“� comprar jornal para os outros lerem“ � uma das express�es que meu marido usa com muita propriedade de quando em vez. Hoje foi eu que usei, numa tentativa de nos tirar da desola��o que nos atingiu.
As quatro da tarde de um dia de semana parei em frente a uma casa no Bairro Tirol. Fui negociar umas pe�as com uma costureira e conversa vai, combina��es vem, acabamos tomando um cafezinho e apreciando as plantas que ela tem no terreiro. Chuva armando, decidi ir-me embora. Tudo isso demorou no m�ximo meia hora.
Onde est� meu carro? Furtaram. Rua pouco movimentada, carro sem alarme nem rastreador. Na mesma hora liguei para meu marido, pois nem a placa do carro eu sabia (nem ele, por�m ele tinha onde procurar).
Hav�amos comprado jornal para os outros lerem pela segunda vez no intervalo de um ano. Ou seja, est�vamos vendo acontecer a mesma cena. O mesmo modelo de carro, a mesma quilometragem. A diferen�a � que o primeiro foi furtado no Bairro Gutierrez.
J� tive v�rios carros da Fiat, o que prova que me adapto bem aos modelos da montadora. Mas prometi a mim mesma que nunca mais compro um Strada. Como o furtado ano passado, esse sequer passou pela primeira revis�o. Mas como acredit�vamos que “um raio n�o cai no mesmo lugar duas vezes” fomos n�s que ca�mos numa cilada e agora restou-nos o boletim de ocorr�ncia e a abertura do processo para recuperar o valor do ve�culo junto ao seguro.
“Acredita que ontem sentou-se a� um propriet�rio de uma Strada que n�o tinha seguro?“, nos contou o homem que, na delegacia, fez o BO para n�s, na tentativa de nos consolar. “Fiat Strada � objeto de desejo de todo ladr�o de carro”, havia dito o que ano passado fez o BO do outro carro.
O pior de isso tudo � que pela manh� minha dentista me contou que havia uma semana a cl�nica onde ela tem consult�rio havia sido assaltada. Na hora do almo�o foi a vez de ouvir meu marido contar sobre dois furtos de casas ocorridos recentemente na nossa vizinhan�a. O que eu n�o sabia era que poucas horas depois, eu me tornaria o assunto de mesma conversa.