Conhe�a as obras projetadas por Berti em Belo Horizonte

 

A atual restaura��o do Cine Santa Tereza, no Bairro Santa Tereza, na Regi�o Leste, traz � tona da hist�ria de Belo Horizonte o nome de um dos seus arquitetos mais importantes. E produtivos. Nas mais de quatro d�cadas que viveu e trabalhou na capital, o italiano Raffaello Berti (1900-1972) foi autor de mais de 500 projetos de casas, cinemas, escolas, igrejas, hospitais e edif�cios residenciais, comerciais e p�blicos. S� para destacar alguns que se tornaram refer�ncia: o pr�dio da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, nº 1.212, no Centro; da Santa Casa, no Bairro Santa Efig�nia; o Pal�cio Cristo-Rei, sede da arquidiocese, na Pra�a da Liberdade; sede social do Minas T�nis Clube, na Rua da Bahia; e o Cine Metr�pole, demolido e ainda na mem�ria de muitos cin�filos e apaixonados pelo patrim�nio cultural de BH.

Berti chegou a BH em 1929 a convite do arquiteto mineiro Luiz Signorelli, autor do projeto do Grande Hotel de Arax�, na Regi�o do Alto Parana�ba. Casado com a carioca Aracy Nunes, o italiano tinha a inten��o inicial de ficar apenas seis meses, mas fixou resid�ncia, participando da funda��o da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e produzindo em alta voltagem at� o fim dos seus dias, em 1972. “Era um arquiteto criativo e inovador, um profissional no sentido lato, totalmente conectado com o mundo em que vivia, antenado com tudo o que era contempor�neo”, diz o professor e ex-diretor da escola, Fl�vio Carsalade, lembrando que Berti desenvolveu projetos no estilo art d�co e depois modernista.

A trajet�ria profissional, no Brasil, do arquiteto formado na Real Academia de Belas Artes, em Carrara, na It�lia, come�ou em 1922. Depois de desembarcar no Rio de Janeiro, duas semanas antes de completar 22 anos, foi trabalhar no Escrit�rio T�cnico Heitor de Melo e se juntou � equipe encarregada do planejamento da exposi��o internacional comemorativa do centen�rio da Independ�ncia. Na sequ�ncia, ainda na capital fluminense, projetou o Hospital Gaffr�e-Guinle e a sede do J�quei Clube, ao lado dos arquitetos Arquimedes Mem�ria e Francisque Cuchet. Sete anos depois, chegou � capital mineira. Em BH, onde morou a maior parte da vida e criou os quatro filhos –Mario e o jornalista T�lio Berti (ambos falecidos), que atuou no antigo Di�rio da Tarde, D�ria, residente na capital, e Marina, moradora de Governador Valadares, na Regi�o Leste –, Raffaello encontrou terreno f�rtil para desenvolver suas ideias. _

“Quando morreu, Raffaello estava com um projeto na prancheta”, diz a professora de direito da UFMG e ju�za do Tribunal Eclesi�stico da Arquidiocese Metropolitana de BH, Silma Mendes Berti, vi�va de Mario que tamb�m era arquiteto e professor. Coordenadora editorial do livro Raffaello Berti – Projeto Mem�ria, com textos de Maria Alice de Barros Marques Fonseca, Silma diz que “grande parte da hist�ria arquitet�nica de BH resulta do trabalho de Raffaello, n�o s� em quantidade mas tamb�m em qualidade”. E conta que o filho ca�ula de Camilo e Fortuna veio para o Brasil tendo como refer�ncia uma das irm�s, que chegara poucos anos antes e se estabelecera no Rio.

Aquarelas urbanas

Basta andar pela cidade para encontrar um projeto de autoria de Raffaello Berti. Alguns j� desapareceram do mapa, como o Cine Metr�pole, mas � poss�vel admirar o Col�gio Izabela Hendrix, na Rua da Bahia, para o qual, em 1939, projetou o audit�rio; o hoje decadente pr�dio do Cine M�xico, na Avenida Oiapoque; o antigo Hotel Itatiaia, na Pra�a Rui Barbosa; a Maternidade Odete Valadares; o Edif�cio Alcazar, na Rua da Bahia, onde morou; e a Feira Permanente de Amostras, j� demolida para dar lugar ao terminal rodovi�rio. Berti tamb�m era pintor e fez a exposi��o Aquarelas e arquitetura moderna na cidade em abril de 1932. O presidente da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), Le�nidas Oliveira, que tem mestrado em restaura��o e doutorado em hist�ria da arte, destaca que a maioria dos pr�dios de Berti, em estilo art d�co, tem linhas retas e frisos horizontais, com fachada em p� de pedra. “Berti marcou a cidade”, afirma o dirigente.

O Museu Hist�rico Ab�lio Barreto (MhAB), vinculado � FMC, guarda os projetos de autoria de Berti, os quais est�o sendo digitalizados, al�m de objetos pessoais, como caixa de trabalho, vidros de tinta, livros, documentos, retratos, diplomas e outros. Todo o material foi doado pela fam�lia do arquiteto e a inten��o, no futuro, � fazer uma exposi��o. Quem visitar a institui��o, que fica na Avenida Prudente de Morais, 202, no Bairro Cidade Jardim, na Regi�o Centro-Sul, vai se surpreender com o �lbum de figurinhas que conta um pouco da vida profissional de Berti em BH.

O arquiteto desenvolveu projetos (resid�ncias, igrejas e pr�dios p�blicos) para Divin�polis e Ita�na, na Regi�o Centro-Oeste, Uberl�ndia, no Tri�ngulo, Pe�anha, no Leste, Capelinha, no Norte de Minas e outros munic�pios. “Ele projetou casas de gente e de Deus. E sempre fez quest�o de transmitir aos filhos o amor que sentia pelo Brasil, a terra que o acolheu”, afirma Silma.

Confira alguns dos grandes projetos arquitet�nicos de Raffaello Berti em Belo Horizonte

Pal�cio Cristo Rei (1937), na Pra�a da Liberdade (foto)

Santa Casa (1941-1946), no Bairro Santa Efig�nia

Minas T�nis Clube (1940), na Rua da Bahia

 Cine Metr�pole (1941, demolido), no Centro

Prefeitura Municipal (1935), na Avenida Afonso Pena

 Hospital Fel�cio Rocho (1944), na Avenida do Contorno

Hospital Odilon Behrens (1941), no Bairro S�o Crist�v�o

 COL�GIO MUNICIPAL Marconi (1938-1941), na Contorno

 

 

Cine Santa Tereza (1942), na Pra�a Duque de Caxias (foto)

Hospital Vera Cruz (1944), na Avenida Barbacena