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Estado de Minas CLIMA DE MEDO NO VALE DO A�O

Ex-namorada de fot�grafo executado � amea�ada por telefone


postado em 18/04/2013 06:00 / atualizado em 18/04/2013 09:03

Celebração em homenagem a Rodrigo Neto cobrava o fim da impunidade, antes do segundo assassinato. Agora, clima de insegurança se espalha(foto: Wolmer Ezequiel/Diário do Aço %u2013 14/3/13)
Celebra��o em homenagem a Rodrigo Neto cobrava o fim da impunidade, antes do segundo assassinato. Agora, clima de inseguran�a se espalha (foto: Wolmer Ezequiel/Di�rio do A�o %u2013 14/3/13)


Ipatinga –
Nem a presen�a no Vale do A�o de uma for�a-tarefa da Pol�cia Civil de Belo Horizonte, com refor�o de quatro delegados, 10 investigadores e tr�s escriv�es, foi capaz de frear as afrontas dos criminosos que j� assassinaram dois jornalistas na regi�o e que estariam ligados a policiais. A ex-namorada do fot�grafo Walgney Assis Carvalho, de 43 anos, executado no domingo, em Coronel Fabriciano, recebeu amea�a an�nima por telefone na manh� de ontem. Ela disse ao Estado de Minas que pediu seguran�a � pol�cia e que pretende deixar a cidade o mais r�pido poss�vel, para n�o se tornar mais uma v�tima. Segundo a Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, h� pelo menos 20 policiais envolvidos em mais de 21 homic�dios, denunciados pelo rep�rter do Jornal Vale do A�o Rodrigo Neto, morto em 7 de mar�o, e pelo colega, o fot�grafo Walgney Carvalho.

Para que a equipe do EM conversasse com a ex-namorada do fot�grafo, logo depois da amea�a e apenas tr�s dias depois do assassinato dele, foram necess�rias muitas articula��es e garantias a pessoas que a conhecem, para assegurar que n�o se tratava de uma a��o ligada a policiais, nem de uma emboscada. Por volta das 15h30 de ontem, finalmente houve contato com ela, que namorou o rep�rter-fotogr�fico por um ano. Os dois estavam separados havia um m�s, mas ainda se encontravam. Enquanto empacotava suas coisas, a mulher disse estar apavorada e sem saber a quem recorrer.

A jovem contou que, por volta das 9h de ontem, seu celular tocou e um n�mero n�o identificado apareceu. Ela disse que atendeu sem muita preocupa��o. “Uma voz rouca, muito agressiva, me disse, bem devagar: ‘Voc� � a namorada do Walgney’.” O que se seguiu a essa frase, segundo ela, foi um sil�ncio perturbador do outro lado da linha e um p�nico paralisante que tomou conta de seu corpo. “Isso � uma mensagem direta para mim. De que sabem quem sou, onde estou e que podem me achar. Acham que sei de alguma coisa, mas n�o sei de nada. Estou apavorada, com medo de algu�m vir me matar tamb�m.”


Ao procurar prote��o policial, ela contou ter sido orientada a n�o atender a nenhum telefonema mais e a reunir suas coisas para ir embora. Contudo, diante das den�ncias feitas por outras v�timas, que n�o resultaram em seguran�a, ela resolveu procurar tamb�m outras formas de se proteger. “Est�vamos terminados, mas �ramos amigos. Ele foi chorar a morte do Rodrigo comigo, mas n�o falou nada que pudesse apontar para algum suspeito, nem nada que mostrasse que estava preocupado com a pr�pria vida.”

A reportagem do EM procurou jornalistas e policiais que conheceram a carreira de Walgney e at� no Comit� Rodrigo Neto – criado pela imprensa do Vale do A�o para acompanhar as investiga��es. Segundo os integrantes, h� medo de que se descaracterize a morte do fot�grafo, por causa de seu envolvimento com a��es policiais. “O Walgney tinha um envolvimento estrito com policiais militares e civis. N�o apenas profissional, mas tamb�m de outros tipos, digamos, paralelos”, disse um jornalista �ntimo dos dois. “Ele seguia dentro dos rabec�es para fazer fotos dos homic�dios e acidentes. Mais do que isso, agia como se fosse da Pol�cia Civil”, descreve um dos membros do comit�.

“Quando o perito faltava, ele mesmo tirava fotos, fazia medi��es nas cenas de crimes e registrava os laudos”, revela outra fonte do comit�. “O que tememos � dizerem que o Walgney foi morto por estar envolvido com a pol�cia, quando sabemos que morreu por seu envolvimento com o Rodrigo”, diz outro membro do grupo.

As pol�cias Civil e Militar de Ipatinga foram procuradas para comentar as novas amea�as contra pessoas relacionadas �s v�timas, mas se limitaram a informar que nenhum dado sobre a investiga��o seria repassado � imprensa.

Impunidade

Mais de 20 anos de assassinatos e afrontas � lei impunes vinham sendo denunciados pelo rep�rter Rodrigo Neto, de 38 anos, executado em 8 de mar�o. Seu colega de trabalho, o fot�grafo Walgney Assis Carvalho, de 43, foi morto 37 dias depois. As suspeitas recaem sobre um esquadr�o de exterm�nio formado por policiais militares e civis. Antes dos dois �ltimos assassinatos, havia cinco profissionais de jornais e r�dios sediados em Ipatinga especializados na cobertura policial. Dos tr�s sobreviventes, dois est�o sob amea�a, enquanto o outro pediu demiss�o e fugiu da cidade sem deixar rastro.

O presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Durval �ngelo (PT) confirmou ontem que foi procurado por dois jornalistas do Vale do A�o pedindo prote��o. A requisi��o ser� encaminhada � Secretaria de Estado de Defesa Social. O deputado chamou aten��o para o fato de ju�zes do Vale do A�o n�o terem concedido nenhuma pris�o preventiva a policiais acusados de envolvimento com o crime organizado. “H� ju�zes que t�m medo dos policiais; outros s�o escoltados pelos pr�prios denunciados”, afirmou.

Repercuss�o em todo o pa�s

A Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica (SDH/PR) vai avaliar os riscos a que est�o submetidos outros dois jornalistas do Vale do A�o, que podem ser inclu�dos no Programa Nacional de Prote��o a V�timas e Testemunhas (Provita). Em nota divulgada ontem, o Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos dos Profissionais de Comunica��o no Brasil, �rg�o do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), al�m de repudiar a viol�ncia contra profissionais de comunica��o na regi�o, requisitou � secretaria prote��o para os dois que estariam sendo alvo de amea�as. A Federa��o Nacional dos Jornalistas (Fenaj) cobrou, por meio de nota, uma postura mais en�rgica "diante deste cen�rio de crescente impunidade e viol�ncia contra os profissionais de jornalismo no Brasil". O governador Antonio Anastasia reiterou o empenho em esclarecer os crimes contra jornalistas na regi�o.


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