
Os �nimos estiveram exaltados neste segundo dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que responde pelo assassinato do carcereiro Rog�rio Martins Novelo, ocorrido em maio de 2000. Visivelmente nervoso e chorando v�rias vezes durante a sess�o, o r�u chegou a pedir clem�ncia � ju�za Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o J�ri Popular. J� o advogado �rcio Quaresma, um dos defensores do acusado, chegou a humilhar o pr�prio cliente, sendo repreendido pela magistrada.
O j�ri foi retomado na manh� desta ter�a-feira com o depoimento do delegado Edson Moreira, arrolado como testemunha pela defesa de Bola. Ele respondeu �s perguntas por mais de tr�s horas. Houve o intervalo para o almo�o e a sess�o recome�ou � tarde com o depoimento de outras duas testemunhas de defesa, um carceireiro colega da v�tima assassinada e o sargento da Pol�cia Militar que assinou o Boletim de Ocorr�ncia do homic�dio.
Conclu�das as oitivas das testemunhas, chegou a vez de Bola ser ouvido. Antes disso, o r�u, que em v�rios momentos chorou e chegou a passar mal, tendo de interromper a sess�o por cerca de dez minutos, enviou um bilhete � ju�za Marixa, pedindo clem�ncia e afirmando ser inocente. Ao interrog�-lo, a magistrada perguntou se ele cometeu o crime. De imediato ele respondeu “jamais excel�ncia”, e afirmou que � v�tima do delegado Edson Moreira.
Bola contou a hist�ria sobre o envolvimento com Moreira. Eles se conheceram na d�cada de 90, dentro da Academia da Pol�cia Civil e afirmou que l� surgiu uma grande desaven�a entre eles. Segundo o ex-policial, Edson dizia ter sido integrante da Rotam, quando integrava a Pol�cia Militar em S�o Paulo. Por chacota, Bola disse que ele deveria ter feito parte da cavalaria da PM. A brincadeira, segundo ele, resultou numa briga sem tr�gua.
O ex-policial afirmou que o delegado, que chefiava o Departamento de Investiga��o em BH, lhe garantiu que “todo cachorro morto rolando morro a baixo seria jogado nas minhas costas”. Isso significaria que todo corpo de v�tima assassinada cuja autoria n�o fosse identificada o crime seria atribu�do a ele pelo delegado.
A promotoria come�ou a questionar Bola a respeito dessa desaven�a entre os ex-colegas de corpora��o e fazer outras perguntas relacionadas ao pr�prio depoimento do r�u, o que a defesa protestou, dizendo que a acusa��o queria fazer o acusado cair em contradi��o. Bola respondia prontamente as perguntas quando �rcio Quaresma se alterou, agredindo-o verbalmente.
“Voc� tem problemas de audi��o ou cerebrais? J� disse mais de dez vezes que n�o � pra responder nada, nada, sem que as pe�as dos autos sejam lidas”, bradou o defensor. Houve intensa discuss�o entre o advogado, a acusa��o e o r�u, at� que a ju�za Marixa interviesse. Ela repreendeu Quaresma, ordenando que ele se contivesse e criticando a postura dele por humilhar o pr�prio cliente.
Ao longo desta noite Bola continuar� sendo ouvido. Terminado o debate entre defesa e acusa��o, a ju�za conduzir� o t�rmino do julgamento, quando os sete jurados sorteados para compor o j�ri votarem pela absolvi��o ou condena��o do ex-policial. A expectativa � que termine no come�o da madrugada desta quarta-feira.
Defesa otimista
Para o advogado �rcio Quaresma, Bola j� est� condenado. O defensor afirmou que a postura de Bola diante do j�ri, ignorando as orienta��es dos advogados, atrapalha a defesa dele. Al�m disso, ele considera que devido ao caso da modelo Eliza Samudio, cuja execu��o � atribu�da ao ex-policial, a sociedade o considera um assassino e j� o condenou pelos crimes aos quais responde.
J� o advogado Zanone Emanuel, que tamb�m defende Bola neste processo, acredita que s�o grandes as chances de absolvi��o. O principal argumento da defesa � relacionado � maior habilidade de Bola: atirar. O ex-policial � atirador de elite, e chegou a treinar outros atiradores.
O carceireiro foi morto com um tiro de pistola 765 no peito, disparado, segundo a per�cia, a pouco mais de um metro de dist�ncia. Os advogados insistem na tese de que Bola tem conhecimentos suficientes para saber que uma arma com este calibre tem pouca precis�o e escolheria uma arma 40 ou 380. Al�m disso, argumentam que se ele foi contratado para matar, atiraria na cabe�a, com possibilidade m�nima de errar o alvo, dada sua habilidade.
Pr�via do Caso Bruno
Por v�rias vezes o nome de Eliza Samudio foi citado durante o julgamento. Nos dois dias a ju�za colocou em vota��o entre os jurados se eles queriam que o suposto envolvimento de Bola na morte da ex-amante do goleiro Bruno fosse tratada na sess�o. Os sete foram un�nimes em n�o tratar do assunto e limitar os depoimentos ao crime que est� sendo julgado.
Bruno, Bola e outras tr�s re�s ser�o submetidos ao J�ri Popular pelo desaparecimento e morte de Samudio no pr�ximo dia 19, tamb�m no F�rum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Grande Belo Horizonte.