
A rela��o do arquiteto comunista com os EUA sempre foi conturbada. Em repulsa � Guerra do Vietn�, desligou-se da Academia Americana de Artes e Ci�ncias, em 1970. Em outra ocasi�o, tentou um visto de entrada ao pa�s, o que foi negado. Quando perguntou ao funcion�rio da embaixada a raz�o da recusa, soube que eram as mesmas de 20 anos antes, quando havia sido impedido de lecionar na Universidade de Yale. Oscar Niemeyer ficou feliz por n�o ter mudado no que julgava essencial.
Independente de qualquer motiva��o ideol�gica, o tra�ado de Niemeyer tamb�m ficou eternizado na sede das Na��es Unidas, em Nova Iorque - mesmo sendo em um trabalho coletivo. O conjunto de pr�dios, de 1947, � um misto de propostas do brasileiro com o arquiteto su��o Le Corbusier, � �poca o mais consagrado profissional do mundo. Vale lembrar que Niemeyer, num gesto solid�rio e pouco visto no meio, modificou seu projeto, j� vitorioso, e o incrementou com as ideias do colega.
Em Belo Horizonte, Niemeyer protagonizou uma cena que surpreendeu a quem estava na reinaugura��o da Casa do Baile, em 2002. No centro da constru��o foi colocado um painel branco, no qual o arquiteto deveria rabiscar as linhas famosas que representam o Conjunto Arquitet�nico da Pampulha. Pequenino, l� foi ele at� o painel e desenhou as formas elegantes dos principais pr�dios do conjunto. E a�, com um risinho ir�nico nos l�bios e com seu ar debochado, assinou: “Fora Bush”. Em uma frase, o sentimento de toda uma vida.