Conhe�a a hist�ria do "padre comunista que executou" Leonel Brizola

Leonel Brizola (1922-2004) voltou do ex�lio no dia 6 de setembro de 1979. Desceu em Foz do Igua�u, no Paran�, e na manh� seguinte foi para S�o Borja, no Rio Grande do Sul, onde visitou os t�mulos do seu padrinho de casamento, o ex-presidente Get�lio Vargas, e de seu cunhado, o tamb�m ex-presidente Jo�o Goulart. Quando Brizola chegou a Porto Alegre, dias depois, viu um impresso soturno: o convite para seu pr�prio enterro. Em 1983, Brizola assumiria o governo do Rio de Janeiro pela primeira vez, sem saber que seu futuro por muito pouco n�o foi interrompido no in�cio dos anos 80.

"Eu recebi a ordem do coronel Freddie Perdig�o de execut�-lo quando ele sa�sse do apartamento em que morava, em Copacabana", afirma o ex-delegado do Departamento de Ordem Pol�tico Social (DOPS) do Esp�rito Santo, Cl�udio Ant�nio Guerra. O plano, segundo Guerra, deveria implicar a Igreja Cat�lica e os cubanos. A "tese de cobertura", nas palavras dele, era sustentar o assassinato com o argumento de que Brizola havia se apossado de dinheiro enviado por Cuba para fomentar a guerrilha no Brasil e comprado fazendas e gado no Uruguai.

Existe uma lenda entre a esquerda, que era alimentada pelas for�as repressivas, de que Brizola havia ficado com parte do dinheiro que Cuba enviou para as guerrilhas. Por�m, ap�s a derrota da Guerrilha do Capara�, em 1967, Brizola abandonou a estrat�gia dos focos guerrilheiros. Atribuem ao ex-presidente cubano, Fidel Castro, o apelido de "El Rat�n" dado ao pol�tico ga�cho. Por�m, o desvio nunca foi comprovado e Brizola sempre negou a acusa��o.

"Fui vestido de padre e ia execut�-lo com uma pistola .45, pois era a arma preferida dos cubanos", recorda Guerra, que contou essa hist�ria pela primeira vez em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rog�rio Medeiros, no livro Mem�rias de uma guerra suja (Topbooks, 2012). Guerra lembra que chegou � portaria do pr�dio em que Brizola morava e ficou conversando com o porteiro. Esperou por 15 minutos, mas como Brizola n�o desceu e nem saiu da garagem de carro, ele ligou para o coronel Perdig�o, cujo codinome era Doutor Fl�vio, e que foi um dos mais cru�is torturadores do regime militar. "Ele mandou abortar e ir embora", recorda Guerra.

O ex-delegado, que, depois de ser preso acusado de v�rios crimes, se converteu e hoje prega em uma igreja evang�lica, disse que houve um acordo e o plano falhou. "Se ele (Brizola) fosse assassinado causaria uma revolta muito grande. A sociedade civil ficaria revoltada com a esquerda. Tudo que era feito tinha o objetivo de desastabilizar o pa�s para n�o ter a abertura", afirma Guerra.