Churrasco, divers�o, bares,cerveja, encontro de fam�lia, catuaba, paquera, balada, vodka e cacha�a... Todos esses elementos s�o t�o certos ou t�o constantes em um final de semana do mineiro quanto a ressaca depois.

Dor de cabe�a, gosto de “cabo de guarda-chuva” na boca, enjoo, tontura... � uma beleza!
Mas afinal, o que � a ressaca? Implac�vel, ela vem e nos atinge em cheio, provocando a sensa��o universal do “nunca mais vou beber assim!” que dura at�... o pr�ximo fim de semana ou qualquer outra ocasi�o que favore�a a ingest�o (n�o muito moderada) de �lcool.
A ressaca � a combina��o de fatores que incluem a intoxica��o pelo �lcool (e seus desdobramentos) e a desidrata��o prolongada provocada pela ingest�o do �lcool.

Foi ao banheiro pela primeira vez...
O �lcool inibe a libera��o de um horm�nio que atua nos nossos rins. Este horm�nio, ADH, sigla em ingl�s para o horm�nio anti-diur�tico, � respons�vel em manter a �gua no nosso corpo, fazendo com que boa parte da �gua que � filtrada pelos nossos rins seja reabsorvida, resultando na forma��o de uma urina mais concentrada, com menos �gua. Poupar �gua para o organismo � uma estrat�gia fundamental de sobreviv�ncia adotada por todos os seres vivos que habitam a terra firme!
Uma vez que o horm�nio ADH tem sua a��o inibida pela concentra��o (crescente) de �lcool que ingerimos, e somando-se os v�rios copos de cerveja que bebemos, o resultado da matem�tica � simples: as idas ao banheiro aumentam muito e elimina-se mais �gua do que normalmente se ingere - o resultado dessa conta � um d�ficit que ser� sentido a posteriori.
Incans�vel f�gado!
Outro ator nessa importante epopeia et�lica � o nosso f�gado, principal �rg�o respons�vel em metabolizar as subst�ncias t�xicas que s�o lan�adas na corrente sangu�nea. Os hepat�citos, c�lulas do f�gado, s�o ricos em organelas especializadas em promover a quebra do �lcool em subst�ncias menos nocivas � nossa sa�de. Os peroxissomos e os ret�culos endoplasm�ticos lisos disp�em de enzimas como a �lcool desidrogenase que transformam o �lcool em acetalde�do (produto intermedi�rio e muito t�xico). O acetalde�do � o cara que provoca todos os sintomas adversos que fazem com que voc� se sinta um lixo-humano: dor de cabe�a (tamb�m provocada pela desidrata��o), n�useas, �nsia de v�mito, sensibilidade � luz tantos outros - quem j� passou pela experi�ncia sabe bem descrever.
Felizmente, o f�gado produz outra enzima, a alde�do desidrogenase, que transforma o acetalde�do em acetato, produto at�xico e que n�o provoca efeitos negativos no nosso organismo.

Curiosidade: na popula��o em geral h� uma parcela de indiv�duos que produzem menos a enzima alde�do desidrogenase (sobretudo mulheres) . Isso faz com que os efeitos negativos da ressaca sejam prolongados para essas pessoas, o que as torna menos propensas ao alcoolismo, j� que essa defici�ncia funcionaria como um mecanismo fisiol�gico punitivo. E ningu�m gosta de ser punido, certo?
At� que todo o �lcool ingerido seja eliminado a partir dos processos mencionados acima, o seu organismo trabalha duro, podendo gerar, em casos de abuso, os sintomas t�o indesejados.
No final, as recomenda��es (j� muito conhecidas e pouco praticadas) s�o: evitar o excesso e hidratar-se o m�ximo poss�vel! Se n�o conseguir, boa ressaca e que venha 2016!
�ngelo Bagni e Pagy s�o professores de Biologia do Percurso Pr�-vestibular e Enem.
