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Estado de Minas

Famosa pelo queijo artesanal, Serro, no Vale do Jequitinhonha, comemora o tricenten�rio

Cidade hist�rica resgata caixa enterrada aos p�s da escada da Igreja de Nossa Senhora do carmo


postado em 01/02/2014 06:00 / atualizado em 01/02/2014 07:51

(foto: Arquivo EM - 3/9/76)
(foto: Arquivo EM - 3/9/76)
Os primeiros habitantes, os �ndios botocudos, chamavam a regi�o de Ibi-ti-ru� ou Ivituru�, que na l�ngua deles significava “serra dos ventos frios”. Da� veio o nome Serro Frio e mais tarde Serro, uma das cidades coloniais mais importantes de Minas, primeira a ser tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), terra do queijo artesanal famoso e de personagens ilustres, entre eles o republicano Te�filo Otoni, o ex-governador de Minas Jo�o Pinheiro, maestro Lobo de Mesquita e escultor Mestre Valentim. Localizado no Vale do Jequitinhonha e expoente da Trilha dos Diamantes, na Estrada Real, o Serro comemorou, na quarta-feira, 300 anos de eleva��o dos seus primitivos arraiais a Vila do Pr�ncipe, ato assinado em 29 de janeiro de 1714 pelo governador da Capitania de Minas de Ouro e S�o Paulo, dom Braz Balthazar da Silveira.

“Bem antes da eleva��o a vila, em 1702, os bandeirantes Antonio Soares Ferreira e seu filho Jo�o Soares fundaram dois arraiais – o de Baixo, que segue o Ribeir�o do Lucas, e o de Cima, em dire��o ao C�rrego dos Quatro Vint�ns”, conta a historiadora Zara Sim�es, nascida e criada no Serro. “Depois os dois arraiais se uniram e formaram a Vila do Pr�ncipe, homenagem ao pr�ncipe portugu�s dom Jos� I, nascido naquele ano. � categoria de cidade, s� chegou em 6 de mar�o de 1838, por lei provincial.”

Apaixonada pelo patrim�nio cultural da cidade, Zara participou de dois momentos simb�licos da terra natal. Em 29 de janeiro de 1975, adolescente, ela assistiu ao in�cio de uma campanha para preservar o conjunto art�stico e conscientizar a popula��o local. E mais: viu quando foi enterrado, aos p�s da escadaria da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, uma caixa com documentos da �poca (jornais, artigos, um deles publicado no Estado de Minas, manuscritos, cr�nicas e outros registros) que s� seria aberta na solenidade comemorativa do tricenten�rio.

Na manh� de quarta-feira, a historiadora presenciou o novo momento e comparou o per�odo de quase quatro d�cadas. “Em meados dos anos 1970, o Serro estava muito esquecido, talvez pela dist�ncia da capital. Pr�dios antigos degradados, assim como as igrejas. Com o passar do tempo e asfaltamento das estradas de acesso, a situa��o melhorou um pouco. Mas, hoje, sinto a necessidade de mais aten��o para conserva��o do acervo, principalmente do casario. Estamos perdendo muitos im�veis de relev�ncia e � bom lembrar que a cidade foi tombada pelo Iphan h� 76 anos”, afirma Zara. O envolvimento dos jovens na conserva��o deve ser pe�a fundamental, acredita a professora, certa de que “eles est�o, agora, mais distantes da hist�ria local”.

A comarca do Serro Frio foi institu�da pela coroa portuguesa em 1720 e, segundo a historiadora, de t�o extensa que era, fazia divisa com os estados da Bahia e Esp�rito Santo. “Munic�pios como Montes Claros, no Norte de Minas, e Governador Valadares, no Leste, s�o filhos do Serro.” Seis anos antes, foram criadas as tr�s comarcas pioneiras, representando a primeira divis�o administrativa e jur�dica da Capitania de Minas: Rio das Mortes (sede na Vila de S�o Jo�o del-Rei, hoje S�o Jo�o del-Rei), Rio das Velhas (sede na Vila Real de Nossa Senhora da Concei��o do Sabar�, atual Sabar�) e Vila Rica (sede em Vila Rica, atual Ouro Preto).

OURO E DIAMANTES No in�cio do s�culo 18, a expedi��o chefiada por Antonio Soares Ferreira descobriu as jazidas de ouro. Conforme as pesquisas, v�rios ranchos foram erguidos nas proximidades dos c�rregos, dando in�cio � forma��o dos arraiais que, mais tarde, originaram o povoado do Serro Frio. Como a explora��o estava desordenada, foi criado o cargo de superintendente das minas de ouro, ocupado pelo sargento-mor Louren�o Carlos Mascarenhas e Ara�jo.

