(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MERCADO DE TRABALHO

Para 56%, pa�s tem poucas mulheres em cargos de chefia, segundo Datafolha

Dist�ncia de oportunidades entre homens e mulheres e entre pessoas brancas e negras no pa�s tem sido demonstrada de diversas formas


01/05/2023 19:59 - atualizado 01/05/2023 21:29
567

Rachel Maia, CEO da Lacoste, durante baile da revista Vogue no hotel Unique.
Rachel Maia, CEO da Lacoste, durante baile da revista Vogue no hotel Unique. (foto: Greg Salibian/Folhapress)
"J� me disseram 'o trabalho foi muito bem executado, nem parece de uma mulher', como se fosse um elogio." "Perdi a conta do n�mero de vezes que me olharam atravessado por ocupar um espa�o onde predominava o padr�o de pessoas brancas."

Quem conta � a executiva Rachel Maia, que comandou a Lacoste e a Pandora, em seu livro "Meu Caminho at� a Cadeira N�mero 1" (ed. Globo; 248 p�gs; R$ 34,99).

Mulher, negra e de origem simples, ela narra o desafio m�ltiplo que precisou superar para dividir mesas de reuni�o ocupadas majoritariamente por homens brancos.

Trajet�rias como a dela s�o exce��o, mas o inc�modo com a falta de representatividade de mulheres e pessoas negras em cargos executivos de comando n�o �.

 

Segundo o Datafolha, para 56% dos brasileiros, o n�mero de mulheres hoje em cargos de chefia nas empresas � menor do que deveria e 60% dizem crer que h� menos pessoas negras do que seria adequado nessas posi��es de lideran�a. 

A pesquisa foi feita nos dias 29 e 30 de mar�o, com 2.028 pessoas de 126 munic�pios de todo o Brasil. A margem de erro para o total da amostra � de 2 pontos, para mais e para menos.

Dos entrevistados, 25% dizem considerar adequado o n�mero de mulheres ocupando cargos de chefia e somente 17% responderam que esse n�mero � maior do que deveria.

Tamb�m 24% afirmam que o n�mero de pessoas negras em postos de lideran�a nas empresas � adequado e 12% consideram que � maior do que deveria.

O desconforto com a baixa representatividade feminina no topo das empresas � elevado entre os que t�m de 16 a 24 anos (61%), ensino superior (66%) e s�o estudantes (69%).

J� os que demonstram insatisfa��o com o baixo n�mero de pessoas negras na chefia � alto entre as mulheres (64%) e os que t�m o PT como partido de prefer�ncia (64%).

A dist�ncia de oportunidades entre homens e mulheres e entre pessoas brancas e negras no pa�s tem sido demonstrada de diversas formas.

Em 2021, um estudo do Made/USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de S�o Paulo) apontava que os 705 mil homens brancos que fazem parte do 1% mais rico do pa�s e representam 0,56% da popula��o adulta t�m 15,3% de toda a renda, uma fatia maior do que a de todas as mulheres negras adultas juntas.

Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios) Cont�nua, do IBGE, em 2022, 19,7% das mulheres negras ocupadas estavam no setor de educa��o, sa�de humana e servi�os sociais; no com�rcio, 19,2%; em servi�os dom�sticos, de 16,4%.

Entre os homens ocupados negros, 19,5% estavam no com�rcio; no setor de constru��o, 14,8%; na ind�stria, 14,4%; na agricultura, pecu�ria, produ��o florestal, pesca e aquicultura, 14,1%.

Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos), trabalhadoras negras receberam em 2022 46,3% do rendimento m�dio obtido por homens brancos. Para o homem negro, essa propor��o foi de 58,8%.

No ano passado, a edi��o mais recente do Ifer (�ndice Folha de Equil�brio Racial) apontou que o Brasil deve levar quase 116 anos para que pretos e pardos tenham acesso �s mesmas oportunidades que os brancos.

De acordo com dados de 2016 do Instituto Ethos, as mulheres representam 13,6% do quadro executivo e as pessoas negras s�o 4,7% desse grupo nas 500 maiores empresas do Brasil.

Representatividade na pol�tica tamb�m � insuficiente, aponta Datafolha

O Datafolha tamb�m perguntou como os brasileiros consideravam o espa�o ocupado pelas mulheres e pelas pessoas negras em cargos pol�ticos.

O espa�o ocupado pelas mulheres na pol�tica tamb�m � considerado insuficiente: 57% dizem que ele � menor do que deveria, 26% que � adequado e 15% que � maior.

Entre as mulheres, a percep��o de representatividade insuficiente � de 60% (ante 54% entre homens), de 64% entre os mais jovens (de 16 a 24 anos) e de 60% entre eleitores do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (entre os de Jair Bolsonaro, � de 54%).

Sobre a presen�a na pol�tica de pessoas negras, os resultados s�o semelhantes: est� abaixo do adequado para 60%, suficiente para 24% e est� acima para 13%.

As candidaturas femininas bateram recorde em 2022, com 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital. As mulheres representam 53% do eleitorado do pa�s, o que corresponde a 82 milh�es de votantes, segundo a Ag�ncia Senado.

Em 2009, a legisla��o assegurou o percentual m�nimo de 30% e m�ximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Al�m disso, destina pelo menos 30% dos recursos do Fundo Partid�rio e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, bem como do tempo de propaganda eleitoral gratuita no r�dio e na TV.

Um obst�culo, no entanto, para a amplia��o da participa��o feminina na pol�tica tem sido a ocorr�ncia de candidaturas "laranjas", apenas para cumprir as cotas.

Para Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos, enquanto a participa��o de mulheres e pessoas negras na pol�tica � mais f�cil de ser aferida, � mais dif�cil medir esse desequil�brio nas empresas privadas.

"Na pol�tica, as regras existem e � preciso evitar fraudes. Mas poucas empresas t�m centros internos de diversidade e pol�ticas constru�das com metodologia correta de autodeclara��o. Pesquisas que fizemos tamb�m apontam que a percep��o que os gestores t�m da diversidade no comando de suas empresas � mais otimista do que a realidade."

Ele acrescenta que a representatividade feminina e de pessoas negras nas empresas e em posi��es pol�ticas deveria refletir a realidade da popula��o brasileira. "Deveria ser a representa��o percentual da demografia, da fatia de mulheres e das pessoas negras que temos no mercado de trabalho."

Al�m das cotas e da pol�tica de equipara��o salarial entre homens e mulheres --tamb�m proposta pelo governo--, os especialistas refor�am a necessidade de criar lideran�as locais para ocupar espa�os nas empresas e no Estado.

"A equidade racial e de g�nero tamb�m � importante, porque a popula��o n�o se v� representada nas institui��es", diz Clarissa Malinverni, do Movimento Pessoas � Frente, de discuss�o e elabora��o de pol�ticas p�blicas.

Como exemplo de pol�ticas p�blicas que podem ajudar a reverter essa percep��o, ela cita um decreto assinado pelo presidente Lula em mar�o, que estabelece cota para pessoas negras em, no m�nimo, 30% dos cargos comissionados e de confian�a no governo federal.

Apesar de ver avan�os recentes nas pol�ticas p�blicas, ela refor�a a import�ncia de estados e munic�pios se comprometerem a adotar medidas afirmativas, que podem servir de exemplos para as empresas. "Tamb�m � preciso aumentar a transpar�ncia nos dados fora da �rbita federal, para entendermos o tamanho do problema."

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)