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Estado de Minas

Moradores de Milho Verde querem restaura��o da igreja onde Chica da Silva foi batizada

Popula��o de distrito do Serro pedem reparos na Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, do s�culo 18. A reforma deve ser feita em 2016


postado em 03/08/2015 06:00 / atualizado em 03/08/2015 08:19

Tombada pelo patrimônio estadual, a matriz tem trincas e está com a pintura das paredes descascando, entre outros problemas(foto: Gilmara Paixão/Prefeitura do Serro/Divulgação)
Tombada pelo patrim�nio estadual, a matriz tem trincas e est� com a pintura das paredes descascando, entre outros problemas (foto: Gilmara Paix�o/Prefeitura do Serro/Divulga��o)

Templo que abriga a f� de quem chega, testemunha a hist�ria secular e aben�oa um povo apaixonado pela riqueza ambiental de Milho Verde, distrito do Serro, no Vale do Jequitinhonha. Assim – e muito mais, segundo os admiradores – � a Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, do s�culo 18, onde est� a padroeira do distrito e constitui um dos expoentes do patrim�nio mineiro. Preocupados com a degrada��o da igreja, moradores se mobilizam para salvar a constru��o de import�ncia vital para a comunidade e onde foi batizada a c�lebre Chica da Silva (1732-1796), escrava alforriada que encantou o contratador de diamantes Jo�o Fernandes (1720-1779) e marcou o seu tempo.

“Eu tamb�m fui batizada na igreja, a pia batismal de pedra est� l�. Tamb�m fui crismada na matriz”, diz, com orgulho, a ministra da eucaristia Ol�mpia Ferreira de Morais, de 71 anos, nascida e criada em Milho Verde, que fica a 23 quil�metros da sede do munic�pio. “A situa��o � grave, h� muitas trincas, as paredes est�o descascando. Estamos tristes”, afirma Ol�mpia, que se recorda muito bem de quando uma equipe do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) esteve no local, h� dois anos, fez levantamentos e “depois sumiu”. Na sua opini�o, � preciso urg�ncia no servi�o, pois a comunidade n�o tem recursos para a obra. “Veja s�, a Matriz de S�o Gon�alo do Rio das Pedras foi restaurada, distrito vizinho, ficou muito bonita, e a nossa at� hoje est� desse jeito”, lamenta.

Tamb�m ciente da necessidade e emeg�ncia da recupera��o, a professora aposentada Ruth da Concei��o Figueiredo revela que o restauro � uma corrida contra o tempo, principalmente diante da temporada de chuvas que se aproxima. “O povo quer a obra, mas n�o tem tido apoio. Agora vem a festa da padroeira, nos dias 29 e 30 de agosto, com muitos turistas. Seria bom que tiv�ssemos uma posi��o das autoridades”, afirma Ruth.

O desejo dos moradores tem apoio do Instituto Milho Verde, organiza��o n�o governamental ligada �s quest�es ambientais, culturais e comunit�rias. A diretora-presidente, Valeska de Belli, conta que as atividades continuam sendo realizadas (missas, casamentos, batizados e outros ritos). “Trata-se de uma igreja muito usada pela comunidade”, afirma. Milho Verde tem cerca de 1 mil habitantes, com uma popula��o flutuante: sua paisagem buc�lica atrai muita gente que chega para passar uns dias, decide morar por uns tempos e depois segue viagem. Ou fica para sempre.

(foto: Gilmara Paixão/Prefeitura do Serro/Divulgação)
(foto: Gilmara Paix�o/Prefeitura do Serro/Divulga��o)


BEM CULTURAL O secret�rio municipal de Cultura, Turismo e Patrim�nio do Serro, Pedro Farnesi, tem conhecimento da situa��o da matriz. “H� problemas no telhado, nas imagens, enfim, na estrutura e nos elementos art�sticos. Por ser um bem tombado pelo estado (Decreto Estadual 20.581, de 26 de maio de 1980), n�o podemos fazer qualquer interven��o sem autoriza��o”, diz Farnesi, que j� recebeu a visita de moradores de Milho Verde. “� um templo de grande beleza, onde foi batizada Chica da Silva. H� documentos comprovando essa e outras passagens da hist�ria”, afirma o secret�rio. Ele destaca alguns aspectos da arquitetura, entre eles, a torre do sino, que fica na parte externa.

