Exposi��o itinerante mostra tesouro perdido de Minas

A esperan�a � a �ltima que morre – principalmente no distrito de Inha�, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Moradores n�o se cansam de rezar e pedir pela volta da imagem da padroeira, Santana Mestra, furtada duas vezes da matriz dedicada � m�e de Nossa Senhora e av� do Menino Jesus. A exemplo da pe�a do s�culo 18, Minas tem 707 bens procurados pelas autoridades, segundo levantamento conclu�do na quinta-feira pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC). Para encontrar os tesouros e conscientizar a popula��o, ser� aberta sexta-feira, �s 19h, no Museu Mineiro, na capital, a exposi��o Em busca do patrim�nio perdido, parceria do MPMG e da Secretaria de Estado da Cultura.

Com 22 pain�is e totens explicativos, a mostra ir� at� 15 de novembro em BH e ter� car�ter itinerante, diz o coordenador da CPPC, promotor de Justi�a Marcos Paulo de Souza Miranda. “Queremos que as fotografias sejam vistas pelo maior n�mero de pessoas, em especial nas cidades que tiveram muitos bens furtados, como Nova Era, Ouro Preto, Tiradentes e Oliveira”, afirma Marcos Paulo, destacando que, nas metas, est�o a educa��o patrimonial e as den�ncias. “A estimativa � de que 90% das pe�as desaparecidas estejam com colecionadores de S�o Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) e 10% fora do Brasil. Tudo est� no alvo das investiga��es.”

Esta � a primeira grande exposi��o em Minas sobre os bens desaparecidos de igrejas, capelas, museus e pr�dios p�blicos – na d�cada passada, o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), em S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o do Campo das Vertentes, focou os bens tombados. “Nos �ltimos anos, n�o tivemos muitos furtos em Minas, mas nossa lista n�o para de crescer. � que as pessoas est�o sens�veis � campanha de resgate do patrim�nio, iniciada h� 12 anos, e continuam nos informando. H� pouco tempo, quando tivemos a devolu��o de uma imagem de Nossa Senhora do Ros�rio, fomos comunicados sobre outras tr�s, de mesmo invoca��o, que estavam desaparecidas dos seus altares”, afirma.

DEVOLU��O O registro fotogr�fico � vital para localizar as pe�as e nem todas estar�o contempladas na exposi��o. Mais de 300 dos 707 objetos sacros procurados nunca foram retratados e outro tanto tem material em baixa defini��o. Assim, cerca de 100 retratos ser�o mostrados, entre eles, as imagens de S�o Roque, de Campanha, e Nossa Senhora do Bonsucesso, de Serranos, ambos no Sul de Minas, Santana Mestra, de Itacambira, na Regi�o Norte, e Nossa Senhora da Assun��o, de Sabar�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Muita gente contribuiu para o trabalho, enviando retratos antigos de celebra��es religiosas, nos quais as imagens aparecem. Tal registro � fundamental na busca”, observa o promotor de Justi�a.

“No ano passado, fizemos uma exposi��o sobre os bens recuperados em 12 anos. S� pelo MPMG, foram 365, e muitas imagens j� retornaram aos seus locais de origem, o que, ali�s, � o maior objetivo”, conta Marcos Paulo. No total, foram mais de 600 pe�as apreendidas em opera��es das pol�cias Federal, Militar e Civil.

Entusiasmado com a campanha de resgate do patrim�nio e a��es da Promotoria de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico, que completar� 10 anos no m�s que vem, Marcos Paulo est� satisfeito com as devolu��es, em especial as espont�neas, como ocorreu recentemente com oito pe�as da Igreja de Nossa Senhora da Concei��o, na Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Grande BH. “Queremos que as pessoas denunciem os furtos. Muitas comunidades est�o conscientes da situa��o e de que os acervos re�nem f�, cultura, hist�ria e arte. Acreditamos que 60% do patrim�nio cultural de Minas constitu�do por bens m�veis tenha sido retirado de seus locais de origem, alimentando um com�rcio ilegal altamente rent�vel”, informa.

De acordo com o recente levantamento do CPPC, os casti�ais de igrejas e capelas s�o os campe�es de furtos (veja o quadro), seguidos de coroas, resplendores, c�lices, crucifixos e imagens de Nossa Senhora do Ros�rio e de S�o Sebasti�o. A pesquisa mostra ainda que, em 50 anos (1964-2014), os anos de 1981 (39 furtos), 1994 (90), 2003 (78) e 2008 (55) foram os mais f�rteis para os ladr�es. Nos dois �ltimos anos, registraram-se apenas dois.

REFER�NICIA Ao lembrar que a promotoria (CPPC) foi a primeira criada no pa�s para cuidar especificamente do patrim�nio cultural, Marcos Paulo revela que muitas pe�as encontradas nas opera��es policiais em Minas Gerais foram entregues �s autoridades de outros estados. Ele acrescenta que o trabalho realizado aqui deu frutos e serviu de refer�ncia at� para o Nordeste. “Em 2009, fiz uma palestra em Oeiras, primeira capital do Piau�, e me falaram sobre a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Vit�ria, desaparecida havia d�cadas da igreja do s�culo 17. O promotor de Justi�a Carlos Rubem Campos Reis quis, ent�o, conhecer nossa experi�ncia, que caminhos seguir para recuper�-la. Conversamos e, esta semana, seis anos depois, por meio de devolu��o, Oeiras est� festejando o retorno da pe�a sacra. Portanto, temos certeza de que muitas pe�as voltar�o para as cidades mineiras”, anima-se o promotor de Justi�a.

EXPOSI��O ITINERANTE
Quer levar a exposi��o Em busca do tempo perdido para sua cidade?
Entre em contato com a Promotoria Estadual de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais, pelo e-mail [email protected] ou telefax (31) 3250-4620

Em Belo Horizonte, a mostra ir� de 21 de agosto a 15 de novembro, no Museu Mineiro, que fica na Avenida Jo�o Pinheiro, 342, Circuito Cultural da Pra�a da Liberdade