
Entre o escorregador e outros brinquedos, a crian�ada tamb�m teve a op��o de aprender sobre reciclagem, em um cantinho montado com a ajuda do Centro Mineiro de Refer�ncia em Res�duos. A felicidade estava estampada no rosto de Jo�o Guilherme, que, descal�o, correu pelo sal�o de festas, mostrou aos amigos o caminh�o de coleta infantil que ganhou dos pais, abra�ou e se divertiu com os garis. “O lixo tem que jogar na lixeira”, dizia o pequeno a quem chegava. A paix�o pelos super-her�is de laranja come�ou cedo, quando Jo�o Guilherme tinha apenas 7 meses. “Ele se encantava com a cor do uniforme. Com 1 ano, ele via os garis e queria brincar”, conta a m�e, Patr�cia dos Reis Rezende, de 33 anos. Quando ficou maior, o menino se alegrava ao ver o caminh�o passar na rua de sua casa. “Sempre gritava e queria ir atr�s”.
Patr�cia trabalha na �rea operacional da Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) e fiscaliza o trabalho dos garis. No entanto, ela garante que o interesse do filho � bem anterior � sua atua��o na autarquia municipal. “Quando ele vai trabalhar comigo, pede para tirar foto com os garis. Mas o amor que ele tem � pelo que v� na rua, pela alegria deles”. E a admira��o � tamanha que, quando o menino v� um caminh�o de garis na rua, pede ao pai, o m�sico Reginaldoo da Silva, de 35, para parar o carro. “Um dia, encontramos um caminh�o de coleta e ele falou para o pai que o cora��o dele n�o ia aguentar de tanta emo��o”, lembra Patr�cia.

RECONHECIMENTO Durante a festa, garis foram prestigiar a comemora��o do pequeno Jo�o. � o caso de Daniel Rosa da Cruz, de 45, que h� 19 trabalha na coleta. “O amor dele pelos garis � de uma espontaneidade sem tamanho. Ele n�o foi em lugar nenhum buscar esse aprendizado. � algo que saiu de dentro dele”, diz. Para Daniel, que atuou por muitos anos, no grupo de mobiliza��o social da SLU, o amor com que as crian�as tratam os garis faz com que os adultos tamb�m possam valoriz�-los. “O carisma deles conosco faz com que adultos possam nos olhar com respeito e admira��o”, diz.
Daniel fez participa��o especial no CD infantil gravado por Rubinho do Vale. O m�sico mineiro comp�s uma homenagem aos profissionais de limpeza. “O preconceito com a gente diminuiu muito, mas existe ainda”, ponderou. A m�sica tocou durante boa parte da festa para alegrar a crian�ada e tamb�m lembr�-los da import�ncia desses profissionais. “Ai, se n�o fossem o gari, o varredor, o catador de papel. O que seria da cidade, da escola, do rio, do quartel, do parque, do clube, da igreja, hospital, padaria e hotel.” Na �poca, a grava��o foi acompanhada pelo menino Pedro Barros, que tamb�m quis ter os garis como motivo de sua festa de anivers�rio.
Os convidados aprovaram a decora��o da festa cujo esmero e criatividade podiam ser vistos em cada detalhe, como o servidor p�blico Walace dos Reis, de 46. “Fiquei deslumbrado com tanta beleza”, disse. Para ele, � muito bacana que um menino, no dia do anivers�rio, queira ser como o gari. “O caminh�o passa na porta da casa dele e eles brincam muito com ele, por isso, essa afinidade. Nunca fui a uma festa infantil que esse tenha sido o tema da recep��o. Est� tudo muto bom. As crian�as est�o encantadas.”