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Estado de Minas

Marqu�s de Sapuca�, que d� nome � avenida do carnaval carioca, nasceu em Nova Lima


postado em 24/01/2015 06:00 / atualizado em 29/04/2015 19:02

Busto do marquês de Sapucaí em Nova Lima, cidade onde ele nasceu, em 1793 (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press.)
Busto do marqu�s de Sapuca� em Nova Lima, cidade onde ele nasceu, em 1793 (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press.)

A vida desse homem d� um samba-enredo, com todos os quesitos necess�rios para levantar a arquibancada, jogar os holofotes sobre o per�odo imperial e mostrar que Minas Gerais e Rio de Janeiro sempre fizeram excelentes parcerias. Natural de Congonhas de Sabar�, nome primitivo de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, C�ndido Jos� de Ara�jo Viana (1793-1875) entrou para as p�ginas da hist�ria do Brasil – e para a maior farra nacional, o carnaval – como marqu�s de Sapuca�. No primeiro caso, fez fama como deputado, senador, desembargador, conselheiro do Imp�rio, ministro das Finan�as e da Justi�a e ocupante de outros cargos importantes nos tempos de dom Pedro I (1798-1834), Reg�ncia e dom Pedro II (1835-1891); j� no segundo momento, a folia, seu nome batizou a avenida da capital fluminense onde, no in�cio da d�cada de 1980, foi constru�do o Samb�dromo, palco do “maior show da terra”.

O primeiro verso de um samba para homenagear o marqu�s de Sapucahy, que antes foi visconde, poderia come�ar pelo seu nome. Registrado C�ndido Cardoso Canuto Cunha, ele decidiu alterar o nome aos 13 anos, passando a se chamar C�ndido Jos� de Ara�jo Viana. “A fam�lia era mais conhecida por Ara�jo Viana, da� a sua decis�o, com a licen�a do pai”, diz o historiador mineiro Walter Gon�alves Taveira, autor, com Br�ulio Carsalade Villela, do livro Marqu�s de Sapucahy, oexecutivo do Imp�rio, lan�ado no ano passado. Para Taveira, trata-se de um grande brasileiro, de express�o pol�tica e idoneidade moral, que tamb�m foi presidente das prov�ncias de Alagoas e Maranh�o, preceptor dos filhos dos imperadores e poliglota.

Nascido numa fam�lia numerosa e com dois irm�os m�dicos, o jovem C�ndido, aos 21 anos, foi nomeado pelo pr�ncipe regente Dom Jo�o VI (1767-1826) para o cargo de ajudante de ordenan�a do Termo de Sabar�. Dois anos depois, seguiu para fazer os estudos jur�dicos na Universidade de Coimbra, em Portugal. Voltou bacharel em direito e pronto para receber nova incumb�ncia em Sabar�: ser promotor de Capelas e Res�duos. Na sequ�ncia, e cada vez mais solicitado pela compet�ncia, C�ndido foi juiz em Mariana at� que, em 1823, se elegeu deputado por Minas para a Assembleia Constituinte do Imp�rio.

A partir da�, foi uma sucess�o de cargos de relev�ncia, diz Taveira. C�ndido assumiu a dire��o do Di�rio da Assembleia, no Rio; retornou a Mariana para ocupar novamente o cargo de juiz; foi nomeado desembargador de Rela��o em Pernambuco, sendo transferido em 1832 para a Bahia; elegeu-se tr�s vezes deputado; e chegou ao Senado como vital�cio. O escritor n�o poupa elogios ao conterr�neo que ganhou um busto na Pra�a Bernardino de Lima, em frente ao Teatro Municipal e � Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Nova Lima, e destaque no Centro de Mem�ria local (Rua Tiradentes, nº 78), vinculado � Secretaria Municipal de Cultura.

