
H� mais de um ano, pedestres e �nibus do Move travam uma disputa nas ruas de Belo Horizonte, principalmente na Regi�o Central da capital. De todos os 26 acidentes publicados pelo Estado de Minas desde a inaugura��o do BRT, em mar�o do ano passado, 14 ocorreram no Centro (8) e no Complexo da Lagoinha (6). Analisando todas as ocorr�ncias, o atropelamento de pedestres lidera, com nove casos, seguido de colis�o entre coletivos e carros pequenos (8) e acidentes entre �nibus e motos (6). Neste per�odo, 10 pessoas morreram, sendo seis motociclistas e garupas e quatro pedestres. O maior perigo no Centro decorre da falta de aten��o de pedestres e do abuso de velocidade de alguns motoristas.
A gar�onete Elaine Martins, 23 anos, anda a p� e de �nibus todos os dias no Centro de BH e acredita que o risco de acidentes frequente � culpa tanto de pedestres quanto dos motoristas. “N�o � todo motorista que fica esperto com o fechamento dos sinais, mas quem est� na rua vive correndo no meio dos �nibus”, afirma. J� a estudante Sabrina Magalh�es, de21, responsabiliza mais quem caminha. “O pedestre est� sempre com pressa e n�o costuma respeitar o sem�foro fechado para ele. Hoje (ontem), presenciei uma moto ao lado de um �nibus do Move que acabou escondida. O pedestre viu s� o �nibus e achou que dava tempo, mas quase foi atingido pela moto”, afirma.
A primeira morte registrada no Move, em junho do ano passado, ocorreu por atropelamento. Na ocasi�o, o motorista do coletivo e testemunhas que passavam pela Santos Dumont afirmaram que n�o houve alternativa, j� que um homem invadiu a avenida poucos instantes antes da passagem do �nibus. Condutor da Linha 50, o motorista Raimundo Apolin�rio Filho, de 44, conta que � muito comum encontrar no Centro de BH pedestres completamente despreocupados durante a travessia das avenidas Paran� e Santos Dumont. “A gente chega a diminuir tanto a velocidade por causa da desaten��o e muitas vezes perdemos a nossa vez em um sinal que poder�amos ter passado no verde”, afirma.
Outro motorista, da Linha 51 (Esta��o Pampulha/Centro/Hospitais), Adauto Gon�alves, de 39, diz que quase todo dia v� pedestres se arriscando e aumentando o risco dos atropelamentos. “Eles atravessam olhando o celular e com fone nos ouvidos, perdendo completamente a no��o do que est� acontecendo”, lembra. Waldemar Moreira Santos, de 39, dirige coletivos da Linha 50 e diz que o desafio � di�rio. “As pessoas n�o entendem que, com um �nibus cheio, meter o p� no freio n�o � uma alternativa f�cil. �s vezes, se voc� fizer isso por causa de um pedestre que atravessa fora da faixa, est� aumentando a chance de machucar dezenas de pessoas”, diz ele.
Para o advogado Carlos Cateb, que participou da elabora��o do C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB), aumentar a fiscaliza��o nos trechos de circula��o do Move, em conjunto com a instala��o de mais placas de sinaliza��o, amenizaria os riscos de colis�es. Cateb tamb�m aponta que a imprud�ncia de pedestres e o desrespeito �s leis tr�nsito agravam as chances de atropelamento. “Observando as ruas do Centro, vejo que algumas pessoas atravessam em lugares at� cinco metros longe da faixa de travessia”. Assim como nos corredores exclusivos, Cateb sugere o controle maior de velocidade nas vias do Centro da capital.
