Como outros profissionais antenados da sua gera��o, que viveram significativas transforma��es no Brasil e no mundo, o arquiteto e designer Bernardo Figueiredo transitou por v�rios interesses: sua assinatura passa por casas, edif�cios, shoppings - como o Barra Shopping no Rio de Janeiro -, projetos urban�sticos e gr�ficos, mas as experimenta��es no setor do mobili�rio sempre o atra�ram t�o logo se formou, em 1957, no Rio de Janeiro.
Esses m�veis autorais criados no auge do per�odo moderno assumem relev�ncia na exposi��o “Bernardo Figueiredo: designer e arquiteto brasileiro”, que estar� aberta ao p�blico a partir do dia 6 de julho, no Espa�o Cultural da Escola de Design da UEMG, na qual ser� poss�vel acompanhar sua trajet�ria profissional por meio de uma expografia din�mica semelhante � realizada para o Museu da Casa Brasileira, em S�o Paulo.
A curadoria da mostra � de Maria Cec�lia Loschiavo dos Santos, professora titular de design da FAU-USP, Amanda Beatriz Palma de Carvalho, doutora em design, e Karen Matsuda, mestre em design, ambas pela mesma institui��o, autoras tamb�m do livro hom�nimo j� lan�ado em Belo Horizonte.
Nos anos 1960, Bernardo trabalhou na revolucion�ria Oca, no Rio de Janeiro, loja intrinsecamente ligada � hist�ria do desenho industrial no Brasil, onde teve a oportunidade de conviver diretamente com S�rgio Rodrigues e Inge Dodel. Entre seus contempor�neos se encontram ainda Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas, situados na g�nese do mobili�rio moderno no pa�s.
O projeto � fruto do empenho das filhas do arquiteto, Angela e Adriana Figueiredo, que sempre acompanharam a carreira do pai, a dedica��o � profiss�o, a rela��o com a cidade e com a natureza. “Em 2011, a Schuster se interessou em reeditar sua produ��o e, como sou produtora cultural,
acostumada a lidar com contratos e coisas desse tipo, comecei a me inteirar das negocia��es, mas logo em seguida ele adoeceu e faleceu em 2012. Ent�o, n�s resolvemos dar continuidade ao processo e at� hoje trabalhamos com a empresa, que � a patrocinadora dessas exposi��es", relata Angela.
A ideia de trazer luz ao trabalho de Figueiredo aconteceu quando o diplomata Heitor Granafei, � frente das comemora��es dos 50 anos do Pal�cio do Itamaraty, coordenou uma grande pesquisa sobre o mobili�rio original do edif�cio. “Apareceram plantas, desenhos, os m�veis assinados pelo meu pai e percebemos que n�o havia nenhuma literatura sobre o que ele realizou. Fomos apresentadas para a professora Maria Cec�lia Loschiavo, que percebeu que havia uma hist�ria a ser contada”, explica.
E assim veio a publica��o do livro e a mostra no Museu da Casa Brasileira, em 2021. “Durante esse tempo de lan�amentos, fomos aprendendo mais sobre o Bernardo Figueiredo profissional e como sua obra impacta as pessoas, os jovens nas faculdades, os profissionais da �rea. � muito bonito para a fam�lia ver que ela est� sendo estudada, admirada e como seu design � atual”, constata.
Em BH Para que a exposi��o aportasse por aqui, tem que ser levado em conta o interesse da decoradora e professora Maria L�cia Machado, coordenadora do Espa�o Cultural da Escola de Design da UEMG e autora do livro “Interiores no Brasil, a influ�ncia portuguesa no espa�o dom�stico”, em traz�-la para a capital mineira. E ela chega em um momento importante com a realiza��o de outros eventos similares, como a Modernos Eternos e a Casa Cor, na sequ�ncia, contribuindo para movimentar ainda mais o setor.
“Sempre admirei muito a produ��o de mobili�rio de um dos mais refinados designers brasileiros e da arquitetura de Bernardo Figueiredo, um dos grandes expoentes do design autoral brasileiro. Ele deixou um grande legado por meio de sua contribui��o para a constru��o dos interiores do Pal�cio do Itamaraty”, explica.
O primeiro contato de Maria L�cia com sua obra se deu em 2017, quando o mesmo Heitor Granafei a convidou para dar um parecer sobre a disposi��o do mobili�rio do grande sal�o de recep��es do Pal�cio, em Bras�lia. “A ambienta��o consistia em um conjunto de sof�s ladeado por uma fileira de cadeiras, cujo desenho dos m�veis era nada menos que uma das cria��es do designer Bernardo Figueiredo, inclusive o majestoso sof� Rei onde se assentou a rainha Elizabeth, durante sua visita oficial ao Brasil, em 1968”, ressalta.
Convidado a mobiliar as principais salas do pal�cio, ele conviveu, na ocasi�o, com nomes relevantes do modernismo como Niemeyer, Burle Marx, Athos Bulc�o, Bruno Giorgi e, novamente, com S�rgio Rodrigues e Tenreiro. Importante ressaltar que, no seu trabalho, sempre valorizou a mat�ria-prima brasileira, como o couro, a madeira de jacarand� e a palha.
“Em 2021, visitei a mostra no Museu da Casa Brasileira, fiquei encantada com o projeto expogr�fico, o acervo de mobili�rio, as fotografias, os v�deos e croquis dele e, mais tarde, conheci a Angela e a Mila Rodrigues, consultora de produtos da Schuster, no lan�amento do livro em Belo Horizonte. Com o endosso da diretora da Escola de Design da UEMG, Heloisa Santos, as convidamos para trazer a exposi��o para a cidade”, pontua Maria L�cia.
Atra��es Al�m de uma linha do tempo com datas e eventos importantes, r�plicas de desenhos originais criadas por Figueiredo para a cidade de Porto Seguro, na Bahia, fotos de ambienta��o da �poca, os visitantes poder�o conferir 23 pe�as reeditadas pela Schuster, entre elas a cadeira Arcos, que faz refer�ncia aos arcos da fachada do Itamaraty, e a cadeira Bahia; as poltronas Rio e a Senhor com banqueta; uma ilha com os sof�s Conversadeira; os bancos Toti; a estante modular BF, entre outras preciosidades.
“O p�blico poder� experimentar o mobili�rio”, avisa �ngela, que � diretora de todos os v�deos que fazem parte da exposi��o, inclusive o “Pal�cio dos Arcos”, com fotografias e imagens de 1967 a 2017. Ela estar� presente tamb�m no “Col�quio – Bernardo Figueiredo: designer e arquiteto brasileiro”, que ser� realizado no dia 7 de julho, no mezanino do Espa�o Cultural, junto com as duas curadoras, Maria Cec�lia Loschiavo e Karen Matsuda, Rita Ribeiro, Giancarlo Latorraca, diretor do Museu Casa Brasileira, e Maria L�cia Machado.