(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
No Centro de Mem�ria, h� fotos do marqu�s com sua longa barba, do sobrado do Bairro Bonfim, no qual a fam�lia Ara�jo Viana viveu e que j� foi demolido, de documentos manuscritos emoldurados e de uma placa de madeira, datada de 1917, encontrada h� tr�s anos num quintal da cidade. Nela, est� escrito de acordo com a grafia da �poca: “Nesta casa nasceo a 15 de setembro de 1793 Candido Jos� Araujo Viana, visconde depois marquez de Sapucahy, fallecido a 23 de janeiro de 1875, na cidade do Rio de Janeiro, onde se acha sepultado em carneiro perp�tuo no Cemiterio de Catumby da mesma cidade – 1917”

REFORMA Imposs�vel n�o ficar impressionado com a multiplicidade de fun��es desempenhadas pelo marqu�s de Sapuca�. De acordo com o livro Nova Lima, ontem e hoje, de 2013, o mineiro ilustre “foi nomeado, em 1839, professor de literatura e ci�ncias positivas de Dom Pedro II e suas irm�s e, mais tarde, mestre das princesas suas filhas”. E mais: “Sua participa��o na vida pol�tica melhorou a instru��o p�blica e o aprimoramento da dire��o cient�fica do Museu Nacional (…) Era profundo latinista, versado em grego, hebraico e v�rias l�nguas europeias”.

O escritor Walter Taveira lembra que os feitos do marqu�s s�o infinitos, de grande influ�ncia no Imp�rio, em especial na economia, no per�odo em que foi ministro das Finan�as, entre 1831 e 1834. No per�odo da Reg�ncia, empreendeu uma grande reforma, propiciando a estabiliza��o financeira do pa�s. O dedo do marqu�s esteve presente na decis�o que permitiu a entrada de capital estrangeiro na minera��o, reforma do correio e institui��o do Selo Nacional.

Taveira explica que a ideia de escrever o livro partiu das poucas informa��es existentes sobre o marqu�s de Sapuca�. “� fundamental lembrar que ele tamb�m foi poeta.” Com esse nobre curr�culo, vai um aviso aos sambistas e carnavalescos: est� passando da hora de o mineiro ser homenageado pelas escolas do primeiro grupo do Rio. “Sem d�vida, esta hist�ria d� samba”, brinca o escritor. Enquanto isso n�o ocorre, vale lembrar a lembra do samba-enredo do G.R.E.S Est�cio de S�, em 1987: “Que tititi � esse que vem da Sapuca�, t� que t� danado, t� cheirando a sapoti…”

 

Saiba mais


CONGONHAS
DE SABAR�


A hist�ria de Nova Lima come�a no fim do s�culo 18, quando o bandeirante paulista Domingos Rodrigues da Fonseca Leme chega em busca de ouro. O primeiro nome dado ao lugar � Campos de Congonhas, que se refere a uma planta. Mas, devido � grande quantidade do metal, o nome muda para Congonhas das Minas de Ouro. Em 1836, � criado o distrito subordinado ao munic�pio de Sabar�, da� a denomina��o Congonhas de Sabar�. Em 5 de fevereiro de 1891, a localidade � emancipada e passa a se chamar Villa Nova de Lima, em homenagem, segundo pesquisa do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), ao historiador, poeta e pol�tico Ant�nio Augusto de Lima (1859-1934), que nasceu no local nos tempos de Congonhas de Sabar�. Em 1923, o munic�pio recebe o nome de Nova Lima.


Linha do tempo

1793

Em 15 de setembro, C�ndido Cardoso Canuto Cunha nasce em Congonhas de Sabar�, atual Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte

1814

Com 21 anos, C�ndido � nomeado para o cargo de ajudante de ordenan�a do Termo de Sabar�

1816

Em outubro, o jovem viaja para Coimbra, Portugal e se torna bacharel em direito

1823

Eleito deputado por Minas Gerais para a Assembleia Constituinte do Imp�rio

1826

Eleito deputado pela prov�ncia de Minas Gerais

1831

Como ministro das finan�as, o mineiro promove uma grande reforma econ�mica

1840

� eleito senador pela prov�ncia de Minas; ocupa a presid�ncia do Senado de 1851 a 1853


1875

Em 23 de janeiro, C�ndido morre no Rio de Janeiro; imperador dom Pedro II comparece ao vel�rio


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