
Embora considerem a decis�o positiva, nutricionistas alertam que o suco artificial que as empresas v�o continuar oferecendo �s institui��es de ensino n�o � saud�vel como os sucos naturais. “O suco que vai continuar sendo vendido acaba sendo uma bebida reconstitu�da, com um somat�rio de aditivos, aromatizantes e estabilizantes. Acabam adicionando a fibra para recompor a bebida, j� que n�o � a fruta. Eles t�m que deixar isso um pouco mais claro”, defende a nutricionista Larissa Loures Mendes, professora do Departamento de Nutri��o da Escola de Enfermagem da UFMG,
Al�m do suco, as fabricantes de bebidas tamb�m v�o continuar oferecendo �gua mineral, �gua de coco e bebidas l�cteas que atendam a crit�rios nutricionais espec�ficos. S� que as bebidas l�cteas tamb�m costumam ter tanto a��car como o refrigerante, alerta Larissa. “Temos que ficar atentos tamb�m. Al�m de uma quantidade enorme de a��car, elas, assim como o refrigerante, t�m aromatizantes, aditivos e outros produtos colocados junto com o alimento para aumentar o tempo de prateleira”, afirma.
O Col�gio Arnaldo, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, j� n�o oferece refrigerantes para crian�as em sua cantina h� cinco anos, a partir de uma lei municipal para preservar uma alimenta��o mais saud�vel nas escolas. “Aqui n�o pode trazer refrigerante como lanche. Nos anivers�rios comemorados na escola, a gente pede para os pais n�o trazerem refrigerante, mas suco, de prefer�ncia o natural”, disse a coordenadora de segmento do maternal ao 5º ano da escola, Rosimare Marques. “A gente sabe que � mais complicado trazer o suco natural de casa, at� mesmo pela conserva��o, mas a gente pede para trazer suco”, disse.
Na cantina do Arnaldo, a venda de refrigerante � proibida para alunos, funcion�rios e visitantes at� as 18h, quando o pr�dio � ocupado por alunos da faculdade e o com�rcio da bebida � liberado. Durante o dia, quando estudam crian�as e adolescentes do ensino m�dio, os refrigerantes s�o mantidos em um freezer que teve a porta de vidro plotada para n�o deix�-los � vista.
“At� as 18h, a gente n�o vende refrigerante e guloseimas. Priorizamos uma alimenta��o mais saud�vel. A gente faz um trabalho com os pais nas reuni�es e temos o projeto Cozinha Experimental e as professoras trabalham com alimenta��o saud�vel. Sabemos que o refrigerante como nutri��o n�o � interessante, pela quantidade de a��car, acidulantes, conservantes e corantes que tem. Isso, com certeza, n�o faz bem � sa�de”, refor�a Rosimare.
Sucos de caixinha e em lata ainda vendidos na cantina, que tamb�m oferece suco de polpa. “O suco natural n�o � t�o f�cil de ser mandado para a escola. O suco de lim�o, por exemplo, fica mais azedo, pois tem a parte de conserva��o, que n�o � t�o f�cil. A cantina at� serve o de polpa, que � um pouco melhor, mas o de caixinha, que n�o � a melhor op��o, ainda � melhor do que o refrigerante”, disse a coordenadora. “Muita gente substitui a �gua pelo refrigerante. � preocupante quando voc� v� o n�vel de obesidade das crian�as”, lamenta.

Proibir refrigerante na escola n�o � uma decis�o f�cil, segundo Rosimare. De vez em quando, um pai resiste � norma. “A gente consegue ganhar muito isso na conversa. Trabalhamos muito essa quest�o com as crian�as. Quando acontece de um aluno trazer refrigerante de casa, o que � muito raro, a professora filtra e a gente manda um recado na agenda dela: ‘Papai, favor mandar um lanche mais saud�vel’. Ent�o, as pr�prias crian�as fazem esse trabalho em casa, n�o s� com o refrigerante, mas com os chips, que eles adoravam tamb�m. Ent�o, trabalhando com as crian�as � bem mais f�cil do que com os pais”, disse Rosimare. Segundo ela, se o pai continua insistindo em mandar refrigerante para a escola, � feita uma reuni�o, mas nunca a bebida � retirada da crian�a, para n�o exp�-la.
Gabriel, de 9 anos, e Ana Beatriz, de 9, s�o alunos do Arnaldo. Eles n�o escondem a paix�o pelo refrigerante, mas dizem que na maioria das vezes preferem o suco natural, por consider�-lo mais saud�vel. “Tomo refrigerante somente nos fins de semana, em casa ou em festa. Acho o refrigerante mais gostoso, mas sei que o suco � mais saud�vel”, ensina Gabriel. Beatriz tamb�m prefere o suco ao refrigerante. “S� tomo o refrigerante de vez em quando, s�bado e domingo. Em casa, a minha fam�lia tamb�m prefere suco natural”, disse a aluna.
O acordo firmado entre as empresas diz que, nas escolas maiores, com crian�as e adolescentes de diversas idades juntas, v�o apostar na conscientiza��o por parte dos cantineiros e da diretoria na cria��o de regras internas. Elas v�o sugerir mudan�as por meio de campanhas. Uma fabricante decidiu comercializar nas demais escolas apenas latas em vers�o mini, de 250ml (100ml a menos que a convencional), para tentar reduzir o consumo mesmo entre os mais velhos.
LEI Escolas da rede p�blica e particulares de Belo Horizonte j� n�o comercializam refrigerante em suas cantinas. A Secretaria Municipal de Educa��o informou que j� n�o oferece refrigerante nas suas cantinas para os alunos h� mais de dez anos. “N�o h� cantinas terceirizadas e a alimenta��o � feita pelas cantineiras da escola com alimenta��o e card�pio fornecidos e elaborados por nutricionistas da Secretaria Adjunta Municipal de Seguran�a Alimentar e Nutricional. As crian�as s�o orientadas a n�o levar merenda de casa”, informou o munic�pio.
A Secretaria de Estado de Educa��o lembrou a exist�ncia da Lei Estadual 18.372/09 que determina que lanches e as bebidas fornecidos e comercializados nas escolas das redes p�blica e privada do Estado dever�o ser preparados conforme padr�es de qualidade nutricional compat�veis com a promo��o da sa�de dos alunos e a preven��o da obesidade infantil.
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep), Emiro Barbini, disse que sucos de caixinha e em lata ainda s�o permitidos por lei e continuar�o sendo vendidos. “A lei trata esses sucos como naturais”, justifica.
