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Estado de Minas

Desfiles: novos formatos de passarela s�o testados durante a pandemia

Duas marcas mineiras testaram desfiles on-line na �ltima semana e enxergam vantagens


19/07/2020 04:00 - atualizado 23/07/2020 18:20

Skazi - Victor Dzenk - Denise Valadares(foto: Weber Pádua/Divulgação - Breno Mayer/Divulgação - Marcelo Soubhia/Divulgação)
Skazi - Victor Dzenk - Denise Valadares (foto: Weber P�dua/Divulga��o - Breno Mayer/Divulga��o - Marcelo Soubhia/Divulga��o)

Quatro meses depois do in�cio do isolamento em Belo Horizonte, marcas mineiras voltam a desfilar. Nada de reunir modelos, equipe de backstage e p�blico em um mesmo lugar. De casa, os espectadores puderam ver na �ltima semana as primeiras experi�ncias com desfiles on-line. Se este ser� o novo formato, ainda � cedo para dizer. Mas uma das vantagens est� bem evidente: democratizar o acesso aos espet�culos de moda, j� que, qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode assistir.
 
Sem poder fazer o desfile como estava planejado, a Skazi escalou clientes (donas de lojas que vendem a marca) para apresentar a cole��o de ver�o. Aproveitou o momento para valorizar a beleza da mulher real. “S�o v�rias as mulheres que vestem Skazi, cada uma com seu corpo, seu estilo, sua idade”, destaca a diretora-criativa Ana Paola Murta. De casa, elas gravaram os v�deos que foram exibidos no show virtual. Participaram tamb�m influenciadoras e modelos.
 
O desfile on-line exigiu uma log�stica desafiadora. “A �nica exig�ncia para as clientes era que usassem P, o tamanho do mostru�rio, j� que n�o dava para produzir nada para o desfile. Como conhe�o todas, fui escolhendo o look de cada uma”, comenta. A marca enviou as roupas para praticamente todos os estados, do Paran� ao Par�, do Maranh�o ao Mato Grosso do Sul, al�m de Minas. A escolha dos sapatos, acess�rios e penteado do cabelo era livre, desde que n�o disputassem a aten��o com as roupas.
 
Skazi(foto: Weber Pádua/Divulgação)
Skazi (foto: Weber P�dua/Divulga��o)
 
As clientes receberam orienta��es por v�deo de como se mostrar na “passarela”. A diretora de arte Lu Nacif sugeriu explorar a �rea externa da casa, em um clima bem descontra�do. “J� sentia que o mundo precisava de alegria na passarela, antes mesmo de vivermos essa tristeza. No virtual, como n�o temos que seguir regras de desfile, podemos levar para um lado mais divertido, leve e descontra�do.” O beauty artist Bruno C�ndido falou sobre maquiagem e Mariana Sucupira deu truques de styling. O fot�grafo Weber P�dua orientou sobre luz e o videomaker Carlos Queiroz ensinou a posicionar a c�mera.
 
A marca convidou tamb�m influenciadoras para desfilar de casa e gravou cenas com as modelos que participaram do shooting para o lookbook em um est�dio. Nessa parte, dava para ver ao fundo o cen�rio que reproduzia uma vila da Gr�cia, sintonizado com o tema da cole��o: o mar mediterr�neo.
 
As roupas do ver�o s�o leves, fluidas e alegres, bem apropriadas para o momento. “N�o tiramos o glamour, que est� no nosso DNA, mas s�o roupas f�ceis de usar. Voc� vai estar linda com rasteira e, quando a festa voltar, pode usar com salto.” Cores fortes se misturam, entre elas os azuis do mar, pink, verde bandeira, laranja e amarelo. Tecidos naturais, como linho e algod�o, est�o em evid�ncia. A principal estampa da cole��o, feita em aquarela por uma artista pl�stica, exibe um olho grego estilizado.
 
Victor Dzenk(foto: Breno Mayer/Divulgação)
Victor Dzenk (foto: Breno Mayer/Divulga��o)
 
Paolinha diz que n�o d� para comparar a emo��o do desfile presencial com o on-line, afinal, a marca est� acostumada a fazer superprodu��es (os �ltimos foram no Mineir�o e no Aeroporto da Pampulha). Mas, segundo ela, era importante montar uma passarela, mesmo que virtual. O furor causado pelos shows costuma gerar vendas na mesma propor��o. “Achava que as clientes iam pedir o m�nimo e depois querer reposi��o, mas me surpreendi. Sinto que elas est�o animadas de novo, querendo que venha o ver�o e a alegria que estamos propondo”, observa.
 
