terceira re�ne profissionais que n�o se contentam com apenas um plano B e continuam inovando.

 

Silvia Angerami, fundadora da Reality Books, editora e uma das idealizadoras do livro, destaca que, "para que a gente consiga p�r em pr�tica o chamado plano B, a minha dica � que voc� treine o seu olhar para enxergar al�m do que os olhos podem ver. Ou seja, abandone os clich�s - aprenda a curtir as segundas-feiras como o primeiro dia da semana cheio de novas oportunidades e possibilidades. Pare de achar que s� os dias de ver�o s�o bons. Encontre a beleza em todos os dias, mesmo nos nublados e chuvosos. Dessa forma, quando voc� olhar para dentro de voc�, saber� identificar as suas verdadeiras motiva��es. Independentemente do que os outros pensam ou deixam de pensar."

Para Silvia Angerami, � importante se libertar da obriga��o de contentar os outros. "No livro Meu Plano B, h� exemplos de pessoas que escolheram a primeira carreira com base na expectativa dos outros. Mas isso nunca d� certo. Mais cedo ou mais tarde, o impulso de mudan�a se torna inevit�vel, inadi�vel. Ou � o pr�prio corpo que 'grita' por meio de um Burnout ou outro tipo de doen�a ou desconforto."

Portanto, o autoconhecimento � a chave para que voc� encontre o seu Plano B (ou seja encontrado por ele). E � claro que tamb�m � preciso coragem. "Coragem para mudar, para pensar fora da caixa, para 'ouvir' a sua intui��o. Mas isso n�o � tao dif�cil de conseguir. A ideia do nosso livro � justamente inspirar aqueles que desejam mudar, mas n�o sabem por onde come�ar. Que tal come�ar lendo o livro?"

J� Renata Feldman, psic�loga e escritora, que fez o pref�cio do livro, enfatiza que "com o cora��o configurado no modo coragem – que '� o que a vida quer da gente', j� dizia nosso querido Guimar�es Rosa –, cada um desses 31 autores transformou indaga��o em a��o, partindo para a busca e a realiza��o de novos caminhos. Eles descobriram que, mais importante do que fazer, � o como fazer. E acima de tudo fazer sentido".

 

Um exemplo bacana de mundan�a � da mineira Magda Velloso Fernandes de Tolentino, belo-horizontina da gema, de 82 anos, foi contadora antes de se firmar como professora de ingl�s, carreira na qual se aposentou, dando aulas na UFMG e UFSJ. Ela tamb�m d� seu depoimento no livro sobre o plano B. Hoje se dedica � escrita.

"Fazer parte da colet�nea Meu Plano B foi de grande valia para mim nesta etapa da vida, em que, j� aposentada e empreendendo novos planos para a vida que ainda tenho para viver. O texto que escrevi serviu para que eu fizesse nova avalia��o da carreira a que me dediquei grande parte da minha vida adulta. Na verdade, s� relatei minha mudan�a de carreira oficial, de contadora a professora de ingl�s e suas literaturas, sem me referir �s diversas tentativas feitas no meio do caminho em outras empreitadas."



Magda Velloso Fernandes de Tolentino conta que, na avalia��o que fez, pode reiterar sua satisfa��o em ter encontrado o caminho adequado na profiss�o para a qual sempre sentiu que estava sendo impulsionada desde tenra idade.

"O magist�rio nos cursos fundamental e m�dio me trouxe a alegria de introduzir uma segunda l�ngua a alunos que, de outra forma, n�o teriam acesso a ela; no n�vel superior, principalmente, al�m da alegria de dividir minhas horas �teis com alunos �vidos de conhecimento como s�o em geral os das universidades p�blicas, me trouxe a satisfa��o de ajudar a formar os futuros professores das escolas p�blicas, dando a eles a dimens�o do buraco que temos no Brasil nas quest�es da educa��o formal. Hoje sou uma aposentada (contra meu desejo) realizada com o trabalho que exerci como professora de universidades p�blicas. Se n�o fosse meu esfor�o no desenvolvimento desta nova carreira, acredito que n�o estaria t�o satisfeita com o �xito obtido."

