Pouco a pouco, passo a passo, o Conjunto Moderno da Pampulha caminha rumo ao t�tulo de Patrim�nio da Humanidade. O percurso ainda � longo e turvo, at� junho do pr�ximo ano, em Bonn, na Alemanha, quando deve sair o resultado – o t�tulo ou o pedido de documenta��o complementar. Em agosto, representantes da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) cumprem agenda em Belo Horizonte para vistoriar o complexo. Ontem, oficialmente, o movimento p�blico em favor do reconhecimento ganhou a b�n��o de Ana L�cia Niemeyer, neta do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).
A soci�loga e presidente da Funda��o Niemeyer passa a fazer parte da comiss�o de acompanhamento da candidatura. O encontro entre artistas, gestores, arquitetos, pol�ticos e autoridades pela for�a-tarefa das tr�s esferas do poder p�blico – municipal, estadual e federal – ocorreu na Casa do Baile, estrutura pelo qual Niemeyer n�o escondia sua grande paix�o. “Aqui � um dos pontos mais especiais, mais marcantes pelo que representa. A Pampulha � um marco. Ele falava com orgulho e amor das marquises, das rampas do cassino...”, relembra Ana.
De olhar luminoso e profundo como o av�, t�mida e simp�tica, a soci�loga vive em Bras�lia, mas n�o esconde o carinho por Belo Horizonte, heran�a de Niemeyer. “A arquitetura dele come�ou na Pampulha. Vamos participar da comiss�o, acompanhar e, na medida do poss�vel, sugerir, para colaborar”, diz. Ana fala de um memorial, para breve, no conjunto arquitet�nico da Pampulha, que pode receber parte do acervo da Funda��o Niemeyer.
Ainda n�o se sabe o endere�o do futuro Memorial Niemeyer, entretanto, o Iate Clube � o mais forte candidato ao privil�gio. Ana Niemeyer destaca a uni�o de esfor�os pelo reconhecimento da Pampulha e a import�ncia da revitaliza��o e manuten��o do entorno. Entre os mais entusiastas da candidatura, espera-se uma atua��o mais eficiente do governo do estado, por meio da Copasa, para o fim do despejo de esgoto na lagoa – novela antiga e bastante conhecida dos belo-horizontinos.
Le�nidas Oliveira, da Funda��o Municipal de Cultura, “feliz e motivado com o encaminhamento”, ressalta que � necess�rio ver al�m da lagoa para enxergar a import�ncia universal do complexo, “marco de uma genialidade”. Para �ngelo Oswaldo, secret�rio de Estado da Cultura, a Pampulha � uma s�ntese do S�culo 20 no Brasil. “Uma heran�a de todos n�s para o sempre”, diz. Quanto ao empenho de sua pasta, o secret�rio garante: “O governador Fernando Pimentel � um entusiasta da ideia, desde os tempos de prefeito, e o governo de Minas vai estar ao lado de todos que se mostrarem favorav�is � Pampulha”. O secret�rio reconhece a necessidade da requalifica��o geral do territ�rio da Pampulha.
Em Minas Gerais, tr�s cidades s�o reconhecidas como patrim�nio da Humanidade: Ouro Preto (1980), Congonhas (1985) e Diamantina (1999). A inscri��o do Conjunto Moderno da Pampulha foi feita pelo governo brasileiro e o reconhecimento vem de uma comiss�o especial da Unesco. N�o � f�cil. Este ano, a cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, teve a candidatura recusada. O t�tulo n�o � definitivo. Se maltratado, o patrim�nio entra em lista de risco. Oscar Niemeyer j� escreveu o nome de Bras�lia na lista de tesouros mundiais reconhecidos pela Unesco. Em 2016, com o apoio da neta, pode elevar tamb�m a Pampulha.