Victor Dzenk sentiu a ansiedade de sempre na v�spera do desfile, mesmo gravado. Desta vez, ainda havia a expectativa para saber se o novo formato funcionaria. A sala da casa do estilista se transformou em passarela e uma �nica modelo apresentou 34 looks. Para entrar no clima da cole��o, que convida a uma escapada pelas praias paradis�acas de Tulum, no M�xico, o cen�rio ao fundo mostrava a imagem da parede de um bangal� de bambu. Dava para ver o sof� ao lado.
 
A marca gravou o v�deo no mesmo dia em que fez as fotos do lookbook. “N�o podia ser em um lugar p�blico, n�o podia gerar aglomera��o, ent�o abri a minha casa e usamos a mesma modelo”, explica. A equipe trabalhou com duas c�meras, uma fixa, que mostrava o ir e vir na “passarela”, e outra reservada para closes das roupas. Na opini�o do estilista, em tempos de atendimento remoto (no caso dele s� atacado), sai na frente quem tem um material de divulga��o bem completo.
 
A cole��o, que seria desfilada na edi��o de abril do Minas Trend, j� estava pronta antes da pandemia. O tema, que envolve a lenda do beija-flor e traz uma mensagem felicidade, continua o mesmo, mas Victor aproveitou a pausa para ampliar a linha casual, deixando de lado o mood festa. “J� estava investindo mais em roupa casual e acabamos fazendo o que a cliente pediu, um estilo mais confort�vel e de ficar em casa. A mulher pode fazer live ou ir ao sacol�o fazer compras.”
 
Denise Valadares na última edição do Minas Trend(foto: Marcelo Soubhia/Divulgação)
Denise Valadares na �ltima edi��o do Minas Trend (foto: Marcelo Soubhia/Divulga��o)
O estilista apostou em viscose, linho, fio de sisal e outros tecidos 100% naturais. Privilegiou tons crus e terrosos e trabalhou com estampas mais leves (a mais emblem�tica tem folhas de bambu). Victor destaca os training de moletom de viscose estampados com os monogramas da marca, lan�ados na �ltima temporada em preto e branco. Agora eles chegam colorido. “Fizemos muito conjunto com jaqueta, cal�a e blusa, acreditando em uma roupa vers�til e confort�vel. Esquentou, voc� pode tirar a terceira pe�a”, detalha. T�nicas curtas e sa�das de praia complementam a cole��o.

 

Victor aponta vantagens do desfile virtual: ser abrangente e democr�tico. N�o h� limite de convidados, ent�o todo mundo pode assistir, at� quem est� fora do Brasil. Apesar de ainda n�o saber o que vai funcionar melhor, ele diz que precisava agir r�pido para movimentar o mercado. “Isso � o que temos para hoje, mas, quando tudo tiver passado, todo mundo vacinado, as fashion week t�m que voltar. Nada substitui a passarela. A magia do desfile ao vivo s� sente quem est� na sala.”

 

Op��o p�s-pandemia

 
Denise Valadares j� estava pensando diferente. N�o desfilaria no Minas Trend. Queria dar uma pausa para n�o cansar o p�blico, focar nas vendas e voltar depois com mais for�a. “J� sabia que teria que me reinventar e investir em outros formatos”, aponta a estilista, que vai apresentar a pr�xima cole��o em v�deo. Os detalhes ainda n�o est�o definidos, mas ela pensa em um cen�rio que seja a cara do ver�o, talvez ao ar livre, com duas modelos desfilando e takes mostrando detalhes das roupas. Os clientes do atacado, que precisam de informa��es mais t�cnicas, ainda ter�o acesso ao lookbook.
 
Skazi(foto: Weber Pádua/Divulgação)
Skazi (foto: Weber P�dua/Divulga��o)
 
Apesar de reconhecer que a imagem n�o � capaz de passar sensa��es, Denise acredita que o desfile virtual pode ser uma op��o p�s-pandemia. At� porque ela sempre quis que as suas apresenta��es n�o fossem t�o exclusivas, que todo mundo tivesse acesso, o que n�o acontece nas semanas de moda. “Acho que o on-line pode substituir, sim, a passarela, at� porque se gasta muito para chegar l�. Temos visto v�rias marcas grandes se reinventando lindamente e, no fim das contas, � o que muita gente j� faz, assistir desfiles internacionais pelo computador. Fora que essa democratiza��o vai ser muito legal.”
 
