
Palavras como felicidade, bem-estar e pertencimento ganham cada vez mais import�ncia no dicion�rio das corpora��es antenadas. Apoiada na teoria do florescimento humano, desenvolvida pelo psic�logo estadunidense Martin Seligman, o pai da psicologia positiva, a facilitadora Adriana Vidal criou a Flourish – Intelig�ncia de Pessoas, empresa que promove na pr�xima quarta-feira (18) o evento Future-se: certezas envelhecem, no Luminis Urban Play. Ser� um dia inteiro dedicado a trocas e aprendizados com especialistas escolhidos a dedo. “O encontro trar� conceitos de futurismo e tend�ncias, com cases de modelos de neg�cios inteligentes e coerente com os drivers atuais do comportamento humano”, explica Adriana. Durante 15 anos ela atuou na �rea comercial da DTA, liderando times de vendas com resultados positivos. “Os colaboradores tinham forte senso de pertencimento, esse � o principal fator de engajamento”, pontua.
"O curso mais popular na Universidade de Yale hoje � o de Felicidade e bem-estar! Isso mostra como estamos buscando mais respostas e satisfa��o pessoal"
Voc� veio da �rea comercial da DTA. O que a levou a montar uma empresa voltada para a �rea de intelig�ncia em pessoas?
Sou totalmente relacional. Tenho fasc�nio pelos drivers do comportamento humano e seus desdobramentos: motiva��es, consumo e relacionamentos. Na DTA, durante 15 anos, liderei times de venda que apresentavam resultados porque tinham forte senso de pertencimento. Esse � o principal fator de engajamento, deveria ser o foco das empresas que querem colaboradores criativos, proativos e de alta performance. E como conseguir isso? Com uma lideran�a aberta para escuta ativa. N�o h� como motivar, capacitar e nem mesmo reconhecer as pessoas sem conhecer os sonhos e dores de cada um. E foi a partir dessa pr�tica que decidi seguir minha ess�ncia de facilitadora (palavra que me define em invent�rios de perfil), despertando protagonismo, destravando potenciais e envolvendo pessoas em suas paix�es.
Como � o trabalho da Flourish?
Come�amos sempre com um diagn�stico, momento de escuta. A segunda etapa do nosso trabalho busca expans�o de consci�ncia do colaborador, trabalhando autoconhecimento (com ferramentas) e entendimento do por qu� ele faz o que faz. Uma pesquisa mundial realizada em mais de 150 pa�ses pelo Instituto Gallup mostrou que apenas 20% das pessoas gostam do que fazem. Nosso desenvolvimento passa por provocar as pessoas para que elas descubram suas luzes e, a partir disso, possam se concentrar em fazer mais daquilo que, naturalmente, fazem melhor. Nessa hora, temos gente feliz, motivada, engajada e dando resultado. Essa consci�ncia � fundamental para aumentarmos resultados, o que todas as organiza��es querem. Repito diariamente para os meus clientes: s�o as pessoas que d�o vida �s estrat�gias. Precisamos de reconhecimento, mas n�o falo de elogios, falo de nos reconhecermos naquilo que fazemos, j� dizia Cortella. As etapas seguintes do nosso trabalho s�o fundamentadas em m�todos, t�cnicas e ferramentas para melhoria de processos, controles e resultados.
Como tem sido quebrar a tradi��o que diz que os problemas pessoais dos funcion�rios n�o devem interferir no trabalho?
N�o sou eu quem acha, s�o estudos, pesquisas e testes em todo o mundo comprovando que somos seres integrais. No livro O fator bem-estar, Tom Rath traz nossas cinco �reas de florescimento: carreira, social, sa�de, comunit�ria, e financeira. Vamos pensar em um momento da sua vida em que realizou algo muito desejado, em que se sentiu realmente bom, capaz e pleno. Como voc� estava do ponto de vista f�sico? N�o estava doente, certamente. Como voc� estava do ponto de vista emocional? N�o imagino que estava triste e em desesperan�a. Nosso funcionamento otimizado, quando estamos realmente realizando todo o nosso potencial, n�o � divis�vel entre pessoal e profissional. Por isso tantas empresas v�m se preocupando com os desafios que seus colaboradores vivem fora do ambiente empresarial. A Natura, por exemplo, tem ber��rios em algumas de suas sedes para que os pais (pai inclusive) possam deixar seus filhos de at� 4 anos. O Grupo Botic�rio tem as salas Nutriz para que as colaboradoras lactantes possam fazer a retirada do leite e armazenamento, evitando o desconforto do peito cheio, empedramento e interrup��o precoce do leite materno na alimenta��o do beb�. Em geral, companhias t�m retorno positivo, com maior engajamento, ambientes menos estressantes, maior lucro e melhor imagem.