 

TR�S MODALIDADES DE LIDAR COM O PLANO B 

Diante de experi�ncia diferentes de encarar o plano B, tr�s personagens responderam �s mesmas perguntas para que todos tenham uma vis�o ampla de perspectivas distintas. Todo aprendizado vale a pena e compartilh�-lo ajuda muitos que est�o no processo de mudan�a, pensam em dar uma reviravolta na carreira ou est�o temerosos, com medo, n�o sabem como come�ar. 

Nome: Cristina Goellner 

Profiss�o: cirurgi�-dentista, fundadora da Syntonie Consultoria e Gest�o em Sa�de

Perfil: � cirurgi�-dentista de forma��o, trilhou carreira executiva no segmento financeiro. Fez MBA em gest�o empresarial e media��o de conflitos corporativos pela FGV, onde deu aula na p�s-gradua��o em administra��o. Em 2009, criou a Syntonie para assessorar profissionais da sa�de na gest�o de suas carreiras e neg�cios. Coordenou trabalho assistencial volunt�rio para gestantes e adolescentes carentes. Tem tr�s filhos, dois cachorros e muitas orqu�deas.  Ela era cirurgi�-dentista, trilhou carreira executiva no mercado financeiro e como plano B, que agora � seu plano A, abriu a Syntonie - uma consultoria para assessorar profissionais na �rea da sa�de, pq era queria voltar para a �rea da sa�de, mas n�o como dentista. 

 

Largar uma carreira para abra�ar um plano B sem um m�nimo de planejamento � para aqueles que gostam de viver perigosamente. � dif�cil sinalizar o lado bom desta op��o, pois at� a consolida��o do que � esperado do plano B, muito dinheiro, tempo e disposi��o ser�o gastos sem resultados efetivos. Um bom planejamento auxilia a medir os esfor�os da empreitada e sinaliza o norte a seguir. Ao longo do caminho podem surgir surpresas e ajustes serem necess�rios, mas o objetivo bem definido n�o deixa as a��es se perderem e facilita a an�lise do que, eventualmente, precisa ser mudado.

Acho interessante, antes de qualquer decis�o intempestiva, buscar uma orienta��o profissional para avalia��o de perfil e discuss�o de habilidades versus oportunidades de mercado. Na maturidade h� grande possibilidade da pessoa se dedicar aos sonhos que foram deixados de lado no in�cio da vida produtiva, quando a prioridade era a constru��o de patrim�nio e o cumprimento das obriga��es familiares. Muitos profissionais maduros, neste momento, agregam seu aprendizado e suas experi�ncias ao longo da vida na realiza��o destes sonhos, colocados em segundo plano. Pessoalmente, fiz uma mentoria com um orientador de carreira que me ajudou muito a avaliar minhas potencialidades, compet�ncias e, tamb�m, minhas fragilidades. Foi fundamental no melhor direcionamento das minhas a��es na consolida��o do que eu sonhava realizar.

Na minha opini�o, vale uma reflex�o sobre quais temas fazem “brilhar os olhos” e despertam a imagina��o. Fazer cursos, ouvir palestras, conversar com outras pessoas podem ser caminhos que ampliar�o a vis�o sobre as possibilidades a serem desenvolvidas.

O importante � sempre estar aberto �s oportunidades que possam aparecer, estamos num momento de grandes transforma��es e novas formas de trabalho est�o sendo descobertas. N�o limitar o pensamento e nem criar as pr�prias barreiras s�o bons pontos de partida.

N�o � imposs�vel criar neg�cios sem estar nas m�dias, mas com certeza, ser� mais dif�cil alavancar qualquer solu��o. Por tr�s de qualquer neg�cio, est�o pessoas e, na atualidade, a proximidade e o conhecer quem est� por tr�s dos “balc�o” � muito importante. N�o � necess�rio estar em todas as m�dias, nem de todas as formas, mas tamb�m a� � importante o autoconhecimento para avaliar aquilo que tem mais sentido e est� alinhado como o jeito de ser daquele profissional. As redes pedem conte�dos s�rios, �ntegros e postagens regulares. Eu, por exemplo, durante a pandemia criei um canal no YouTube e tamb�m acabei de lan�ar um podcast. 