A estilista decidiu segurar o lan�amento do ver�o. S� vai mostrar a cole��o em agosto para o atacado e a partir de setembro para o varejo. O objetivo � n�o atropelar as vendas do inverno, que normalmente geram os melhores resultados para a marca. “Como o meu trabalho � mais slow, tenho um timing diferente. Acho legal cada marca procurar o seu tempo. Isso me fez pensar que n�o preciso acompanhar um calend�rio, tenho que seguir o meu tempo e o tempo do meu cliente.”
 
A marca mant�m a parceria com o stylist Alberth Franconaid, que assinou com Denise as �ltimas cole��es. Segundo ela, a cole��o de ver�o ser� bem brasileira, com muitos tecidos naturais e sustent�veis (como j� virou h�bito), refor�ando a atemporalidade das roupas. “O que pode se tornar um diferencial � a busca por pre�os mais competitivos, mas sem perder a nossa ess�ncia, o nosso DNA, que est� ligado ao artesanal. Isso tem sido um grande desafio.” A estilista entende que o momento pede minimalismo, por isso vai dosar a presen�a dos bordados, estrat�gia que funcionou na temporada anterior.

De olho neles

 
O mercado da moda est� de olho na movimenta��o da Casa de Criadores. Espera-se que o evento, que h� 23 anos coloca novos estilistas na passarela, possa dar uma resposta sobre o futuro dos desfiles. “Sabemos que existe essa expectativa em cima do que vamos fazer, e isso � estimulante. Os estilistas est�o muito animados, apesar de tudo. Percebo que para eles � muito importante este momento de reflex�o, an�lise, troca e mudan�as”, comenta o fundador, Andr� Hidalgo, que confirma a realiza��o da primeira edi��o virtual ainda neste semestre.
 
Victor Dzenk(foto: Breno Mayer/Divulgação)
Victor Dzenk (foto: Breno Mayer/Divulga��o)
 
Particularmente, Andr� n�o acha que os desfiles v�o acabar, mas devem deixar de ser a principal forma de se apresentar uma cole��o para o p�blico em geral. Talvez fiquem mais restritos aos apaixonados por moda. “Isso vai mudar, at� porque n�o existem tantos eventos de moda no mundo. Para uma pequena marca, n�o faz sentido investir num desfile. Se ela usar o dinheiro para fazer um desfile virtual, fashion film ou apresenta��o em 3D, atinge muito mais gente.”
 
No momento em que a moda se v� obrigada a mudar, o idealizador da Casa de Criadores considera que o mais interessante � que n�o vai existir um formato �nico. Cada marca vai encontrar a sua linguagem. O grupo tem feito reuni�es semanais para discutir, de forma democr�tica, o que fazer. “Como temos 35 estilistas, cada um est� pensando de uma forma diferente e o resultado vai ser muito interessante. Temos a pretens�o de fazer algo novo e que traga respostas para o mercado, que possa servir de refer�ncia.” A pr�xima edi��o deve ser entre setembro e outubro.
 
Na opini�o de Andr�, os desfiles on-line n�o v�o tirar a for�a dos eventos presenciais. Pelo contr�rio, considerando que no ambiente virtual o conte�do fica muito dilu�do, as semanas de moda continuam a ser importantes para ecoar as apresenta��es dos estilistas. Por outro lado, o alcance do novo formato, que � mais democr�tico, pode ajudar a espalhar a mensagem do evento, que � valorizar o pequeno produtor. “Mesmo que um desfile tenha muitos convidados, � pouco perto do que ele pode atingir no ambiente on-line. J� que uma das principais fun��es do desfile � divulgar o trabalho dos estilistas, nada melhor que ampliar isso atrav�s de uma apresenta��o virtual.”
 
A organiza��o do Minas Trend se pronunciou atrav�s do gestor Gustavo Macena. Por escrito, ele avisou que ainda n�o sabe dizer se haver� desfiles na pr�xima edi��o e como ser�. No momento, estuda diferentes formatos para viabilizar o evento no segundo semestre. “Est� no nosso radar uma plataforma on-line, por�m ainda acreditamos na presen�a f�sica, pois entendemos a import�ncia das intera��es no nosso setor. O networking, a apresenta��o dos produtos e suas qualidades, como texturas e acabamentos, e a experi�ncia da compra em si t�m uma relev�ncia muito grande para o lojista.” 


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