
Sem controle, os problemas se sucedem. Nos �ltimos tr�s anos, segundo levantamento do Estado de Minas, pelo menos 150 torcedores foram detidos depois de vandalismo e brigas – sete pessoas morreram em dias de jogos desde 2004. Sobre os confrontos de domingo no Bairro Uni�o, na Regi�o de Nordeste de Belo Horizonte, em Venda Nova e em Betim, Minist�rio P�blico e diretores das organizadas afirmam que ainda n�o foram identificados integrantes de torcidas cadastrados. Segundo o promotor Fernando Abreu, do Procon-MG, o cadastro inclui atualmente 500 componentes da M�fia Azul, 400 da Galoucura e 200 da Pavilh�o Celeste. “S�o quantidades muito reduzidas e esses nomes raramente se envolvem em confus�o. Quem aproveita os jogos e sobretudo os cl�ssicos para brigar n�o se filia mais oficialmente para n�o ter problemas com a pol�cia”, afirma. Ele defende a cria��o de um juizado espec�fico, que delibere sobre medidas de puni��o imediatamente e s� trabalhe com esse tema. “A utiliza��o de tornozeleiras por quem briga seria mais efetiva que o cadastro”, diz.
A cada 30 dias, o MP e as torcidas organizadas se re�nem para repassar as listas de filiados e fornecer planos de deslocamento at� os jogos. Nos �ltimos dois anos, as condutas indisciplinadas e a viol�ncia levaram a promotoria a suspender a entrada da Galoucura e da M�fia Azul nos est�dios duas vezes, por seis meses. A puni��o aos flagrados em confus�es, no entanto, � rara. Atualmente, de acordo com dados da Federa��o Mineira da Futebol, apenas 13 indiv�duos est�o banidos dos est�dios e precisam se apresentar em dias de jogos na sede do Batalh�o de Eventos da PM, no Bairro Gameleira, Regi�o Oeste de BH. O MP informou, por�m, que apenas uma pessoa tem comparecido.
Cadastradas ou n�o, pessoas que usam o uniforme das torcidas organizadas se envolvem com frequ�ncia em crimes de todos os tipos. No in�cio deste m�s, cinco pessoas foram presas com uniforme da torcida Galoucura, em Sabar�, depois de assaltar adolescentes que jogavam bola. Em novembro do ano passado, a Pol�cia Militar apreendeu um rev�lver, 32 muni��es, roj�es e um martelo na sede da Galoucura. Outra ocorr�ncia foi registrada em julho do ano passado, quando quatro colombianos foram espancados por 10 integrantes da principal torcida organizada do Atl�tico, na Avenida do Contorno, no Centro da capital.
Em dezembro de 2013, a briga foi entre integrantes da M�fia Azul e Pavilh�o Celeste, ambas do Cruzeiro, do lado de fora do Mineir�o, no jogo da festa do t�tulo do Cruzeiro. A festa, com shows em trio el�trico, foi cancelada. Na ocasi�o, 50 foram levados pela pol�cia. As brigas entre as duas torcidas s�o recorrentes, com epis�dios de viol�ncia em Nova Lima (fevereiro de 2009), pr�ximo ao Independ�ncia (em junho e julho de 2012), do lado de fora do Mineir�o (outubro de 2013) e tamb�m dentro do Independ�ncia (no cl�ssico contra o Atl�tico, o que levou a diretoria do Cruzeiro a n�o requisitar os ingressos de visitante).
‘FIZ WARLEY PROMETER QUE NUNCA MAIS VAI A UM CL�SSICO’
Na briga que ocorreu no Bairro Uni�o houve dois feridos. Um deles, atleticano, chegou a ser levado para a UPA 1º de Maio, mas j� foi liberado. No confronto no Bairro Jardim das Alterosas, em Betim, 55 pessoas foram levadas a uma delegacia ap�s o tumulto e, segundo a Pol�cia Civil, 47 foram considerados participantes da briga. Todos est�o liberados. Posteriormente, o delegado Daniel Couto Gama identificou dois respons�veis por tentativa de homic�dio, autores das agress�es contra o cruzeirense Warley Jacson Rosa, de 29 anos. Um suspeito, Frank Junio de Oliveira Gomes, foi preso e est� no Ceresp de Betim. O outro identificado � Mois�s Marcos Silva, que segue foragido.
A fam�lia de Warley se diz assustada com a viol�ncia e teme repres�lias por parte dos agressores. O ajudante de caminh�o permanece internado no Hospital Regional de Betim se recuperando de um traumatismo craniano. Ele foi espancado e perdeu tr�s dentes ao levar uma paulada na boca. Segundo a mulher dele, que pediu para n�o ser identificada, Warley havia deixado de ir aos est�dios e decidiu voltar a frequent�-los h� tr�s semanas.
“Fiz Warley me prometer que nunca mais vai a um cl�ssico”, disse a mulher. Ontem � noite, familiares dele receberam a visita de fi�is de uma igreja evang�lica. Segundo informa��es do hospital, o estado de sa�de de Warley era est�vel na tarde de ontem. Ele estava consciente, respirando sem ajuda de aparelhos e sob medica��o, acompanhado de uma equipe de neurologia. N�o havia previs�o de alta m�dica. “Est� com o boca toda deformada por causa da paulada que levou”, disse a mulher da v�tima.
(Colaborou Pedro Ferreira)