
O tric� � male�vel e delicado mesmo quando as cole��es s�o feitas para o inverno. Acrescente a isso uma veia comercial bem dosada, que envolve propostas da moda e, ao mesmo tempo, flerta com mulheres de diversas faixas et�rias. Assim � a marca Cec�lia Prado, natural de Jacutinga, no Sul de Minas Gerais, que est� h� tr�s d�cadas e meia no mercado.
Nasceu quando a cidade come�ava a exercer a voca��o para a malharia, o que a tornaria nacionalmente famosa. Mas, enquanto as outras confec��es priorizavam um produto, digamos, mais popular, a Castor, nome inicial, desejava ir um pouco mais longe: al�m de um produto diferenciado, Yara Prado, a criadora da label, j� vislumbrava o com�rcio internacional por meio da participa��o de conceituadas feiras, garantindo assim seu espa�o no setor da exporta��o.
Para se ter uma ideia, de 60% a 70% da produ��o da f�brica vai para o exterior. S�o mais de 20 pa�ses ao redor do mundo espalhados pela Europa, Oriente M�dio, �sia e �frica, locais como Dacar, no Senegal, ou Costa do Marfim. Mesmo nos Estados Unidos, que � sempre mais dif�cil comercialmente, a Cec�lia Prado vai cavando seu lugar. O restante � dividido pelo territ�rio nacional, com duas lojas de apoio em S�o Paulo: uma no P�tio Higien�polis e outra no shoping JK Iguatemi. Existe ainda o com�rcio on-line e a presen�a em sites conceituados como o OQVestir e Farfetch Brasil.
Quem conta essa hist�ria � a estilista Cec�lia Prado, de 36 anos, filha de Yara, que praticamente nasceu entre m�quinas de tric�, e resolveu dar continuidade ao neg�cio familiar junto com o irm�o, Louren�o, de 35 anos. Enquanto ela foi cursar faculdade de neg�cios de moda em S�o Paulo, ele estudou administra��o de empresas e voltou para casa cheio de g�s com seus conhecimentos na bagagem. A dobradinha deu certo, a marca ganhou o nome da estilista/filha, dando sequ�ncia a um novo ciclo em que, ao mesmo tempo em que se aperfei�oavam as cole��es em busca de um mercado cada vez mais fashion, uma gest�o contempor�nea e s�lida ganhava for�a.
Cec�lia passou por Belo Horizonte, recentemente, a convite da empres�ria Anna Luiza, dona da loja hom�nima, para prestigiar o lan�amento da cole��o de inverno e conhecer as clientes da butique. Uma esp�cie de pesquisa de campo que ela costuma realizar de quando em quando para conferir como as mulheres recebem as ideias da marca.
BUSINESS Em entrevista exclusiva ao Caderno Feminino, ela enfatizou o lado business da empresa e no qual ela se apoia. “A exporta��o na Cec�lia Prado � constante e real. E quando se escolhe esse caminho significa arriscar e passar por todas as intemp�ries do mercado. � um processo cont�nuo, que n�o pode ser interrompido se o momento econ�mico � ruim. Quando meu irm�o e eu voltamos para assumir o neg�cio, essa pr�tica j� estava em franca evolu��o. Exportamos desde 2001, a primeira vez foi para Paris”, pontua.
O que significa que j� s�o 18 anos de exporta��o. A marca bate ponto, anualmente, na feira norte-americana Coterie e na parisiense Who’s Next, para apresentar suas propostas de cada temporada. E tamb�m apresenta as tend�ncias da Cecilia Prado Mare em evento comercial, em Miami. Sim, embora com origem mineira, a label flerta com a moda beachwear, lincando tric� e lycra, e tendo como forte os bodies e as sa�das de praia com cara de resort. “Vendemos para lojas que est�o dentro de hot�is luxuosos em St Barth, na Espanha, e no Sul da Fran�a”, garante. Como pode ser observado, trata-se de uma clientela bem seleta, que aprecia a novidade made in Brasil.
Voltando no tempo, a estilista faz quest�o de frisar o trabalho de base realizado pela m�e pioneira, fundadora de uma das primeiras malharias de Jacutinga, frisando que sua experi�ncia foi essencial para que o neg�cio desse certo e prosperasse. “Somos tr�s cabe�as, sangue do sangue, cada um com um perfil que agrega. Cheguei disposta a dar um refresh na marca, trazer contemporaneidade, mas a expertise dela sempre foi muito importante e valorizamos isto”.
Entretanto, nenhuma dessas conquistas poderia ser comemorada se n�o houvesse um trabalho de cria��o consistente, que faz com que as cole��es se tornem desej�veis. “Nosso forte s�o as misturas de fios, cores, texturas, priorizando o design. Fazemos um produto �nico com identidade singular e original e nos mantemos fi�is � ess�ncia da marca. Penso que � isso que causa impacto e encanta os clientes. � o que d� charme, uma alegria, algo especial tanto para quem vende quanto para quem veste”, explica a estilista.
E o que seria essa ess�ncia? Segundo ela, tem a ver com o que a m�e, bem mais jovem na �poca, queria deixar impresso desde o in�cio – um DNA. “Nosso produto tem muito da hist�ria do criador e do estilista, uma delicadeza e, ao mesmo tempo, uma explos�o de cores harmoniosas. Outro fator � que, embora contemos com m�quinas alem�s que fazem tudo, gostamos de humanizar o produto. Ele n�o � apenas high tech, mas tem o toque da m�o. Em resumo, o trabalho � um equil�brio entre o manual e o tecnol�gico”.
A cole��o inverno/19, que est� aportando agora nas lojas, surge nesse esp�rito com a presen�a de muitos florais quebrados pela presen�a do animal print. On�a com turquesa, tons apastelados mixados com o vinho, o jacquard imitando zebra, babados leves, roupas fluidas e leves. O carro-chefe da Cec�lia Prado s�o os vestidos longos e m�dis e os conjuntos de croppeds e bodies com saias. “A marca � muito feminina e urbana. E tem apelo comercial. Praticamos um pre�o justo que possibilita, principalmente, tamb�m as transa��es do mercado externo”, explica.
Dividindo-se entre Jacutinga – onde comanda junto com Yara uma equipe de estilo e marca presen�a no ch�o de f�brica – e S�o Paulo, cuidando das lojas, Cec�lia fala tamb�m sobre o orgulho de ser mineira. “Quando os clientes ficam sabendo da nossa origem sempre elogiam. Eles dizem: ‘Ah, sabia, essa roupa tem cara de ter sido feita em Minas Gerais”. Nossa storytelling � muito apreciada, porque � verdadeira”, frisa.