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Estado de Minas

Conhe�a o barco a vapor pioneiro das �guas em Minas Gerais

Saldanha Marinho, primeiro vapor a singrar os rios das Velhas e S�o Francisco, em 1871, com passageiros e mercadorias, � atra��o em pra�a, mas sofre a a��o dos v�ndalos


postado em 08/12/2012 06:00 / atualizado em 08/12/2012 07:08

Em Juazeiro, na Bahia, quase ninguém conhece o passado glorioso do vapor, que por muitos anos fez o percurso entre Pirapora, em Minas, e o município onde hoje está guardado(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Em Juazeiro, na Bahia, quase ningu�m conhece o passado glorioso do vapor, que por muitos anos fez o percurso entre Pirapora, em Minas, e o munic�pio onde hoje est� guardado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Juazeiro (BA) – A 1,6 mil quil�metros de Belo Horizonte, uma embarca��o com 28 metros de comprimento e que ajudou no desenvolvimento econ�mico e social de Minas Gerais e de estados do Nordeste “descansa” em Juazeiro, numa pra�a �s margens do Rio S�o Francisco. Trata-se do Saldanha Marinho, o primeiro vapor a navegar no Rio das Velhas e no Velho Chico. O nome de batismo, estampado com letras grandes no casco escuro, � uma homenagem ao pol�tico que governou a prov�ncia mineira, de 1865 e 1867, e a paulista, em 1867 e em 1868. Hoje, o barco � uma das principais atra��es tur�sticas daquele munic�pio do semi�rido.


Mas sua import�ncia – tanto hist�rica quanto econ�mica – come�ou na Grande BH. O vapor, tamb�m chamado de gaiola, apelido dado pelos ribeirinhos aos barcos movidos por imensas rodas d’�gua, foi lan�ado no leito do Rio das Velhas, maior afluente do S�o Francisco, em 1871, perto de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo. A embarca��o fazia a rota Pirapora–Juazeiro, uma das principais do pa�s nas primeiras cinco d�cadas do s�culo passado. De apito rouco e estridente, o Saldanha Marinho navegava a 23 km/h rio abaixo e 14 km/h leito acima.

Por viagem, levava cerca de duas dezenas de pessoas e, no m�ximo, seis toneladas de mercadoria. Cada viagem durava dias. E foi assim por quase 60 anos. � necess�rio frisar que a hidrovia do Velho Chico era um importante corredor entre o Sudeste e o Nordeste do Brasil. Primeiro, porque o S�o Francisco, conhecido como o Rio da Integra��o Nacional, corta cinco estados: Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Segundo: o barco era o �nico meio de transporte para muitos moradores das cidades cortadas pelo rio, uma vez que, naquela �poca, a malha rodovi�ria do pa�s era deficit�ria e a avia��o era considerada luxo.

Vapores

O Saldanha Marinho, assim como as dezenas de vapores que percorriam as �guas calmas do S�o Francisco, ainda � alvo de uma d�vida. Embora os historiadores sejam un�nimes em dizer que ele debutou no Velhas em 1871, sua origem � motivo de disc�rdia entre especialistas. Uma corrente acredita que o vapor foi constru�do, a pedido de Saldanha Marinho, por Henrique Dumont, pai de Santos Dumont (1876–1932).

Em sua obra O caminho dos currais do Rio das Velhas – A estrada real do sert�o, o m�dico e pesquisador Eug�nio Marcos Andrade Goulart escreveu, na p�gina 144, que “o primeiro barco a vapor a sulcar o Rio das Velhas e o S�o Francisco foi o Saldanha Marinho. Foi constru�do num estaleiro pr�ximo a Sabar� por Henrique Dumont, pai do aviador Santos Dumont”.

Por sua vez, outro grupo defende a tese de que o vapor foi constru�do nos Estados Unidos, onde navegou no Rio Mississipi. No fim do s�culo retrasado, segundo os que acreditam nessa vers�o, o gaiola teria sido desmontado e enviado para o Brasil. Primeiro, para ser usado no Rio Amazonas. Depois, no Velhas. Para isso, teria sido desmontado novamente e enviado para o povoado de Quinta do Sumidouro, pr�ximo a Lagoa Santa, onde foi montado e colocado no rio.

Essa �ltima vers�o � bem parecida com a hist�ria do Benjamim Guimar�es, o �nico vapor em atividade no planeta. Constru�do para navegar no Mississipi, em 1913, o Benjamim veio para o Brasil, na primeira metade do s�culo passado, e tamb�m navegou no Amazonas. Anos depois, foi desmontado e encaminhado para o S�o Francisco, explorando a rota Pirapora–Juazeiro. Hoje, o gaiola leva apenas turistas, de Pirapora a Barra do Guaicu�, distrito de V�rzea da Palma, no Norte de Minas, num trecho de aproximadamente 20 quil�metros.

As ru�nas de uma hist�ria inacabada

Barra do Guaicu� � o vilarejo que testemunha o Rio das Velhas desaguar no S�o Francisco. Assim que chegou ao encontro dos dois leitos, o Saldanha Marinho encalhou no local, cujo cart�o-postal � a igreja inacabada de Bom Jesus de Matozinhos, que come�ou a ser constru�da pelos escravos por volta de 1650.  Em suas ru�nas, nasceu uma gameleira, que hoje d� charme � igreja de pedras. O local, embora tur�stico, est� pichado. O mesmo ocorre com o Saldanha Marinho.

V�ndalos escreveram frases e nomes na parte interna do vapor. Restos de marmitas de alum�nio tamb�m s�o encontrados na escada que d� acesso ao segundo pavimento, onde ficam as cabines, que eram usadas por marujos e passageiros. “As pessoas precisam respeitar mais a hist�ria do barco”, defende Jo�o Pereira de Ara�jo, de 60 anos. Nascido no sert�o do Piau�, ele se mudou, ainda jovem, para Juazeiro. Diariamente, leva seu cavalo, batizado de Pangar�, para pastar �s margens do S�o Francisco.

Enquanto espera o animal se alimentar, ele aprecia o leito e, claro, o Saldanha Marinho. A Prefeitura de Juazeiro tem planos de reformar o barco. A ideia � recuperar o apito do gaiola e a roda d’�gua, que n�o funcionam desde 1971, quando a embarca��o come�ou seu descanso em terra firme.

LINHA DO TEMPO
1871: Saldanha Marinho inaugura a navega��o por vapores no Rio das Velhas
1877: Embarca��o � fretada pela Companhia Cedro Cachoeira para transportar tecidos da empresa
1943: O barco, com problemas na estrutura, interrompe suas viagens pelo Velho Chico
1971: J� aposentado, o gaiola � transferido para a pra�a em Juazeiro, �s margens do S�o Francisco
D�cada de 1990: O gaiola � reformado
D�cada de 2000: O barco funciona como restaurante e pizzaria


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