
Isabel destaca tr�s pontos primordiais para resolver a quest�o: a presen�a do poder p�blico, o comportamento da popula��o e a colabora��o para a gest�o do risco. Ela afirma que o processo � din�mico e o levantamento do risco envolve conhecimento da composi��o do terreno e a conforma��o dele do ponto de vista da geomorfologia, entre outras coisas. Tamb�m s�o avaliados ind�cios diversos, como trincas, se h� cobertura vegetal no local, o corte do terreno, se h� fossas e o escoamento de �gua. Todas essas quest�es s�o analisadas para se prever um poss�vel risco. As a��es da Urbel s�o coordenadas pelo Programa Estrutural em �reas de Risco (Pear) que, h� 22 anos, � respons�vel pelo mapeamento, vistoria e interven��es nesses lugares.
A diretora da Urbel diz que, como remover fam�lias n�o � algo f�cil, o trabalho envolve a comunidade para conscientiz�-la e mobiliz�-la n�o s� para perceber o risco, como no sentido de se precaver e n�o contribuir para agravar o problema. “As remo��es s�o feitas em �ltimo caso, quando n�o se tem mais o que fazer”, afirma. “A Prefeitura de Belo Horizonte n�o d� conta de intervir em todos os lugares ao mesmo tempo, por isso preparamos muito a popula��o, conversando com ela sobre como evitar o risco e, se a situa��o mudar, ligar pedindo vistoria”, acrescenta.
A diretora ressalta que as remo��es t�m diminu�do nos �ltimos anos. Em 2016, por exemplo, foram apenas 10. Ela destaca que isso se deve �s interven��es para reduzir os riscos e �s obras em vilas, feitas com recursos do Or�amento Participativo, do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) e da PBH. “� medida que se urbaniza, tiramos fossa, fazemos drenagem, implementamos uma rua, enfim, os agentes potenciais do risco s�o reduzidos”, revela. Isabel lembra que a dificuldade aparece nos casos em que as fam�lias precisam ser removidas e resistem devido a uma op��o de vida feita naquele lugar. Outro desafio � fazer as pessoas entenderem que suas a��es s�o fundamentais para evitar a situa��o. “H� um problema recorrente hoje de pessoas cortando terrenos que j� foram estabilizados ou construindo em cima de locais de drenagem para ampliar ou erguer novas moradias. Se destru�da, a obra para de ter efic�cia.”

“Gosto de ter quintal, espa�o para ficar com a fam�lia”, diz o desempregado. Ele abriga na �rea que circunda o barraco um p� de mam�o, canteirinho de alface, roseira em flor e outras plantas. O aspecto no interior da moradia d� gosto de ver, com estante com os livros, aqu�rio e limpeza. “Gosto de tudo arrumado, construo tudo aqui”, comenta. O per�odo chuvoso tamb�m traz temores ao pai de fam�lia, que mant�m uma tubula��o, na lateral do terreno para a enxurrada descer sem devastar seu patrim�nio. “Espero que qualquer mudan�a nos traga benef�cios”, observa o belo-horizontino.
No caminho que conduz ao alto do Taquaril, podem ser vistas obras conclu�das de conten��o dos morros, com pared�es de concreto. Em outros pontos, h� placas da PBH – numa delas, curiosamente, h� um adesivo de propaganda do futuro prefeito – orientando as pessoas a n�o construir. Morando sozinho num barrac�o, o auxiliar de servi�os gerais Felipe Silva de Souza tamb�m v� perigos na regi�o. Ele espera que uma eventual remo��o melhore a vida da comunidade.
A diretora da Urbel afirma que a �rea da ocupa��o vem sendo acompanhada. Ela admite que se trata de uma �rea potencial para o desenvolvimento do risco, devido � maneira como est� sendo habitada.
Panorama
2,1 mil � o n�mero de edifica��es em �rea de risco
10 fam�lias foram removidas, este ano, de �reas de risco
7 vezes � a redu��o, em 20 anos, da quantidade de edifica��es em terrenos em situa��o de risco geol�gico
50 n�cleos de volunt�rios est�o presentes nas vilas e favelas para conscientizar as comunidades sobre os riscos
Fonte: Urbel
Primeiro mapeamento foi feito nos anos 1990
O Programa Estrutural em �reas de Risco (Pear) foi implementado em 1994, quando foi elaborado o primeiro mapeamento sobre os perigos nas vilas e favelas de Belo Horizonte. Na �poca, havia 15 mil edifica��es com risco geol�gico considerado “alto” e “muito alto”. Mais de duas d�cadas depois, restam 2,1 mil moradias constru�das em lugares que inspiram cuidado, mas o risco “muito alto” foi eliminado, segundo a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Nesse per�odo, foi criada uma rede de volunt�rios – os n�cleos de defesa civil. Eles s�o formados por moradores das comunidades e ajudam na mobiliza��o, na identifica��o de problemas e na conscientiza��o dos vizinhos. Atualmente, h� 50 n�cleos, com 422 volunt�rios inscritos.