Imposs�vel n�o sentir uma forte energia em Aparecida (SP), que j� ostenta, em todo canto, cartazes com a frase “Rumo aos 300 anos”, festa que dever� contar com a presen�a do papa Francisco. “A gente ganha o p�o de cada dia com a visita desse povo de Deus”, agradece a ambulante Benedita dos Santos, h� uma d�cada vendendo lembran�as do santu�rio. De onde est�, ela observa dezenas de �nibus estacionados, fam�lias inteiras se dirigindo ao santu�rio, com semblante de n�tida reflex�o. Leonilda Morais Dias, de 65 anos, residente em Jacare� (SP), conta que deve muito �s preces de sua m�e elevadas a Nossa Senhora da Concei��o Aparecida. “At� os 7 anos de idade, eu n�o falava uma palavra. S� depois de uma promessa feita por minha m�e comecei a conversar. Meu irm�o, j� falecido, engoliu uma tampa de embalagem e tamb�m ficou bom a partir das ora��es. Em todos os momentos recorremos a Nossa Senhora”, confessa.
Com o retrato da neta Julia, de 3 anos, a carioca Leila Amorim acendeu velas e rezou para o sucesso da cirurgia que a garota far� em breve, provando mais uma vez que amor de av� e de m�e n�o tem limites. Perto dali, Matilde Rodrigues Miranda, de Cuiab� (MT), acedia velas e agradecia a Deus e a Nossa Senhora Aparecida pela cura da filha, M�riam, v�tima de c�ncer de mama. J� o empres�rio paulista Alex Sander Silva Campodonio foi apenas rezar e agradecer pelas b�n��os alcan�adas.
Os fi�is explicam ser preciso ter f� verdadeira no cora��o para alcan�ar as gra�as. Auditor de qualidade de uma empresa em S�o Paulo, Rosivan Donizeti de Abreu, acompanhado da mulher, Francine, e do filho Henry, de 5 anos, atravessou de joelhos a passarela diante da imagem da padroeira. “Foi por gra�a de Nossa Senhora que resolvi algumas quest�es no trabalho. Agora est� tudo bem”, revelou, com emo��o. Moradores de Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro, Andr� Luiz Aquino de Castro e Ariana Pires Bernardes, com o filho Miguel, de 10 meses, faziam suas preces na Capela das Velas, para agradecer pela cura do menino. “Ele teve um refluxo muito forte, nenhum rem�dio dava jeito. Quando medicamentos n�o resolvem, s� mesmo a f�”, afirmou Ariana.
TR�S PERGUNTAS PARA...
Dom Darci Jos� Nicioli, bispo auxiliar de Aparecida (SP) e presidente da Comiss�o Episcopal Pastoral para a Comunica��o da CNBB
Muitas pessoas consideram milagres as gra�as alcan�adas. Como a Igreja Cat�lica v� esses relatos?
Milagres ocorrem quando n�s nos obrigamos a fazer a vontade de Deus, e n�o quando queremos que Deus fa�a a nossa vontade. Eles existem pela f�, que � a posse antecipada daquilo que se espera, um meio de contato com a realidade que ainda n�o se v�. Milagre � a interven��o divina e Deus realiza quando e como Ele quer.
As pessoas fazem promessas e, muitas vezes, pagam com sacrif�cio. A Igreja condena as promessas?
Deus n�o quer sacrif�cio, mas um cora��o contrito que se curva � Sua vontade. As pessoas fazem promessas como forma de retribui��o a Deus, o que � motivador. Mas quando ultrapassam o limite do razo�vel, do bom-senso, algo que n�o se pode cumprir e envolve muito esfor�o, ent�o � ruim. Jejum de um dia para o corpo e o esp�rito � positivo, � um s�mbolo de “eu confio no meu Deus”. O que n�o pode haver � falta de bom-senso. F� n�o � m�gica.
Muitas pessoas se dizem recuperadas, de corpo e alma, depois da visita ao Santu�rio Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Qual o sentido dessa peregrina��o?
O milagre de Aparecida � a renova��o da esperan�a. H� pessoas que chegam aqui do�das, sofridas e quando v�o embora para casa est�o mais fortes, renovaram seus projetos de vida e se mostram entusiasmadas para trabalhar. N�o � simplesmente vindo a Aparecida que as pessoas v�o conseguir pagar as contas, recuperar a sa�de, enfim, resolver todos os problemas. Mas quem visita o santu�rio refaz seus pensamentos e come�a uma caminhada de reconcilia��o.