 

Nome: Juliano Frade 

Profiss�o: aministrador de empresas, gerente de marketing na J&J e s�cio-fundador da SBN. 

Perfil: � executivo de vendas e marketing com 22 anos de experi�ncia nas �reas de servi�os e sa�de. Como s�cio-fundador da SBN, ajuda organiza��es a alcan�arem clareza em sua identidade, criando solu��es que resolvam problemas complexos para inspirar a��es e gerar impacto positivo na sociedade. Ele continua trabalhando no emprego dele como gerente de marketing e tem o plano B, como s�cio-fundador da associa��o SBN.

O lado ruim de largar uma carreira sem plano B � ficar sem trabalho por um tempo at� conseguir uma nova oportunidade correndo o risco de atuar numa �rea indesejada apenas por uma motiva��o financeira, mas se a pessoa conseguir juntar reservas poderia at� se dar de presente um per�odo sab�tico para conhecer novas culturas, realizar cursos e ter novas experi�ncias de vida enquanto planeja seu pr�ximo passo. N�o ter um plano B � muito comum e muita gente ainda � surpreendida quando perde emprego ou n�o percebe mudan�as do mercado. Estar atento �s oportunidades e �s mudan�as de cen�rio econ�micas e pol�ticas � essencial.

� preciso conhecer suas motiva��es de vida, aquilo que te faz seguir em frente todos os dias, � um exerc�cio de autoconhecimento, de entendimento de prop�sito, valores e vis�o de mundo. A vida � cheia de escolhas e momentos de enfado, des�nimo s�o sinais que algo precisar mudar e um ciclo precisa ser fechado para um novo ciclo de motiva��o possa ser iniciado. Penso que nunca � tarde para aprender algo novo e partir em uma nova jornada quando se tem um prop�sito claro de vida. Fazer escolhas sem sentido n�o te levar� a lugar nenhum. N�o h� receita m�gica, mas qualquer profissional precisa estar preparado para momentos de recome�o e novas rotas. Isso geralmente acontece quando o seu conhecimento acumulado e oportunidade de trabalho se encontram em um determinado espa�o de tempo. Ningu�m vai te ajudar a encontrar seu plano B. Somos n�s mesmos que temos que ir atr�s dele, mas � sempre bom aprender com as experi�ncias dos outros, sejam elas positivas e negativas, portanto, conecte-se com pessoas, tenha empatia e aprenda com elas.

Prepare-se,aprenda ler os cen�rios do mercado, veja os segmentos com maiores oportunidades e se eles t�m a ver com voc�. Empreender � sempre uma op��o, pode ser por necessidade ou oportunidade, mas sempre quem chega mais longe � que trabalha por um bem maior e n�o apenas pensando no dinheiro. Redescobrir um outro of�cio tamb�m vem do aprendizado sobre voc�, o autoconhecimento te ajudar� a entender as escolhas que v�o preencher o vazio existencial e a insatisfa��o com seu trabalho atual. O importante � fazer, testar e aprender.

Sem d�vida, nesse mundo que muda o tempo todo, ter o plano B te ajuda em caso de eventualidades n�o previstas. O melhor momento para pensar no seu plano B � quando estamos bem na carreira. Muitos planos B podem ser feitos em paralelo ao seu plano A e assim diversificar sua carreira e at� novas formas de renda. Satisfeito ou n�o, monte um banco de ideias e trabalhe aquelas que entenda ser o mais vi�vel para seu momento de vida e fa�a-as. Uma ideia n�o vale nada se n�o for implementada e testada.

Claro que sim. Seu plano B pode ser viver da pesca, montar uma ONG, ser educador infantil, fisioterapeuta, ou ter uma loja de artesanato, muita coisa � off-line, mas n�o d� para ignorar que mesmo esses neg�cios podem se beneficiar com a transforma��o digital que estamos vivendo, seja para aumentar sua audi�ncia, comprar ou vender pela rede, diminuir seus custos de comunica��o, construir uma rede de confian�a, recrutar pessoas, e facilitar os meios de pagamento junto a seus clientes. Mas, se quiser estar na rede � importante ser consistente, verdadeiro e transparente e se comunicar com seu p�blico da forma adequada e frequente para formar uma marca pessoal atraente. Fique tranquilo que todo conte�do tem sua audi�ncia � s� encontrar o canal correto para se comunicar e aprender com o processo.

