
Na primeira parada, as amigas finalizaram a corrida e resolveram acionar o aplicativo novamente para que outra corrida fosse iniciada, mas a plataforma n�o funcionou. O motorista sugeriu ent�o que o restante do servi�o fosse feito de forma particular. Uma das jovens foi deixada um bairro da Regi�o Noroeste e E.M ficou por �ltimo no carro. Nesse momento, o motorista a pediu que ela sentasse na frente, para ajud�-lo a identificar o caminho pelo GPS. "Achei um pouco estranho e como ele tinha dito que n�o era brasileiro achei que ele poderia ter dificuldades e passei pra frente", lembra ela.
A estudante conta que at� ent�o o motorista agia de forma natural, mas que no trajeto at� sua casa come�ou a toc�-la enquanto conversavam. "Pouco depois que arrancou o carro, ele encostou a m�o na minha perna, foi quando eu comecei a me arrepender de ter passado para a frente. Cheguei a achar que era o jeito dele, conversar encostando, mas quando aconteceu pela segunda vez estranhei muito", conta.
O motorista que se identificou como eg�pcio ainda iniciou conversas de natureza sexual, que constrangeram a universit�ria. O homem que dirigia a 45 quil�metros por hora, mesmo no Anel Rodovi�rio, ainda fazia perguntas �ntimas e chegou a pedir que a jovem o beijasse. "Ele ficava me perguntando como funcionavam as coisas por aqui, depois fez perguntas mais �ntimas e eu tentei desviar o assunto o tempo todo", conta.
A situa��o ficou ainda mais cr�tica quando entraram em uma rua deserta e o motorista parou o carro alegando que "queria um beijo de toda forma". "Ele chegou a puxar meu pesco�o e eu repetia que n�o", lembra. Ao deix�-la em casa o homem insistiu mais uma vez e reagiu com deboche � negativa da estudante.
O trajeto at� a casa de E.M durou 25 minutos, cronometrados no rel�gio desde que saiu da casa da amiga. "N�s, mulheres, sentimos medo a todo momento", lamenta. "Fiquei pensando o que eu ia falar. Fiquei com medo de ser agressiva e ele reagir. E fiquei com medo dele n�o respeitar meu n�o", diz. Assim que chegou em casa, a universit�ria mandou mensagem para as amigas relatando o ocorrido.
Uma das garotas, que tinha acionado o motorista via aplicativo, chegou a denunci�-lo e ele foi desligado do Uber ainda nesta segunda-feira, segundo a assessoria de impresa. "Meus amigos e familiares me deram muito apoio. Recebi v�rias mensagens de pessoas querendo saber como eu estava e v�rias pessoas me contando que j� passaram por situa��es parecidas", conta a jovem.
Passado o ass�dio, segundo a jovem, o sentimento � de raiva. "Estou com raiva, raiva do motorista e das pessoas que julgam sem conhecimento dos fatos", afirma. De acordo com ela, alguns coment�rios feitos em redes sociais chegaram a sugerir que a jovem teria inventado a hist�ria para aparecer. "Isso � reflexo de uma sociedade machista. Gostaria de falar para que as mulheres se unam, ao inv�s de ficarem julgando umas �s outras", ponderou.
E o medo, para ela, vai al�m de andar sozinha � noite, j� que o ass�dio acontece n�o s� dentro desse contexto, mas tamb�m em escolas, boates e nas ruas. "Isso acontece de dia, na frente de muita gente. Os homens se sentem livres para fazer o que bem entendem com mulheres e acham que o n�o pode virar um sim se eles insistirem", comenta a jovem que lembra que antes da puni��o � preciso educar a sociedade para o respeito �s mulheres. "� mais f�cil acreditar que a v�tima inventou uma hist�ria, do que acreditar que homens assediam", garante.
Em nota, a Uber afirmou que “n�o tolera qualquer tipo de ass�dio”. “Entramos em contato com a v�tima, para verificar a sua seguran�a. Enquanto isso, o motorista parceiro foi desligado da plataforma”, informou. A companhia acrescentou que, ao chamar um Uber, o usu�rio tem acesso a foto, nome do condutor, modelo e placa do carro. A empresa garantiu ainda que, para se cadastrar como parceiro, o candidato passa por checagem de antecedentes criminais nas esferas federal e estadual.