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Estado de Minas

Pimenta do reino cultivada em Ouro Verde garante lucro a produtores rurais

Produtores rurais do munic�pio do Vale do Mucuri encontram na especiaria que registrou valoriza��o de mais de 100% em dois anos a fonte de renda para substituir a cafeicultura


postado em 12/09/2016 06:00 / atualizado em 12/09/2016 08:36

O cultivo da pimenta do reino atraiu produtores pelo lucro possível (foto: Ricali Abreu/Emater-MG)
O cultivo da pimenta do reino atraiu produtores pelo lucro poss�vel (foto: Ricali Abreu/Emater-MG)

Do fruto verde do caf�, ent�o base da economia do munic�pio, partiu a inspira��o para o nome Ouro Verde de Minas, no Vale do Mucuri, a 505 quil�metros da capital mineira. Com a decad�ncia da cafeicultura, outro “ouro verde” tem garantido a renda de produtores rurais e se expandido pela regi�o.

A pimenta-do-reino, que tamb�m d� frutos esverdeados em cachos, avan�a pelas propriedades da cidade e se apresenta como lucrativa fonte de renda. Em menos de dois anos de cultivo, 15 produtores entraram para o ramo e plantaram 30 mil mudas na localidade.


A alta lucratividade da pimenta-do-reino atraiu a aten��o dos produtores rurais do munic�pio, que sofreu com a queda na produ��o do caf� e, mais recentemente, com o decl�nio da pecu�ria de corte e leiteira, causado pela crise h�drica dos �ltimos tr�s anos. De 2014 para o ano passado, a valoriza��o da especiaria ultrapassou os 100%. Segundo a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em 2014, o produto estava sendo comercializado a R$ 12, enquanto no ano seguinte o pre�o chegou a R$ 28.


Foi no Esp�rito Santo, estado vizinho a Minas e bem pr�ximo do Vale do Mucuri, que o produtor rural Maelson Pereira Borges, de 27 anos, o precursor do plantio, teve a ideia de introduzir a cultura da pimenta-do-reino em Ouro Verde de Minas. Maelson estava trabalhando na colheita do caf� em uma fazenda capixaba, quando conheceu o cultivo da especiaria. “A pimenta pode ser plantada num pequeno espa�o de terra e rende uma produ��o boa. O clima do Esp�rito Santo � o mesmo daqui”, refor�a o produtor.


O investimento inicial de R$ 1 mil foi pago em m�o-de-obra a fazendeiros em troca de madeiras nobres usadas para dar sustenta��o � planta, que � trepadeira. Como um p� de pimenta vive de 15 a 20 anos, as madeiras precisam ser de qualidade. Ele come�ou com um pimental de 350 mudas, plantadas em 2014. No ano seguinte, a produ��o j� foi de 300 quilos, vendidos a R$ 28 no Esp�rito Santo.

“Este ano, vou colher o dobro”, afirma o produtor. No S�tio Silvestre, com a for�a de trabalho dele e do pai, Maelson j� conseguiu garantir da pimenta a renda de um sal�rio-m�nimo por m�s, num cultivo que n�o necessita de tanto manejo. O agricultor pretende expandir a produ��o para 1,2 mil p�s.


A iniciativa de Maelson despertou o interesse de outros produtores do munic�pio e, de acordo com o t�cnico da Emater-MG em Ouro Verde de Minas, Ricali Abreu, j� s�o pelo menos 15 os agricultores que come�aram a plantar a especiaria. Por enquanto, houve colheita apenas na propriedade de Maelson, mas o t�cnico afirma que n�o faltar� mercado para a produ��o do munic�pio. “A pimenta-do-reino � usada como tempero, como defensivo agr�cola, xampu, cosm�tico, anticorrosivo, inseticida”, enumera. China e Estados Unidos se apresentam como mercados promissores para a exporta��o.


Segundo o t�cnico, a produ��o de um p� de pimenta-do-reino no primeiro ano � de um quilo. No segundo ano, a quantidade dobra. O pico � alcan�ado a partir do quarto ano, quando a planta chega a produzir cinco quilos. “Pimenta gosta de calor e sombra”, explica Ricali, que presta assessoria a produtores da regi�o.

FEBRE O cultivo da pimenta-do-reino acabou incentivando produtores a investir em outras culturas. Maelson, por exemplo, aproveitou para plantar, al�m das hortali�as, maracuj� e mandioca. O produtor rural C�cero Eller, de 46, foi mais longe e associou o cultivo da pimenta-do-reino com o de melancia. “Tudo que usa na melancia, usa na pimenta. A irriga��o e os mesmos aditivos”, afirma C�cero, que come�ou com as duas culturas h� quatro meses.


Embora ainda n�o tenha colhido, o que deve ocorrer nos pr�ximos quatro meses, C�cero conta com a maior planta��o de pimenta-do-reino do munic�pio. Em sua propriedade, ele tem 7 mil mudas do tempero e 12 mil covas de melancia. “A pimenta-do-reino virou uma febre aqui, porque � mais rent�vel e produz o ano inteiro. Muita gente que mexia com gado est� querendo plantar pimenta”, afirma.


Antes no caf� e na pecu�ria leiteira, C�cero conseguiu mudar de ramo com a ajuda do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ele pretende recuperar o investimento de R$ 200 mil em um ano. O produtor rural j� pensa longe e conta que h� inten��o de formar uma cooperativa para fazer o beneficiamento da pimenta-do-reino no pr�prio munic�pio.

A inten��o � agregar valor ao produto conseguindo pre�os ainda melhores e que justificam o apelido “ouro verde”. Para se ter uma ideia, na banca Central das Pimentas, no Mercado Central de Belo Horizonte, um quilo de pimenta-do-reino preta � vendida a R$ 80 o quilo. A pimenta-do-reino branca alcan�a os R$ 150, o quilo. “Compro o quilo da preta a R$ 42 e da branca a R$ 78. Subiu muito o pre�o de um ano para o outro”, conta o gerente da banca, Fl�vio Bessa, que vende cerca de 200 quilos de pimenta-do-reino preta por m�s.

 

ESPECIARIA VALIOSA Origin�ria da �ndia, a pimenta-do-reino faz parte do rol de especiarias cobi�adas. Nos s�culos XV e XVI, expedi��es mar�timas europeias iam buscar a iguaria, tamb�m conhecida como pimenta-da-�ndia na �sia. H� registros que a pimenta-do-reino chegou a ser usada como moeda em Roma.

Apenas em 1933 o cultivo da planta trepadeira passou a ser feito no Brasil. As mudas chegaram com imigrantes europeus com destino ao Par�. A partir da d�cada de 1950, houve grande incremento da cultura no pa�s, expandindo-se principalmente para a Bahia e o Esp�rito Santo. Muito conhecida como tempero, a pimenta-do-reino  (foto) � empregada tamb�m nas ind�strias farmac�uticas, de cosm�ticos
e na �rea de defensivos agr�colas, entre outros usos.


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