Nome: Priscilla Tavollassi 

Profiss�o: jornalista e psicanalista integrativa

Perfil: � jornalista p�s-graduada em comunica��o empresarial, com experi�ncia de 23 anos na �rea. Atua como terapeuta h� 10. � psicanalista integrativa, numer�loga, tar�loga, consteladora familiar, hipnoterapeuta, especialista em metaf�sica da sa�de, al�m de palestrante, professora, atriz e escritora. Ama a vida, adora ajudar as pessoas e � apaixonada por borboletas, s�mbolo da transforma��o e do logotipo do seu plano B, que se tornou A. Ela transformou o plano B (terapeuta) em seu plano A (assessora de imprensa) e o plano A em seu plano B.

O lado ruim � que muitas vezes o plano B n�o tem sal�rio fixo, n�o tem estabilidade e isso muitas vezes pode trazer inseguran�a. Mas, n�o vejo como loucura n�o. Muito pelo contr�rio. Acredito que � um ato de coragem para olhar outras perspectivas e seguir em frente. O plano B pode surgir como uma forma de ganhar um dinheiro extra ou de ter mais qualidade de vida e realiza��o. Tudo � v�lido, desde que voc� se organize e goste de fazer o que est� se propondo.  

Sem d�vida, o autoconhecimento � a chave para qualquer plano na vida. Quando voc� se conhece descobre o que te faz bem e o que traz realiza��o. No meu caso, por exemplo, m�o tive a sensa��o de que meu plano A n�o me realizava mais. A quest�o � que sempre tive um plano B na vida, inclusive cito isso no livro. E h� 10 anos fui em busca de autoconhecimento e descobri que podia ajudar as pessoas e me encantei com isso. Comecei a me aperfei�oar e atuar como terapeuta nas horas vagas, at� que quando veio a pandemia e fui desligada do meu plano A, meu plano B estava pronto e, ent�o, fiz a transi��o de modo muito tranquila. Acredito que paci�ncia, perseveran�a, resili�ncia e muita dedica��o precisam fazer parte desse processo.

Como disse acima, o autoconhecimento e intui��o s�o primordiais para esse processo. N�o adianta voc� pensar no que d� dinheiro, porque isso sustentar� por muito tempo. � necess�rio fazer o que  realmente ama, gosta, se sente bem e a renda ser� uma consequ�ncia muito positiva. Um aconselhamento em terapia ou coaching s�o maneiras de entender o que realmente est� acontecendo com voc� e fazer se descobrir para algo novo, de acordo com as habilidades.

Acredito que sim. Eu sempre tive um plano B na vida, porque ter a possibilidade de ter uma renda extra sempre me deu mais seguran�a, at� porque nunca fui registrada, sempre trabalhei no regime pessoa j�ridica (PJ) e, por isso, ter um plano B foi fundamental durante a pandemia, sem d�vida. Al�m disso, o plano B pode ser uma divers�o, algo gostoso que voc� ganha dinheiro, mas tamb�m se realiza, o que tira um pouco a carga desse plano A dif�cil e at� te ajuda a permanecer nele.

Realmente o mundo 4.0 est� em alta e h� muitas oportunidades no mercado para isso e penso que � um mundo sem volta. Temos que entender que a tecnologia veio para ficar e precisa ser uma aliada para voc� conseguir ampliar os neg�cios. Por�m, acredito que voc� possa sim ter planos B sem se expor tanto, mas a tecnologia estar� presente de qualquer modo. N�s, autores, fizemos o lan�amento do livro on-line, estamos vendendo on-line, ent�o acredito que a comunica��o virtual � uma aliada, mas voc� n�o precisa se expor tanto. Pode haver o meio termo, at� porque a indica��o e o boca a boca ainda s�o forma eficazes de divulga��o.