O descarrilhamento de trens numa frequ�ncia t�o alta n�o � comum, segundo a avalia��o do chefe do Departamento de Engenharia de Transportes do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais, Ant�nio Prata. O especialista afirma que o problema parece ter sido a falta de uma manuten��o adequada nos sistemas de drenagem dos trilhos e o excesso de peso das composi��es. “O terreno nos aterros sob os trilhos pode ter ficado com excesso de umidade e, com o peso, afundado, desestabilizando a composi��o, que acabou tombando”, resume.
“O principal motivo de o solo ficar com excesso de umidade num per�odo chuvoso � o sistema de drenagem ineficiente. Talvez as gestoras dos trechos tenham de melhorar a manuten��o dos dispositivos de drenagem previstos nesses projetos”, afirma. “Outro ponto que pode ter ocasionado o afundamento � o excesso de peso”, avalia.
Consultada pelo Estado de Minas, a FCA disse, por meio de nota, que seu plano de manuten��o “inclui um cronograma com atividades regulares de manuten��es preventivas e corretivas”. Segundo o texto, cerca de R$ 60 milh�es foram investidos na manuten��o da linha f�rrea somente no corredor Centro-leste, trecho que compreende as cidades de Betim e Mateus Leme, onde ocorreram os acidentes deste m�s com suas composi��es. A empresa descarta a possibilidade de os acidentes com suas composi��es terem sido provocados por excesso de carga e afirma que h� um “controle rigoroso de peso das composi��es” e que “toda a carga carregada nos trens segue o limite de capacidade dos vag�es e do perfil da linha f�rrea.
O acidente ocorrido em Betim envolveu um comboio com cinco locomotivas e 82 vag�es, que transportavam milho do Tri�ngulo Mineiro at� Vit�ria, no Esp�rito Santo. A libera��o da passagem de n�vel, que havia sido bloqueada pela carga, foi feita ainda pela manh�, e o cruzamento foi liberado para carros e pedestres. Os trabalhos agora, segundo a FCA, continuam com o objetivo de restabelecer o tr�fego ferrovi�rio. Sobre as causas do acidente, a empresa informou que uma apura��o est� sendo feita por uma comiss�o de t�cnicos.
No acidente em Brumadinho, segundo a MRS Log�stica, as fortes chuvas dos �ltimos dias podem ter causado “uma instabilidade pontual na linha f�rrea e o descarrilamento de vag�es”. O mesmo pode ter ocorrido em Mateus Leme, onde 11 vag�es tombaram e um vag�o e uma locomotiva de um trem da FCA descarrilaram. An�lises preliminares, segundo a empresa, apontam que o volume de chuvas pode ter provocado danos significativos na estrutura que suporta a linha f�rrea. Nos tr�s acidentes, segundo as empresas, n�o houve feridos e n�o foram registrados impactos para a comunidade. De acordo com a MRS Log�stica, as condi��es operacionais da linha afetada j� foram restabelecidas.
TEMOR Entre os moradores que assistiram aos trabalhos de recomposi��o do trecho durante todo o dia, fica a sensa��o de inseguran�a. Ao ver que parte da esta��o Vian�polis, que est� desativada, havia sido atingida por um dos vag�es, a dom�stica Raimunda de Sousa revelou temer por sua casa. “Imagina se um acidente como esse ocorre do lado da minha casa, que j� � muito perto da linha? N�o posso sair ou alugar uma outra casa porque n�o tenho condi��es. Ent�o ficamos com medo de que ocorra um acidente maior e que atinja nossa casa”, confessa.
H� quase um ano e meio, vizinhos da linha f�rrea assistiram a um acidente semelhante. “Vag�es com milho tombaram nessa mesma regi�o”, conta o aposentado Ant�nio Luiz da Silva, que vive em uma casa h� um quil�metro do local do acidente e reclama da manuten��o dos trilhos.