Como emo��es positivas repercutem na performance dos colaboradores de uma empresa?
O exemplo que sempre dou vem da Metlife, uma das maiores empresas do mundo na �rea de seguros, presente em mais de 60 pa�ses. No final dos anos 1980, eles atentaram para o fato de que metade dos vendedores desistiam no primeiro ano e apenas um de cada cinco permanecia at� o quarto ano. Diante da perda de US$ 75 milh�es por ano em contrata��o, eles inovaram na forma de buscar colaboradores. Deixaram de lado o modelo-padr�o, de CV, experi�ncia e habilidades t�cnicas. Decidiram contratar pessoas que tinham o otimismo como estilo explanat�rio. No primeiro ano, esse novo time j� tinha vendido 21% a mais que o time convencional e, no segundo ano, 57% a mais. A partir de ent�o, a Metlife mudou seus procedimento de contrata��o, elegendo pessoas que tinham alto n�vel de esperan�a e otimismo, mesmo que deixassem a desejar nos quesitos t�cnicos. Isso porque o otimismo � uma das emo��es de futuro mais importantes, pois ela emerge quando situa��es desafiadoras aparecem. O pessimista generaliza e paralisa. O otimista enxerga a transitoriedade dos problemas e age na dire��o do fim naquela fase ruim, que ele sempre enxerga como tempor�ria.
O que � a teoria do florescimento? Quando surgiu?
A teoria do florescimento tem como pilar o funcionamento positivo do ser humano, considerando cinco aspectos no acr�stico PERMA, criado por Martin Seligman, o pai da psicologia positiva: emo��es positivas, engajamento, relacionamento, significado, e realiza��o. � um conceito novo que, dentro da psicologia positiva, busca ressaltar o que nos leva � vida plena e realizada. Esse novo bra�o da psicologia estuda a felicidade, a excel�ncia e o funcionamento otimizado do ser humano. O curso mais popular na Universidade de Yale hoje � o de Felicidade e bem-estar! Isso mostra como estamos buscando mais respostas e satisfa��o pessoal.
Esse conceito j� � aplicado nos Estados Unidos, que tem uma legisla��o de trabalho bem r�gida. Quais s�o as empresas que o adotam?
Na National Retail Federation (NRF) deste ano, rea- lizado em janeiro, em Nova York, escutamos in�meros cases de organiza��es j� focando em florescimento humano. Stacy Siegal, vice-presidente da American Eagle (AE) nos Estados Unidos, contou que trabalhar na AE � prazeroso, pois eles conduzem o relacionamento com os colaboradores de forma �nica, como se fossem copropriet�rios e apoiam todos os est�gios da vida de cada um. Se estou na faculdade, se acabei de ter beb� ou se preciso de algo espec�fico, serei ouvida e atendida. A GIG Economy nos Estados Unidos j� � uma tend�ncia forte que funciona bem e traz benef�cios para todos. J� no Brasil, nossa legisla��o trabalhista dificulta essa flexibilidade, que � necess�ria para aumentar n�veis de florescimento.
Facebook e Google podem ser consideradas exemplos dessa filosofia? Ao que consta, os pr�prios projetos arquitet�nicos dessas companhias v�o na contram�o dos demais.
� muito al�m de espa�os divertidos, mesas de pingue-pongue e pufes coloridos. Esse conceito de startups com ambientes divertidos visa promover criatividade e qualidade de vida. Acontece que, se a cultura da empresa n�o estiver alinhada a isso, coloca-se em evid�ncia o principal fator de desengajamento de times: incoer�ncia. O grande trunfo das companhias inovadoras � ouvir, valorizar, reconhecer e impulsionar os profissionais. Quer promover felicidade? Comece por uma narrativa coerente com as pr�ticas.
E no Brasil?
Aqui sempre trago a Reserva, o melhor exemplo. Rony Meisler sabe como ningu�m levar florescimento aos seus colaboradores por meio de uma cultura forte, que � praticada no dia a dia e transmitida aos consumidores. A marca responde e agradece, com plano de dobrar sua rede pr�pria at� 2023, chegando a 160 lojas pr�prias.
Empresas pequenas tamb�m podem adotar esse conceito?
Implantar conceito de felicidade, cuidar, empoderar, engajar e incentivar pessoas independe do tamanho da sua empresa. Todos querem resultado, mas n�o d� apenas para cobrar. No ganha-ganha, as empresas oferecem para receber. Eu defendo a “zona de conforto”, que � muito diferente da “zona de comodidade”. Essa �ltima � sobre parar no tempo e no espa�o. Zona de conforto � o que precisamos para performar: seguran�a, coer�ncia, sal�rio justo, ambiente de bons relacionamentos, autonomia e tantos outros fatores que, com certeza, promovem florescimento. Ofere�a conforto ao seu time.
