Ao fim de todo feriado prolongado, Minas Gerais aparece nos notici�rios como o estado campe�o de acidentes e mortes em rodovias. A explica��o das autoridades respons�veis pelas estat�sticas de tanta viol�ncia tamb�m � sempre a mesma: a imprud�ncia dos motoristas, muitas vezes atrelada a fen�menos naturais, como chuva. Por isso, insistem os fiscais do asfalto, a maioria das mortes ocorre em colis�es frontais, causadas, principalmente, por ultrapassagens irregulares em pistas sinuosas e estreitas.
Mas especialistas em tr�nsito d�o outra dimens�o ao problema ao eleger a falta de estrutura da malha rodovi�ria mineira, a maior do pa�s, como a grande vil�. Precariedade que tira a vida de milhares de pessoas, causa grandes perdas a transportadoras, empresas de �nibus e ind�strias, e afeta at� a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). A corpora��o teve de cancelar o lan�amento da campanha Acenda os far�is – d� uma luz para a vida, que ocorreria na quarta-feira na BR-381, por causa da interdi��o da abalada ponte no Rio das Velhas, no km 455, no limite de Belo Horizonte e Sabar�, na regi�o metropolitana.
Para que a carnificina no asfalto n�o seja novamente motivo de sofrimento para tantas fam�lias neste feriad�o, o Estado de Minas analisou os n�meros da PRF na Opera��o Semana Santa de 2010. Os dados apontam as principais causas dos acidentes com mortes, o dia de maior incid�ncia dos desastres, as caracter�sticas dos trechos das rodovias onde eles ocorrem com maior frequ�ncia, al�m do hor�rio citado por especialista e pela corpora��o como o mais cr�tico. O objetivo � criar um “manual de sobreviv�ncia” para motoristas e passageiros, permitindo que eles cheguem ao destino em seguran�a.
Das 31 mortes do feriad�o da semana santa de 2010, 11 foram na BR-381, sendo oito no trecho mais perigoso da rodovia, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e tr�s na Fern�o Dias, entre a capital mineira e S�o Paulo. Sete foram na BR-116 (Rio/Bahia), quatro na BR-040 (tr�s entre BH e o Rio de Janeiro e uma entre BH e Bras�lia), tr�s na BR-365, uma na BR-459 e uma na BR-050. A PRF n�o informou os locais de quatro mortes.
Apenas uma pessoa perdeu a vida em rodovia de pista duplicada, ao ser atropelada no km 433 da BR-040, em Paraopeba, na Regi�o Central. Os demais casos foram em vias de pista simples e sem divis�ria central que pode evitar choques entre ve�culos que trafegam em sentidos opostos ou que fazem ultrapassagens malsucedidas. As colis�es entre carros de passeio causaram 21 mortes (15 em batidas frontais, tr�s em transversais, duas em laterais e uma na traseira do carro).
“As caracter�sticas dos acidentes mostram que todas as rodovias federais de Minas est�o ultrapassadas. N�o basta melhorar a sinaliza��o, � preciso reconstru�-las, duplicar as pistas e p�r barreiras f�sicas para separar os dois sentidos, de concreto ou a�o”, afirmou o especialista em tr�nsito e assuntos urbanos Jos� Aparecido Ribeiro, presidente do Movimento SOS Rodovias Federais-MG.
Segundo ele, estudos mostram que as interven��es nas rodovias evitariam 60% das mortes. “N�o podemos negar a imprud�ncia dos motoristas. Mas o que mata s�o as colis�es entre ve�culos, sobretudo frontais. Por isso, a maioria das mortes ocorre, historicamente, na BR-381, principalmente entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade, trecho conhecido como Rodovia da Morte.” A maior parte das mortes (10) na semana santa de 2010 ocorreu no domingo, �ltimo dia do feriado, na volta para casa. O per�odo noturno � o mais cr�tico. “Altera��es da press�o sangu�nea s�o mais comuns das 19h �s 21h, podendo provocar sonol�ncia nos motoristas”, diz o especialista.
