(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Repovoamento do Rio Doce deve come�ar depois das chuvas de ver�o

O fato de o desastre ter ocorrido durante a piracema vai dificultar a reprodu��o


postado em 29/11/2015 06:00 / atualizado em 29/11/2015 08:06

No distrito de Baguari, em Valadares, muitos peixes foram mortos após rio ser devastado pelos rejeitos de mineração da barragem da Samarco(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
No distrito de Baguari, em Valadares, muitos peixes foram mortos ap�s rio ser devastado pelos rejeitos de minera��o da barragem da Samarco (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

O repovoamento do Rio Doce, dizimado com a morte de mais de 11 toneladas de peixes, deve come�ar depois das chuvas de ver�o com a volta de esp�cies mais resistentes, como car�s, lambaris, bagres e tra�ras, segundo especialistas. Mas o retorno de outras esp�cies, particularmente as migrat�rias, ser� demorado. Isto porque o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, ocorreu menos de uma semana depois do in�cio da piracema, per�odo em que os peixes subiriam o rio para desova. Com a trag�dia, muitas dessas esp�cies, que come�ariam a reprodu��o durante a temporada de chuvas – quando a vaz�o sobe, geralmente em dezembro e janeiro –, morreram antes de desovar.

O fato de estar na piracema n�o aumentou o n�mero de peixes mortos, mas vai afetar no recrutamento das popula��es, j� que as esp�cies estavam prontas para reproduzir”, afirma o bi�logo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ricardo Motta Pinto Coelho. “A lama pegou os peixes em momento importante, comprometendo a reprodu��o de esp�cies que j� estavam amea�adas. Isso, certamente, vai impactar no repovoamento”, complementa o coordenador geral do Projeto Manuelz�o, Marcus Vin�cius Polignano.

Desde 1º de novembro, as cerca de 80 esp�cies nativas s�o protegidas da pesca predat�ria por causa do per�odo de desova. At� 28 de fevereiro, s� � permitida a captura de, no m�ximo, 3kg por jornada de esp�cies ex�ticas ou h�bridas, desde que n�o seja por m�todos subaqu�tico ou rede. Entre os migrat�rios t�picos do Rio Doce est�o o piau-vermelho, piau-branco e as amea�adas de extin��o piabanha e crumat�. A eles se somam ex�ticos – ou seja, que foram introduzidos na bacia –, como dourado, curimba-do- s�o francisco e surubim; que tamb�m sobem o rio para desovar (veja arte). “Os peixes estavam preparados, esperando apenas o ‘gatilho’ para a reprodu��o, que s�o as chuvas. O que vai acontecer agora � que s�o menos organismos para reproduzir”, afirmou o bi�logo F�bio Vieira.

Um dos maiores especialistas em ictiofauna da Bacia do Rio Doce, F�bio Vieira acredita que a salva��o para a recoloniza��o da calha principal do Doce � cuidar dos afluentes, onde todas essas esp�cies, nativas e ex�ticas, ainda vivem, embora em n�mero menor. “O Rio Doce n�o morreu. Felizmente, todas as esp�cies existentes na calha tamb�m s�o encontradas nos afluentes, que t�m import�ncia fundamental neste processo de repovoamento do Doce”.

F�bio lembra que o repovoamento do Rio Doce vai depender da melhora da qualidade da �gua. As primeiras esp�cies a voltar ser�o as de menor porte, como lambaris e acar�s. “N�o h� uma previs�o exata. A din�mica fluvial � grande. Depois das chuvas de fim de ano, o rio pode come�ar a recuperar a colora��o natural. O espa�o est� vazio e est� aberta para que novas popula��es comecem a crescer e voltar o equil�brio”, explica. “Primeiro voltar�o os menos seletivos, de menor porte, e depois as maiores, que s�o mais dependentes de um ambiente limpo”.

RISCO DE EXTIN��O
De acordo com a pesquisa “Distribui��o, impactos ambientais e conserva��o da fauna de peixes da Bacia do Rio Doce”, do Instituto Estadual de Florestas, a bacia hidrogr�fica tem registro de 12 esp�cies end�micas, ou seja, que existem exclusivamente na regi�o. Segundo F�bio, autor do estudo, esse n�mero pode subir para cerca de 20, com uma nova revis�o taxon�mica. Nenhuma delas � restrita � calha do Doce, ou seja, tamb�m existem nos afluentes.

Atualmente, oito esp�cies sofrem risco de extin��o: andir�, surubim-do-doce, curimat�, timbur�, piabanha, pirapitinga, lambari bocarra (esp�cie tradicional do Parque Estadual do Rio Doce) e o cascudinho (encontrada somente em afluentes). A situa��o desses peixes vai se agravar, uma vez que boa parte deles � natural do alto Rio Doce, pr�ximo ao Rio Piranga, uma das �reas mais afetadas pela lama – especialmente surubim-do-doce e curimat� e piabanha – as duas �ltimas migrat�rias.

Apesar do alarme, F�bio Vieira n�o acredita em exterm�nio das esp�cies. “Considerando as amea�adas e as end�micas, podemos concluir com certeza que nenhuma ser� extinta em fun��o do acidente. Essa previs�o se expande para as demais esp�cies conhecidas da bacia. Desta forma, apesar de extremamente s�rio, o desastre n�o levar� nenhuma esp�cie de peixe da bacia � extin��o”, afirma o pesquisador.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)