A reportagem procurou a BHTrans para falar sobre o problema, mas n�o recebeu retorno. Em 2013, a empresa lan�ou dois editais para amplia��o dos radares na capital. Os primeiros equipamentos j� est�o sendo instalados. Pelos dois editais, 93 pontos de fiscaliza��o ser�o vigiados exclusivamente nas pistas de concreto das avenidas Paran�, Santos Dumont, Cristiano Machado, Ant�nio Carlos e Pedro I, fiscalizando diretamente a velocidade dos �nibus do Move e o avan�o de sem�foro, al�m da invas�o da pista por outros ve�culos. Outros 153 locais ter�o radares nas �reas de tr�nsito misto, por�m, de influ�ncia do BRT, totalizando 246 novos equipamentos. Atualmente, BH conta com 138 radares, o que significa quase triplicar a quantidade. Com isso, a BHTrans espera conseguir disciplinar melhor a conviv�ncia entre pedestres e o tr�nsito em geral, criando melhores condi��es para que as pessoas possam pegar os �nibus em seguran�a.
ROTINA DE ACIDENTES
Houve 26 batidas envolvendo �nibus do Move desde que o sistema foi inaugurado, em mar�o do ano passado
9 �nibus x pedestres
8 �nibus x carros
6 �nibus x motos
1 �nibus x caminh�es
1 �nibus x �nibus
1 �nibus sozinho
10 mortes no per�odo, sendo 6 de motociclistas e garupas e 4 de pedestres
Fonte: Reportagens do Estado de Minas
Trincheira aberta com dois meses de atraso
A trincheira Jos� de Souza Machado, exclusiva para �nibus do Move na liga��o entre as avenidas Dom Pedro I e Vilarinho, no trevo de entrada para 44 bairros de Venda Nova, foi inaugurada ontem, mais de dois meses depois do prometido. No fim do ano passado, o ent�o secret�rio de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, Jos� Lauro Nogueira Terror, havia garantido a libera��o da obra at� 31 de janeiro. Mas a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), na �poca, informou que alguns ajustes atrasaram a conclus�o dos trabalhos. Com a nova trincheira, os coletivos que t�m a Esta��o Venda Nova como origem ou destino contar�o com mais um trecho em vias exclusivas, sem necessidade de usar as op��es locais que s�o comuns ao tr�nsito dos demais ve�culos e atrasam o Move.
Por causa da libera��o, a Rua Lagoa Santa voltar� a operar no sentido da Rua Padre Pedro Pinto at� a Rua Ma�on Ribeiro, a partir de amanh�, invertendo o que ocorre at� hoje. Durante toda a manh� de ontem, quando o tr�nsito foi liberado na trincheira, n�o houve problemas para o tr�fego. A obra custou cerca de R$ 5,2 milh�es e est� inserida no BRT Ant�nio Carlos/Pedro I/Vilarinho. Os trabalhos come�aram em fevereiro de 2014, mas ficaram parados entre agosto e dezembro do ano passado para o remanejamento de uma adutora da Copasa. Ela tem 10 metros de largura e 80 metros de extens�o.
Apesar da libera��o de um dos pontos que ainda agarrava o caminho do BRT, a Construtura Cowan, respons�vel pela obra de duplica��o da Pedro I, informa que as interven��es para entregar toda a avenida ainda n�o est�o conclu�das. O problema seriam “pend�ncias de projetos e interfer�ncias com concession�rias de servi�os p�blicos. O contrato administrativo foi prorrogado at� 8 de maio de 2015 para a conclus�o destes servi�os, e a Cowan aguardaa solu��o da Prefeitura de Belo Horizonte, das citadas pend�ncias”, diz um comunicado enviado pela empresa na semana passada. A Sudecap n�o se manifestou.
FUTURO De acordo com o planejamento da prefeitura, o trevo de Venda Nova ainda ser� alvo da segunda etapa de interven��es batizadas de Complexo Vilarinho. Em setembro do ano passado, a administra��o municipal obteve sinal verde do Minist�rio das Cidades para angariar R$ 50 milh�es do governo federal para novas obras de mobilidade na regi�o. O objetivo � construir mais tr�s viadutos, sendo dois exclusivos para o Move e um para o tr�nsito misto, eliminando alguns problemas locais. Os elevados para os coletivos eliminariam a necessidade de sem�foros no trajeto entre a nova trincheira e a Vilarinho. J� o elevado previsto para os carros encurtaria o caminho entre a Vilarinho e a Rua Pedro Pinto, as duas principais da regi�o. (GP)