O arquiteto Daniel Quint�o, do escrit�rio 03L Arquitetos, de Belo Horizonte, destaca outras preciosidades da igreja. Em 2013, ele e sua equipe fizeram um projeto de restaura��o da parte civil e dos elementos art�sticos para o Programa Minas Patrim�nio Vivo, do Iepha. “J� houve v�rias repinturas e raspagem das paredes internas. Foi feita uma prospec��o e vimos que h� ‘chinesices’ em alguns dos ret�bulos”, afirma Daniel. Derivada da palavra francesa chinoiserie, ‘chinesice’ � o conjunto de pinturas que recriaram, no s�culo 18, em igrejas e capelas de Minas, os pagodes ou pagodas (tipo de torre com fins religiosos comuns na China e outros pa�ses da �sia), animais e paisagens.

PROJETO APROVADO A diretora de Conserva��o e Restaura��o do Iepha, Soraia Farias, explica que, conforme o projeto elaborado em 2012, dentro do Programa Minas Patrim�nio Vivo, e j� aprovado, o custo da obra est� em torno de R$ 2 milh�es. Ela adianta que a restaura��o foi inclu�da no or�amento de 2016. O tombamento do Iepha inclui os elementos de pintura, talha, imagin�ria e alfaias.

(foto: Gilmara Paixão/Prefeitura do Serro/Divulgação)
(foto: Gilmara Paix�o/Prefeitura do Serro/Divulga��o)
Novidade no Jequitinhonha

‘Chinesice’ em uma igreja do Vale do Jequitinhonha � novidade. Conforme levantamento do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), as ‘chinesices’, geralmente com fundos vermelho, verde ou azul e elementos dourados, est�o na Igreja de Nossa Senhora do �, na Matriz de Nossa Senhora da Concei��o, em Sabar�, na Grande BH, e em outras cidades mineiras.

Em Mariana, na Regi�o Central, � destaque na tricenten�ria Bas�lica de Nossa Senhora da Assun��o, a Catedral da S�, com motivos diversos (chafarizes, elefantes, dromed�rios e tigres); na Matriz de Nossa Senhora da Concei��o, de Catas Altas, com elementos art�sticos no altar de Santo Ant�nio e de Nossa Senhora do Ros�rio; e na Igreja de Sant’ana, no distrito de Cocais, em Bar�o de Cocais, que guarda pinturas orientais no p�lpito da nave e no altar-mor. As pesquisas em Milho Verde foram feitas pelo Laborat�rio de Ci�ncias da Conserva��o (Lacicor) da UFMG.

Clima buc�lico e belas paisagens

Milho Verde se destaca pelo clima buc�lico e pela beleza da paisagem, pontificando o casario no entorno da Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres e da Capela do Ros�rio, e pelas manifesta��es culturais, como os festejos de Nossa Senhora do Ros�rio, que tem grande atra��o tur�stica. N�o h� registro da data de constru��o da matriz. De acordo com pesquisas do Iepha, Chica da Silva, nascida no local, foi batizada na ent�o capela Nossa Senhora dos Prazeres por volta de 1734. Em frente � igreja, h� um cruzeiro de madeira erguido em 1969, devido � degrada��o do anterior. O sistema construtivo, em estrutura aut�noma de madeira e veda��o em adobe � similar ao encontrado nas demais capelas e igrejas da regi�o.
A Capela do Rosário é outro símbolo de Milho Verde, distrito que atrai muitos turistas devido à tranquilidade e às belezas naturais(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
A Capela do Ros�rio � outro s�mbolo de Milho Verde, distrito que atrai muitos turistas devido � tranquilidade e �s belezas naturais (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


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