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Estado de Minas

Produtores de cacha�a buscam certifica��o para valorizar bebida

Cacha�as que t�m a qualidade reconhecida por selos de credibilidade s�o de 20% a 30% mais caras. Identifica��o geogr�fica e pr�mios tamb�m s�o requisitos que abrem mercados e atestam a qualidade das bebidas


postado em 07/03/2016 08:18 / atualizado em 07/03/2016 22:00

Prêmios como os recebidos pela Middas, de Leandro Dias, também refletem diretamente na valorização da marca(foto: Middas/Divulgação)
Pr�mios como os recebidos pela Middas, de Leandro Dias, tamb�m refletem diretamente na valoriza��o da marca (foto: Middas/Divulga��o)

Em momento de alta nos custos, decorrente dos aumentos dos impostos que entraram em vigor no ano passado, produtores de cacha�a procuram alternativas para valorizar suas bebidas. Uma das estrat�gias est� na busca por certifica��es. Apenas selos mais b�sicos, seja do Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA), que tem a chancela do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), ou do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), s�o capazes de agregar cerca de 20% no valor cobrado pela cacha�a. E se a marca tiver os mais exclusivos, como o de indica��o geogr�fica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) para a produ��o de Salinas (Norte do estado) – conquistado em 2012 –, a valoriza��o pode passar dos 30%. Pr�mios obtidos ao redor do mundo representam ganhos ainda maiores para as bebidas.

“O mercado reconhece e pede o selo”, afirma o presidente da Associa��o dos Produtores Artesanais da Cacha�a de Salinas, Aldeir Xavier de Oliveira. Para ele, o reconhecimento e o aumento na procura s�o at� maiores do que a alta do pre�o do produto certificado. “Aqui, temos at� gente de outros pa�ses querendo a cacha�a de Salinas”, afirma. No entanto, ele, que produz as marcas Sabi� e Flor de Salinas, lembra que n�o d� para s� obter os certificados e deixar de lado a qualidade: “A cacha�a tem de ser da boa mesmo”. E ele ainda refor�a que, na regi�o, h� tamb�m uma concorr�ncia pela melhor bebida, principalmente entre as 27 marcas que participam da associa��o. “Se uma faz uma boa, o vizinho corre pra tentar fazer uma melhor.” Os pequenos produtores de Salinas produzem cerca de 500 mil litros da bebida anualmente, sem contar com a Seleta, que chega a atingir 1,5 milh�o de litros, segundo Xavier.

Aldeir Xavier, de Salinas, garante que a indicação de origem abre portas, mas a bebida tem que ser 'boa mesmo'(foto: Apacs/Divulgação)
Aldeir Xavier, de Salinas, garante que a indica��o de origem abre portas, mas a bebida tem que ser 'boa mesmo' (foto: Apacs/Divulga��o)

Fernando de Castro Furtado, que produz as cacha�as Taruana e Kayana no distrito de Tarua�u em S�o Jo�o Nepomuceno, na Zona da Mata mineira, obteve a certifica��o do IMA h� cerca de seis anos para a primeira marca. “Foi muito importante para conquistar fama e atestar a qualidade”, garante. Atualmente, sua produ��o m�dia � de 30 mil litros anuais. E ele atesta que vende tudo, apesar de n�o estar na regi�o de Salinas. “Agora, com a alta dos impostos, ficou mais dif�cil, porque tivemos que repassar o aumento. Ainda assim, n�o falta cliente”, afirma.

Leandro Dias, organizador do 1º Congresso Nacional da Cacha�a (Concacha�a) e um dos fundadores da Confraria Paulista da Cacha�a, garante que a certifica��o � “extremamente importante”. Ele tamb�m produz a Middas, com flocos de ouro 23 quilates importado da Alemanha, em Dracena (SP), e acredita que os pr�mios sejam outra forma de valoriza��o. “Acabamos de conquistar a medalha de destilado do ano na China”, conta. Para ele, s� o selo ou a indica��o geogr�fica n�o s�o a prova da melhor qualidade. “Obter a certifica��o � algo b�sico, que d� a seguran�a para o consumidor e combate a informalidade. Mas � preciso mais.” O respons�vel pelo alambique sempre tem que ter o ambiente limpo, boas pr�ticas, cana de qualidade, enfim, estar de olho em todo o processo.

EFICI�NCIA
O diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cacha�a (Ibrac), Carlos Lima, observa que a certifica��o possibilita tamb�m a melhoria de gest�o. E uma produ��o mais eficiente reflete diretamente na redu��o dos custos. E no caso da indica��o geogr�fica, ele acredita que seja tamb�m prote��o de um ativo. Al�m de Salinas, outras regi�es que t�m o certificado do Inpi para a cacha�a s�o Paraty (RJ) e Aba�ra (BA). “Representa uma abertura positiva de mercado e evita que terceiros usem indevidamente a denomina��o”, refor�a.

