
Fl�via Albuquerque entra com a experi�ncia e o olhar apurado para a arte. Lucas Albuquerque contribui com a juventude e os estudos na Europa. Juntos, m�e e filho conduzem o novo momento da galeria Celma Albuquerque, na Savassi, com 25 anos de hist�ria, que agora se chama Albuquerque Contempor�nea. Ao mesmo tempo em que planejam a internacionaliza��o dos neg�cios, eles querem se abrir cada vez mais para a cidade. O desejo � transformar Belo Horizonte em um centro mundial de arte.
“Precisei dessa mudan�a, de me reinventar. O Lucas entrou com energia nova, vontade de fazer diferente, achando o trabalho interessante, ent�o � um momento muito especial para mim e para a marca”, destaca Fl�via. Lucas tamb�m sentia que era a hora de mudar. “Estava na hora de a galeria se modernizar, ficar mais conectada com as tend�ncias e com novas maneiras de mostrar a arte.”
As hist�rias de m�e e filho, que s�o muito parecidas, se cruzam profissionalmente neste momento. Fl�via convive com arte desde crian�a e come�ou a trabalhar na galeria ainda adolescente. Mais tarde, ela e o irm�o, Lucio, assumiriam a dire��o, dando continuidade ao trabalho da m�e, Celma Albuquerque. “Nunca pensei em outra profiss�o ou outra maneira de viver a vida”, comenta Fl�via. Seu irm�o comanda em Bras�lia a galeria Casa Albuquerque.

Com Lucas, o caminho n�o foi muito diferente. Ele n�o consegue se lembrar da vida sem estar totalmente rodeado por arte. A galeria era o quintal de casa. “Frequentava todos os dias, sempre muito envolvido, mesmo sem entender o que estava acontecendo.” Na fase mais rebelde da adolesc�ncia, o filho se afastou, por n�o querer fazer o mesmo que a m�e, mas n�o demorou a voltar ao seu habitat. Viagens em fam�lia eram (e ainda s�o) para ver arte.

Desde ent�o, Lucas nunca mais se distanciou da galeria. Mas n�o pensava nisso como profiss�o, pelo menos n�o naquele momento. Estudou rela��es internacionais e trabalhou com marketing digital at� se dar conta de que n�o estava feliz. “Um dia, chamei a minha m�e para conversar, disse que n�o estava gostando do rumo que a minha vida profissional tinha tomado e estava pensando em estudar arte. Ela ficou muito feliz e me ajudou a escolher o curso.”
Foram quase dois anos fora do Brasil. Primeiro ele estudou artes e neg�cios na Sotheby’s, em Londres. “Esse curso me despertou a vontade de trabalhar com arte, s� que n�o queria voltar para a galeria e sentir que estava l� s� por ser filho da minha m�e. Queria estar como uma pessoa que pudesse agregar”, conta Lucas, que emendou um curso de gest�o cultural em Floren�a, seguido por um est�gio na Galleria Continua, uma das maiores do mundo, e p�s-gradua��o em arte e gest�o em Paris.
Quando estava no meio do �ltimo curso, veio a pandemia e ele teve que voltar para BH. Enquanto terminava as aulas � dist�ncia, conversava com a m�e sobre como seria sua atua��o na galeria. H� mais ou menos um ano, eles oficializaram a parceria, que revolucionou a marca.
As mudan�as come�aram pelo nome, de Celma Albuquerque para Albuquerque Contempor�nea. Fl�via conta que foi muito sofrido tirar o nome da m�e, “a grande fundadora e idealizadora do projeto da nossa vida”, mas, no fim, eles conseguiram fazer isso com sensibilidade e agregando tudo o que era importante para a hist�ria da fam�lia.
A marca agora � formada por tr�s c�rculos azuis, que remetem a uma jabuticabeira. “A minha m�e tinha uma hist�ria incr�vel com essa �rvore. Ela mudou o projeto da galeria por causa da jabuticabeira e a protegia como se fosse uma pessoa da fam�lia. Vejo muito a presen�a da minha m�e nela”, explica Fl�via. Tr�s “jabuticabas” indicam que o neg�cio est� na terceira gera��o.
