
A artista pl�stica Kl�ucia Badar�, graduada pela Escola de Belas Artes da UFMG n�o imaginava que abandonaria as telas para transformar pe�as de consumo, como roupas, bolsas e cal�ados em obras de arte exclusivas. Pois foi exatamente isso que aconteceu.
Com um talento e aptid�o inatos para os trabalhos manuais e para o bom gosto, a discreta mineira come�ou desenvolvendo apliques para colocar nos sapatos que criava para a conhecida marca de cal�ados Arezzo. Sim, Kl�ucia foi a primeira estilista da marca. Desenhava os modelos e criou um aplique que era um la�o que parecia um cristal, mas n�o encontrava quem fizesse o item e resolveu, ela mesma, o problema. Come�ou a desenvolver e produzir as pe�as em um trabalho bem autodidata.
Deu certo. Come�ou a vender t�o bem, que dos apliques para cal�ados passou a desenvolver prendedores de cabelos com a mesma resina e a coisa deslanchou. Chegou a ter 30 empregados. Montou uma loja que funcionou por d�cadas na Savassi, e foi ali que come�ou seu trabalho de pintura em roupas, totalmente por acaso.

Em 2000, come�ou a pintar imagens sacras, outro grande sucesso, de repercuss�o internacional. Alguns anos depois, queria fazer uma vitrine diferente e pintou umas blusas para compor a vitrine, e viajou. Sua vendedora vendeu todas, porque fizeram o maior sucesso.
A primeira bolsa de marca que pintou foi de Thassia Naves, uma Goyard, que a influencer encomendou. E ela ficou sabendo do trabalho de Kl�ucia quando a artista foi convidada para pintar algumas pe�as de uma cole��o da Skazi, marca mineira para qual Th�ssia fotografa h� v�rios anos. Depois a modelo comprou uma das santas de Kl�ucia para presentear a Lala Rouge. Bastou um post de cada uma delas em seus Instagrams para nome da mineirinha ganhar fama.

A pr�xima a procur�-la foi a estilista carioca Patr�cia Vieira, que tem um trabalho diferenciado com couro. Viu o trabalho de Klaucia na internet e a procurou. Este contato rendeu tr�s cole��es juntas, com pe�as exclusivas pintadas a m�o, uma a uma. O �cone m�ximo foi uma jaqueta preta que virou mania entre as clientes.

Depois da bolsa Goyard, foi a vez de uma Birkin, da Herm�s, que ela recebeu na caixa, para customizar. Em seguida, nova encomenda, uma Constance, da mesma marca, e a� come�aram a chegar as Louis Vuitton. V�rios modelos, novas e tamb�m as mais usadas, para dar um up no visual.
Das bolsas come�aram a chegar malas, carteiras, necesseires... “As mulheres querem ter uma bolsa mais que exclusiva. N�o basta ter a bolsa de luxo, ela tem que ter um diferencial, ser �nica, este � o grande desejo”, conta a pintora que tem uma fila de espera de no m�nimo 20 dias para atender.
O mais interessante � que Kl�ucia n�o sabe o que vai pintar e a maioria das clientes deixa o motivo por conta de sua criatividade, na maior confian�a. “A bolsa fala comigo. Sento na frente dela e come�o a pintar, sem riscar antes e n�o erro, porque na arte n�o tem erro, o tra�o sai e a cria��o fui, � uma inspira��o moment�nea, e quando eu vejo o trabalho saiu. Cada um de um jeito. E por incr�vel que pare�a, nunca tive uma reclama��o. Ou melhor, uma �nica vez, quando pintei uma borboleta azul e a pessoa pediu para eu trocar a cor porque ela tinha algum tipo de trauma com borboletas neste tom. Fora isso, parece que adivinho o que a pessoa gosta”, explica.

Kl�ucia foi convidada para participar de v�rios eventos voltados para o p�blico AA em Nova York, na segunda quinzena de setembro, em algumas lojas e galerias, onde pintar� desde telas at� bolsas de clientes, ao vivo, e far� uma exposi��o de seus trabalhos. A artista pretende agora investir nas telas, mas garante que n�o vai abandonar as bolsas, porque pintar em superf�cies diversas instiga a mineira e ela n�o pretende abrir m�o de novos desafios.