Muita gente foi chegando, o lugarejo cresceu e, na sequ�ncia, os mineradores descobriram lavras de diamante na regi�o onde hoje est�o os distritos serranos de Milho Verde e S�o Gon�alo do Rio das Pedras e a cidade de Diamantina, antigo Arraial do Tejuco. Muitas foram as restri��es impostas � explora��o de ouro na comarca, ap�s o descobrimento dos diamantes. Em 1725, � determinada a cria��o da Casa de Fundi��o, para onde toda a produ��o aur�fera da regi�o passou a ser encaminhada. Apesar de todas as regras impostas, muitos aventureiros ganharam com o contrabando de ouro e diamante. De positivo, a vila passou a difundir cultura e civiliza��o e grande n�mero de exploradores, artistas, pol�ticos e religiosos foi viver l�.

Como houve o apogeu, ocorreu o decl�nio. As minas foram exploradas exaustivamente durante quase 100 anos e, no in�cio do s�culo 19, com a decad�ncia da minera��o, somente alguns exploradores, encorajados pelo governo, conseguiam arcar com os altos custos de produ��o. A maioria da popula��o foi viver, ent�o, da pecu�ria e agricultura de subsist�ncia, atividades dificultadas pela localiza��o geogr�fica da vila. “Os tropeiros t�m grande import�ncia nesse novo ciclo de desenvolvimento da regi�o”, destaca a professora de hist�ria.

 

 

Caixa com documentos e jornais foi enterrada há 40 anos e reaberta na quarta-feira(foto: Prefeitura do Serro/divulgação)
Caixa com documentos e jornais foi enterrada h� 40 anos e reaberta na quarta-feira (foto: Prefeitura do Serro/divulga��o)

SAIBA MAIS: PRIMEIRAS VILAS

A descoberta do ouro atraiu gente de todo canto para a regi�o das minas e gerou uma terra sem lei nos arraiais mineradores, no s�culo 17 e no in�cio do 18. Verdadeira desordem se instalou, pois n�o havia autoridades e o governo estava distante. Para normatizar administrativamente os lugarejos, o ent�o governador da Capitania das Minas de Ouro e S�o Paulo, Ant�nio de Albuquerque, criou, em 1711, as primeiras vilas, que, depois, passaram a funcionar como cabe�a de comarca. At� 1716, foram sete: Mariana, Ouro Preto, Sabar�, S�o Jo�o del-Rei, Caet�, Serro e Pitangui. A nova condi��o deu �s vilas uma s�rie de avan�os pol�ticos e administrativos, como a forma��o da c�mara de vereadores, o chamado Senado da C�mara. Segundo pesquisadores, nem todos deixaram de ser arraiais por decis�o espont�nea de Portugal. Mariana, Ouro Preto, Sabar�, S�o Jo�o del-Rei e Serro foram os �nicos povoamentos que chegaram � condi��o de vila por decis�o da coroa portuguesa. Alguns povoados, como Pitangui, foram elevados por pedidos dos paulistas que estavam na regi�o. A solicita��o, no entanto, n�o implicava resposta positiva, j� que o governador da capitania poderia aprov�-lo ou n�o.


LINHA DO TEMPO

1702 –Antonio Soares Ferreira e seu filho Jo�o Soares fundam dois arraiais
1714 – � criada a Vila do Pr�ncipe, com a uni�o dos arraiais, pelo governador da Capitania dom Braz Balthazar da Silveira
1720 –Vila do Pr�ncipe se torna sede da Comarca do Serro Frio. �ndios botocudos chamavam a regi�o de Ibi-ti-ru� ou Ivituru�, que significa “serra dos ventos frios”
1838 –Em 6 de mar�o, a Vila do Pr�ncipe –nome era uma homenagem ao pr�ncipe portugu�s dom Jos� I – � elevada � categoria de cidade por lei provincial
1938 – Em 8 de abril, Serro se torna a primeira cidade do pa�s tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan)
1975 – Em 29 de janeiro, come�a campanha para preservar o patrim�nio cultural. Urna com documentos � enterrada aos p�s da escadaria da Igreja de Nossa Senhora do Carmo
2014 –Em 29 de janeiro, cidade comemora 300 anos de eleva��o a vila. Urna � aberta e documentos ser�o restaurados e expostos em museu


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