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Estado de Minas

Canoa ind�gena constru�da em 1610 � encontrada em Minas Gerais

Teste com carbono 14 indica que a canoa encontrada por pescador no Rio Grande, no Sul de Minas, � de um tronco de arauc�ria e tem 400 anos, anterior � chegada dos bandeirantes


postado em 06/03/2015 06:00 / atualizado em 06/03/2015 08:22

Chamada de piroga pelos índios, embarcação datada de 1610 foi achada em outubro do ano passado(foto: José Marcos Alves Salgado/Divulgação)
Chamada de piroga pelos �ndios, embarca��o datada de 1610 foi achada em outubro do ano passado (foto: Jos� Marcos Alves Salgado/Divulga��o)

A canoa achada em outubro do ano passado no Rio Grande, na divisa de Andrel�ndia e Santana do Garamb�u, no Sul de Minas, � a mais antiga j� identificada no estado. Teste feito com carbono 14 de uma amostra da madeira, no Laborat�rio Beta Analytics, em Miami, na Fl�rida (EUA), mostra que a pe�a inteiri�a data de aproximadamente 1610 – sete d�cadas antes da chegada dos primeiros bandeirantes � regi�o. Outro resultado importante divulgado ontem, desta vez a partir de estudo cient�fico do Instituto de Pesquisas Tecnol�gicas de S�o Paulo (IPT-SP), revela que a embarca��o foi escavada no tronco de uma Araucaria angustifolia, conhecida popularmente como pinheiro do Paran�.

Encontrada pelo pescador Pedro Fonseca e o filho, Douglas, de 9 anos, que remavam em um fim de semana, a canoa tem 9,10m de comprimento e 70cm de largura e est� em exposi��o na sede do N�cleo de Pesquisas Arqueol�gicas (NPA) do Alto Rio Grande, associa��o que encomendou os dois testes e completa 30 anos em favor da preserva��o do patrim�nio cultural de Andrel�ndia. Nos �ltimos 18 anos, seis pe�as de tamanhos variados foram localizadas em rios. Outra “piroga”, como os �ndios denominavam esse meio de transporte, foi encontrada em 1999 no Rio Aiuruoca, no limite entre entre Andrel�ndia e S�o Vicente de Minas, e recebeu a data��o de 1660, tamb�m com radiocarbono.

Entusiasmado com a descoberta, o conselheiro do NPA, engenheiro Gilberto Pires de Azevedo, explica que os povos pioneiros que habitavam a regi�o tinham um contato muito grande com a arauc�ria. “Escava��es feitas na d�cada de 1980 por arque�logos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no s�tio da Toca do �ndio, na Serra de Santo Ant�nio, encontraram sementes de pinh�o, que, possivelmente, eram consumidas como alimento. Os vest�gios mais antigos t�m 3.500 anos”, afirma Gilberto.

O conselheiro acrescenta que a data��o confirma que a canoa tem proced�ncia ind�gena, fato que j� havia sido considerado pelos integrantes do NPA, “pois ela foi escavada num �nico tronco de madeira, n�o tem sinais aparentes de uso de ferramentas modernas, como serras ou form�es, e traz marcas de fogo, indicando a antiga t�cnica dos �ndios”. A partir do s�culo 18, explica, a arauc�ria sofreu processo acelerado de destrui��o, sobretudo para o uso da madeira em constru��es civis. “Hoje seu territ�rio est� reduzido a uma fra��o m�nima, o que segundo a Uni�o Internacional para a Conserva��o da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), a coloca em Perigo Cr�tico de Extin��o”, lamenta o engenheiro.

Em 29 de novembro, o Estado de Minas documentou o achado arqueol�gico, que teve participa��o fundamental de Douglas. No domingo de sol forte e n�vel do rio baixo, devido � longa estiagem, o menino teve vontade de mergulhar, quando encostou a m�o num peda�o de madeira. Comunicou ent�o ao pais, e a dupla verificou que a embarca��o estava enfiada na areia. Retirar a velha canoa n�o foi f�cil, conforme declarou, na �poca, o arquiteto Jos� Marcos Alves Salgado, tamb�m conselheiro do NPA: foram necess�rios quatro dias para levar a pe�a at� uma trilha no mato e proteg�-la. Na sequ�ncia, ela seguiu de caminh�o at� o Parque Arqueol�gico da Serra de Santo Ant�nio, unidade pertencente ao NPA.

Os achados no Sul de Minas, onde foram localizadas tr�s canoas do s�culo 17, sugerem que pode haver outras supresas, acredita Gilberto, lembrando que os achados arqueol�gicos se concentram em cavernas, grutas e na terra: “Descobertas desse tipo s�o muito raras no Sudeste do pa�s e a import�ncia hist�rica � enorme. � preciso haver mais estudos nos rios da regi�o, ainda nessa �poca de poucas chuvas”. O conselheiro do NPA adianta que a associa��o vai construir instala��es adequadas para proteger melhor a canoa e garantir mais conforto aos visitantes.

DESCOBERTAS Um desenho feito pelo alem�o Johann Moritz Rugendas (1802-1858), em viagem pelo pa�s entre 1821 e 1825, mostra 13 �ndios numa canoa. Ela tem 10,6m de comprimento e 70cm de largura e foi encontrada em 1999 no Rio Aiuruoca, que integra aa bacia do Rio Grande, em S�o Vicente de Minas, no Sul do estado.


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