Como materializar sensa��es de felicidade e bem-estar entre os funcion�rios de qualquer companhia?
Primeira coisa: conscientizando as pessoas de que elas s�o as respons�veis por dar vida �s estrat�gias. N�o adianta o melhor produto, pre�o e servi�o se n�o temos gente engajada com o prop�sito da empresa. Na sequ�ncia, trabalhar o pertencimento, dar autonomia e envolver o time com escuta ativa, reconhecimento e desenvolvimento constantes.
O que � um colaborador feliz levando-se em conta que o sal�rio sempre � um elemento importante nessa quest�o?
Estudos atuais j� v�m comprovando que existem muitos outros fatores mais importantes do que a remunera��o. Isso porque o que nos mobiliza e nos faz agir � nossa motiva��o interna. N�o somos rob�s e respondemos de forma previs�vel aos est�mulos externos, mesmo financeiros. A nossa equa��o da motiva��o carrega in�meras outras vari�veis. Vejo o dinheiro como algo que reduz a tristeza, a partir do momento em que precisamos ter algumas necessidades b�sicas atendidas. A partir da�, precisamos considerar o pertencimento, as possiblidades de crescer dentro da empresa, o ter voz, a converg�ncia de valores pessoais com a cultura da organiza��o etc.
Cite alguns exemplos de como os ambientes de trabalho poderiam ser mais produtivos a partir do seu ponto de vista.
O in�cio � sempre o autoconhecimento. A gente precisa conhecer a luz e os talentos de cada um. Com isso fica f�cil alocar a pessoa certa na fun��o certa. E n�o falo de trabalhar com o que gosto, estou falando de algo mais profundo, � sobre o que fazer com o que vai de encontro � minha ess�ncia e perfil. Como posso trabalhar com vendas se n�o gosto de me relacionar e conversar? Outra estrat�gia de que gosto muito � a de job rotation, para que todos compreendam os desafios de cada �rea e fun��o, al�m de valorizar os talentos dos outros colegas. Claro que isso precisa ser aplicado com muita t�cnica e cuidado.
Voc� tamb�m trabalha com mentoria no varejo. Como isso acontece?
Minha experi�ncia sempre foi junto a lojistas multimarcas, trabalhei com mil pontos de venda do Brasil. Realidades diferentes, com demandas e anseios completamente divergentes. Na mentoria, implementamos processos, indicadores de resultado, treinamento do time de vendas, VM, an�lise do mix de compras, introdu��o de conceitos para atra��o de p�blico adequado e at� mesmo avalia��o das estrat�gias de venda on e off-line.
O que tem visto de interessante nesse ponto em suas viagens internacionais?
As lojas viraram PDD, pontos de divers�o. A equipe � preparada e consciente de que nem toda intera��o gera transa��o naquele momento. A venda tem que ser constru�da. A gente planta a semente, cuida, rega e espera florescer.
Como ser� o pr�ximo curso da Flourish?
Ser� um evento sensacional, na pr�xima quarta, 18 de mar�o. Ele se chama “Future-se: certezas envelhecem”. Inspirado no conceito having fun e no mercado americano, o objetivo desse encontro � trazer respostas, preencher lacunas com conceitos aplic�veis e consistentes. Al�m disso, teremos um painel incr�vel com tr�s empres�rios mineiros que est�o na contram�o da crise: Vander Martins, da marca de moda feminina Skazi; Fernando Duran, da Avantgarde Motors; e Lucas Silva, da Garra Pneus. As palestras, na parte da manh�, ficar�o com Ricardo Guin�ncio, Fabrizzio Topper e Eduardo Mota, com pesquisa atual e in�dita sobre os drivers do comportamento de consumo.
Por que a escolha de uma casa de festas infantis para abrigar o curso?
Essa escolha vai de encontro �s experi�ncias sublimes e in�ditas que vivenciamos no mercado americano durante a NRF 2020. Novas gera��es de consumo e seus comportamentos t�m direcionado as estrat�gias dos neg�cios, que v�m se reinventando em conceitos de bem-estar, divers�o e alegria. A ideia � promover, na pr�tica, uma jornada de aprendizado e entretenimento. Al�m disso, usaremos os brinquedos para trabalhar as habilidades interpessoais (softskills), t�o necess�rias como diferenciais competitivos ultimamente.
Como se efetuou a escolha dos palestrantes?
Quis trazer conte�do convergente, mas de especialistas em diferentes �reas. Ent�o teremos futurismo, inova��o, comportamento e talento. Sairemos com respostas para tantas d�vidas nessa era que estou chamando de Humanol�gica. Mais informa��es no nosso site – www.flourish.com.br. Os ingressos est�o � venda no Sympla.