Segundo o superintendente de Interlocu��o e Agroind�stria da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa), Milton Fl�vio Nunes, a busca pela certifica��o � uma iniciativa volunt�ria do empres�rio. E acaba que, em sua opini�o, tamb�m representa uma seguran�a tanto para o dono do alambique quanto para seus clientes, principalmente dentro de um cen�rio em que a clandestinidade ainda � muito forte. Em Minas, h� cerca de 800 alambiques legalizados.

Nunes lembra que os grandes provadores de bebidas buscam, acima de tudo, qualidade. E a exig�ncia est� mais refinada a cada dia. Para ele, os certificados j� garantem uma chance de uma boa classifica��o para a cacha�a. “E o cliente tamb�m paga mais. H� uma valoriza��o e um caminho aberto para um p�blico mais restrito”, diz. Apesar de sua observa��o, ele lembra que s� o certificado n�o � suficiente para garantir que a cacha�a tenha mais qualidade. � apenas mais um requisito que aponta nessa dire��o.

O n�mero de ilegais em Minas pode ultrapassar os 20 mil, de acordo com especula��es dos pr�prios empres�rios do setor. Xavier diz que os tributos j� representam bem mais de 50% do valor da cacha�a. Carlos Lima, do Ibrac, diz que podem passar de 80% do pre�o da garrafa. A alta s� do Imposto sobre Produ��o Industrial (IPI) no ano passado foi de 160%. “E o efeito � em cascata”, observa. Por isso, pode alavancar o mercado informal. “Foi um convite � informalidade”, pondera Xavier. Apesar disso, Milton Nunes aposta ser poss�vel inverter essa curva. “Temos a meta de legalizar o m�ximo de alambiques em Minas. Vamos visitar cerca de 300, em tr�s anos, fazer auditorias que levam � notifica��o e termo de ajustamento de conduta (TAC)”, afirma. “O importante � a conscientiza��o de que a legaliza��o e a certifica��o s�o boas para o neg�cio”, refor�a.

POTENCIAL O gerente de Certifica��o do IMA, Rog�rio Fernandes, conta que o sistema mineiro j� conta com 66 alambiques e 136 marcas certificadas. O montante ainda � muito pequeno para um processo que teve in�cio em 2008, mas tem grande potencial de crescimento. Ele diz que no pa�s h� 3.403 marcas de cacha�a registradas, segundo o Mapa. Em Minas, as marcas somam 1.620.

“Para a certifica��o, s� trabalhamos com os produtores registrados”, diz Fernandes. Ele explica que o processo � simples. Basta entrar no site do IMA (www.ima.mg.gov.br/certificacao/cachaca). Nele, h� um check list de tudo que precisa ser feito para marcar a auditoria e obter a certifica��o. A taxa �nica de registro � de R$ 500 e mais R$ 300 das auditorias anuais. O selo, depois da aprova��o de todo o processo, sai pelo custo de R$ 0,21 por garrafa. “� interessante, porque qualquer certifica��o privada sai por mais de R$ 5 mil”, observa Fernandes. E, segundo seus c�lculos, � poss�vel agregar, pelo menos, 20% no valor da bebida apenas com a obten��o do selo. “Isso sem contar com a melhoria do mercado e com a maior aceita��o da marca.”

No site do IMA, tamb�m tem a rela��o com as marcas e alambiques certificados. “Qualquer um pode consultar, o que minimiza o risco de fraudes”, refor�a Fernandes. Em sua opini�o, o selo � sin�nimo de confian�a.

Pura e brasileira


Os governos do Brasil e do M�xico conclu�ram em 22 de fevereiro o processo de negocia��o do Acordo para o Reconhecimento M�tuo da Cacha�a e da Tequila como Indica��es Geogr�ficas e Produtos Distintivos do Brasil e do M�xico. Enquanto a Tequila � protegida em mais de 46 pa�ses, incluindo a Uni�o Europeia, a cacha�a est� protegida em apenas dois (Estados Unidos e Col�mbia). Com o reconhecimento, o M�xico � o terceiro pa�s a confirmar a bebida como um destilado exclusivo do Brasil.

Enquanto isso...

...etanol � mais uma op��o


Milton Nunes, da Seapa, conta que o estado est� desenvolvendo um programa de produ��o de etanol e cacha�a. Isso para estimular a fabrica��o do �lcool de cana-de-a��car a partir dos subprodutos do alambique. A cabe�a e a calda, que devem ser desprezadas, podem ser utilizadas no feitio do etanol. “Dessa forma, ganha o meio ambiente, que n�o recebe estes res�duos, e o consumidor, que tamb�m deixa de correr o risco de ter estes subprodutos de qualidade ruim misturados na cacha�a boa”, explica. Segundo Nunes, a Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP), a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do estado (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig) e o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) s�o parceiros no desenvolvimento do programa. “O trabalho busca a forma legal para permitir o consumo do etanol artesanal”, conta o superintendente da Seapa.


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