“Isso deixou as coisas mais leves e sem o peso de negar algo feito pela minha m�e. Estamos dando continuidade ao sonho dela, que achava que a arte salvava o mundo e queria ver a galeria com a quarta, quinta gera��o da fam�lia, ent�o ela est� feliz com essa hist�ria.” Celma se envolveu com arte como colecionadora e se tornou uma grande galerista. Em 1988, abriu a Cromos e, 10 anos depois, a Celma Albuquerque, no mesmo endere�o de hoje, onde come�ou a fazer exposi��es. Ela morreu em 2015.
A palavra contempor�nea n�o est� ali por acaso. Sinaliza que a galeria trabalha com arte contempor�nea e que est� comprometida em divulgar o trabalho de artistas contempor�neos. Fl�via sempre teve o olhar para os jovens, em in�cio de carreira, que acabam sendo representados pela primeira vez pela sua galeria. Segundo ela, isso � “extremamente importante” para qualquer galerista que queira trabalhar com arte contempor�nea.
EXPOSI��ES Foi coincid�ncia, mas a exposi��o que inaugurou oficialmente o novo momento da galeria, na �ltima quarta-feira, � de Alan Fontes, que fez sua estreia em 2004, representado pela ent�o Celma Albuquerque. Seu trabalho de pintura em v�rias superf�cies ocupa neste m�s o piso t�rreo com a mostra “A Casa do Finito”. J� o artista visual Eduardo Hargreaves exibe no mezanino uma colet�nea de obras das suas recentes exposi��es “Brasil, Hy Brasil” e “Cartas para um lugar”.
Sempre em busca de novos talentos, a galeria revela suas apostas: o pintor Mateus Moreira, a artista multim�dia Chris Tigra e o escultor Iago Gouv�a.
O caminho para a internacionaliza��o tem sido constru�do aos poucos. Passa pela nova marca, pelo novo site (que est� mais din�mico) e pelos contatos que Lucas fez na temporada na Europa. O desejo de ampliar fronteiras n�o considera apenas o alcance que a galeria ter�, mas tamb�m a relev�ncia que a cidade pode ganhar. Por que n�o transformar BH em um centro importante de arte no mundo?
“As pessoas acham que, para ser relevante no mercado da arte, voc� tem que ir para S�o Paulo. Queremos fazer com que esse movimento n�o seja mais necess�rio. Que as pessoas sintam que em BH j� tem um lugar que possibilite alcan�ar os seus objetivos, seja um artista querendo construir uma carreira internacional, um colecionador ou um morador que queira ver uma exposi��o”, analisa Lucas.
Fl�via acrescenta: “BH � um celeiro de artistas incr�veis e acho que � um presente sermos vizinhos do Inhotim, um dos maiores museus-parque do mundo.”
Voltando o olhar para a cidade, m�e e filho querem se aproximar do p�blico em geral. Mostrar que o endere�o n�o � s� uma loja, mas um lugar de exposi��es, encontros e discuss�es. Fl�via defende que a galeria pode ser t�o frequentada quanto pra�as e museus.
“Temos que acabar com essa vis�o de que somos um espa�o de com�rcio de arte. A galeria fica fechada por quest�o de seguran�a, mas est� totalmente aberta � visita��o do p�blico em geral. N�o precisa querer comprar, basta entrar que todos v�o ser bem-recebidos. Aqui n�o tem nenhum tipo de afeta��o. Queremos receber muitos visitantes”, avisa.
Juntos nessa caminhada, Fl�via e Lucas unem esfor�os e habilidades. “Al�m de toda compet�ncia e esfor�o, o Lucas � um cara muito boa pra�a, com quem todo mundo gosta de lidar. Isso traz leveza para o nosso trabalho”, derrete-se a m�e. E o filho n�o poupa elogios. “Admiro muito o jeito que ela encara a vida. � a pessoa mais batalhadora que conhe�o. Profissionalmente, tem o talento para descobrir artistas novos e montar expografias. Todo mundo que vem � galeria elogia o espa�o.”
Servi�o
Albuquerque Contempor�nea
Rua Ant�nio de Albuquerque, 885, Savassi
(31) 3227-6494