
De mochila e capacete, com a bicicleta na cal�ada, Marcelo j� aguardava a reportagem na porta do pr�dio onde mora, na Avenida Uruguai. O dia frio e o trecho de descida pelas ruas Major Lopes e Alagoas facilitaram o trajeto e o ajudaram a n�o transpirar. “� f�cil se adaptar ao tr�nsito, mas exige aten��o. O ciclista deve sempre se manter vis�vel aos carros e sinalizar suas inten��es de convers�o com o bra�o”, recomenda o banc�rio. No primeiro sinal vermelho, ainda no cruzamento com a Avenida Nossa Senhora do Carmo, ele alerta. “Tem que parar no sem�foro, como os outros ve�culos. Uma boa dica � sair dois ou tr�s segundos antes dos carros, quando os ve�culos da outra via j� tiverem parado. Tudo com seguran�a, claro”, orienta.
Trocar a marcha para uma tra��o mais leve n�o � regra no caminho de Marcelo, pelo menos na ida, que � praticamente toda de descidas. A mudan�a s� foi necess�ria em um pequeno trecho. A subida da Avenida Crist�v�o Colombo para a Pra�a da Liberdade exige for�a, mas nada demais. Por isso, o banc�rio n�o precisa tomar banho quando chega no trabalho, apesar de ter essa op��o, caso deseje. No pr�dio, h� ainda biciclet�rio e outros cinco funcion�rios v�o trabalhar diariamente de bicicleta. “Se pensar bem, s�o menos cinco carros no tr�nsito”, diz.
A proximidade com carros e �nibus �s vezes assusta, mas o percurso mostrou que motoristas est�o se acostumando com os ciclistas. No cruzamento com Avenida Brasil, uma mulher esperou para acelerar o carro, para dar passagem a Marcelo e � equipe do EM. No caminho, motociclistas se mostram curiosos. Eles, que tamb�m est�o sobre duas rodas, parecem tentar entender a din�mica de conseguir espa�o para andar de bicicleta no tr�nsito cada vez mais competitivo.
Fim da viagem e Marcelo conta 15 minutos no rel�gio. “� mais r�pido vir de bike do que de �nibus e, mesmo gastando menos tempo de carro, em condi��es normais, perco cerca de 20 minutos para conseguir uma vaga para estacionar”, conta. O banc�rio lembra: “A volta � de subidas e d� pra suar. Mas a� estou indo embora e n�o tem problema”, diz.
Cuidado
Marcelo conta que nunca caiu, nem foi ‘fechado’ por carros ou motos. “Mas � preciso estar sempre alerta”, diz. O funcion�rio p�blico Carlos Henrique Junior, de 58, que trabalha na Sudecap, n�o teve a mesma sorte. J� foi atropelado duas vezes na ciclovia da Avenida Am�rico Vesp�cio, uma vez por uma moto que cortava caminho e outra por um carro que sa�a da garagem. "Aqui na Via 240 j� tive problemas com pedestres que n�o respeitam a ciclovia, mas l� na Am�rico Vesp�cio, al�m dos pedestres, temos problemas com os motoristas", conta, enquanto mostra as marcas dos acidentes no joelho.
O povo fala - Seduzidos pelas rodas
Marcos Souza, 43 anos, diretor de produ��o na Orquestra Filarm�nica de Minas Gerais

Adriano Stanley, 42 anos, professor universit�rio
"A bicicleta � a primeira op��o quando preciso sair de casa para resolver alguma quest�o pessoal, como ir ao banco ou a locais de presta��o de servi�os. Mas falta integra��o entre as vias."
Ronan Chamone, 27 anos, operador de processamento
"Deixei de pegar o carro para quase todas as situa��es. No ano passado, minha filha estudava no Col�gio Arnaldo e eu a levava e a buscava na garupa da bicicleta."
Daniel Souza, 20 anos, office boy
"Moro no Bairro Sagrada Fam�lia e gasto cerca de 30 minutos para ir pedalando at� o trabalho, no Funcion�rios. Pretendo continuar a usar a bicicleta, mas acho que as ciclovias precisam ser expandidas."
Henrique Daniel 14, Estudante do 9º ano
"Uso a bicicleta para me exercitar e quando preciso me deslocar para fazer algum servi�o. Tento andar s� pela ciclovia. N�o costumo ter problemas"