Faltam banheiros p�blicos em Belo Horizonte, e os frequentadores de �reas de intenso movimento, como a Regi�o Central, passam aperto n�o � de hoje. Curiosamente, a cidade, que se apresenta como um centro de turismo de neg�cios, tem estruturas do tipo – feitas com dinheiro do contribuinte – inoperantes. Entre setembro e outubro de 2003, a aposentada Vera L�cia Carvalho, moradora da Rua Sergipe, foi �s ruas da cidade e recolheu 11 mil assinaturas pela reativa��o dos sanit�rios municipais da Pra�a Hugo Werneck, na �rea Hospitalar da capital. As instala��es subterr�neas, feitas com material de alt�ssima qualidade, com granito e corrim�es de a�o escovado, haviam sido inauguradas anos antes, junto de outro banheiro p�blico debaixo do Viaduto de Santa Tereza, no Centro, mas n�o chegaram a funcionar quatro meses. O abaixo-assinado da aposentada foi entregue � Secretaria Municipal de Gest�o de Coordena��o Regional Centro-Sul, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). De nada adiantou.
Doze anos se passaram e a situa��o permanece. A prefeitura admite que n�o tem projeto para construir unidades, embora exista at� lei determinando o b�sico: o cidad�o tem direito a instala��es sanit�rias de uso gratuito. Nem em pontos tur�sticos, como o complexo da Pampulha, candidato a patrim�nio da humanidade, a situa��o � melhor. Enquanto isso, os banheiros do Parque Municipal, distribu�dos em tr�s setores, continuam sendo os �nicos gratuitos da capital. A falta de sanit�rios p�blicos obriga pedestres a percorrer quil�metros para achar um lugar que cobre taxa de R$ 0,50, como a rodovi�ria. A maioria acaba dependendo de favores de lojistas, e alguns se aliviam como podem, na rua mesmo. “Devido a a��es de vandalismo, os banheiros gratuitos abertos ao p�blico nos �ltimos anos n�o completaram sequer um m�s de atividade”, justificou a PBH.
No Parque Municipal, s�o tr�s banheiros masculinos, tr�s femininos e um infantil, com capacidade para 31 pessoas, mas que funcionam apenas das 6h15 �s 17h45. Na Galeria Pra�a Sete, Centro, a prefeitura mant�m um banheiro masculino e outro feminino com capacidade total para 30 pessoas, com cobran�a individual de R$ 0,50. No Terminal Rodovi�rio Governador Israel Pinheiro, na Pra�a Rio Branco, tamb�m no Centro, s�o mais dois masculinos e dois femininos, com capacidade de 68 usu�rios. S�o R$ 0,50 pelo uso do sanit�rio e R$ 7,60 pelo banho. No Shopping Caet�s, os banheiros masculino e feminino recebem at� 12 pessoas por vez, ao custo de R$ 0,40.
A restri��o j� fez muita gente passar aperto no Centro, como a auxiliar de opera��es e controle Regina Maria da Silva, de 52 anos, que j� precisou descer de um �nibus e ir correndo at� os sanit�rios do Parque Municipal. Hoje, ela se previne: sai do trabalho na Avenida Brasil, Regi�o Centro-Sul, e antes de chegar ao ponto de �nibus na Pra�a da Esta��o passa pelo parque. “Moro em Santa Luzia e fico muito tempo esperando o �nibus”, justifica ela.
SOBRECARGA A escassez de sanit�rios p�blicos no Centro de BH n�o faz v�timas apenas entre os usu�rios. H� quatro anos, Jos� Maur�cio de Souza, de 55, � um dos respons�veis pela limpeza do banheiro do Parque Municipal, que fica debaixo do Mercado das Flores. “Domingo aqui � pesado, pois ainda tem o pessoal da feira da Afonso Pena, e o consumo de cerveja l� � alto”, diz o faxineiro. Mas o maior problema � a a��o de v�ndalos e moradores de rua. De acordo com a Funda��o Municipal de Parques, eles arrancam torneiras e levam at� peda�os de porta de metal para trocar por drogas. Segundo funcion�rios, a sujeira deixada por essas pessoas e o uso indevido das instala��es tamb�m s�o problemas. Para que se tenha ideia do tamanho da demanda, o parque recebe, em m�dia, 40 mil pessoas no fim de semana.
Quem se disp�e a pagar R$ 0,50 usa o banheiro p�blico da Galeria Pra�a Sete, na Rua Rio de Janeiro, 630. O moldador Rafael Lauriano Machado, de 25, descobriu o lugar na quinta-feira, quando andava pela Avenida Oleg�rio Maciel e precisou encontrar um sanit�rio �s pressas. Sua sorte foi que o amigo que o acompanhava sabia da estrutura. “Deveria haver placas indicando banheiros p�blicos. Quem n�o � da cidade passa mais aperto ainda”, comentou. Muita gente descobriu os banheiros da Unidade de Atendimento Integrado (UAI), da PBH, na Pra�a Sete, e n�o paga nada.
Na rodovi�ria, h� um aviso na entrada dos banheiros: “O usu�rio que apresentar passagem v�lida tem acesso gratuito ao banheiro”. Mas muitos passageiros com bilhete no bolso n�o prestam aten��o e pagam os R$ 0,50. E as roletas de acesso �s instala��es sanit�rias n�o param. Somente o banheiro feminino do setor de embarque recebeu 3.225 pagantes das 6h �s 16h45 da �ltima quinta-feira, sem contar as 338 pessoas com passagens ou maiores de 60 anos, que n�o pagam. O estudante Caio C�sar Ferreira, de 22, pagou, mas reclamou da limpeza. “Muito sujo e sem toalhas de papel para as m�os. Os banheiros tamb�m deveriam ter torneiras inteligentes. Al�m de gastar muita �gua, voc� tem contato com a torneira na hora de fech�-la”, disse Caio.