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Estado de Minas

Fam�lias que perderam moradias com a chuva em BH ainda esperam indeniza��o

Per�odo chuvoso j� obrigou 11 fam�lias de BH a deixar im�veis e a buscar ref�gio em casas de parentes ou abrigos


postado em 22/11/2016 06:00 / atualizado em 22/11/2016 07:37

a supervisora de call center Rita de Cássia Piumbini, de 56 anos, observa muro de contenção erguido no terreno onde ficava o prédio em que vivia, no Buritis:
a supervisora de call center Rita de C�ssia Piumbini, de 56 anos, observa muro de conten��o erguido no terreno onde ficava o pr�dio em que vivia, no Buritis: "Sinto muita frustra��o" (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Dos bairros �s favelas, a agonia de quem perdeu seu teto devido �s chuvas n�o se restringe � correria de se salvar e procurar local seguro. Muitas vezes por lentid�o no andamento de processos judiciais ou na ado��o de medidas por parte do poder p�blico, essas fam�lias acabam atiradas � incerteza de anos vivendo em moradias provis�rias, casas de parentes e abrigos. Os anos de estiagem prolongada (2013, 2014 e 2015) fizeram muitos belo-horizontinos esquecer essas situa��es, mas a temporada de chuvas vigorosas retornou este ano e j� fez com que 11 fam�lias deixassem resid�ncias amea�adas – h� 10 casos em vilas e favelas e um no Bairro Buritis (Regi�o Oeste de Belo Horizonte).


No interior de Minas, a temporada de chuvas tamb�m tira pessoas de casa. Somente em Resplendor, no Vale do Rio Doce, ao menos 284 pessoas est�o fora de suas resid�ncias depois que um temporal atingiu a cidade na madrugada de s�bado, provocando quatro mortes (leia mais na p�gina 14). Os desabrigados da temporada atual de chuvas come�am um calv�rio enfrentado h� anos, por exemplo, pelas nove fam�lias dos dois edif�cios condenados no Bairro Buritis no fim de 2011 – um foi demolido e outro caiu, em 2012 –, e pelas cinco de um pr�dio do Cai�ara (Regi�o Noroeste de BH), que desabou tamb�m em 2012, matando uma pessoa e ferindo outra. Hoje, todos vivem de forma provis�ria, seja nas casas de parentes ou em moradias alugadas.

� o caso da supervisora de call center Rita de C�ssia Piumbini, de 56 anos. Os problemas delas come�aram com a interdi��o do edif�cio Vale dos Buritis, em 22 de outubro de 2011. Desde ent�o, n�o tem mais uma casa pr�pria e diz arcar com muitos preju�zos, incluindo os reajustes anuais dos alugueis que no caso dela chegaram a R$ 2,2 mil, enquanto o teto concedido pela Justi�a para pagamento da construtora � de R$ 2 mil. “Sinto muita frustra��o. Voc� sonha em ter uma casa pr�pria para o conforto na velhice e para os filhos. O segundo sentimento � o de revolta com a passividade da Justi�a no Brasil, j� que at� hoje o juiz de primeira inst�ncia n�o deu uma senten�a num processo de 5 anos”, reclama.

No local onde ficava o edif�cio de Rita, que caiu, e o vizinho, que foi demolido, a Prefeitura de Belo Horizonte construiu emergencialmente dois muros de arrimo e fez uma cobertura de concreto no terreno de baixo que vinha sendo aberto para a constru��o de mais empreendimentos. Em um terceiro pr�dio que foi interditado, onde ningu�m chegou a morar, o muro da rua ainda tem as trincas da �poca do desabamento. Das janelas e garagens, � poss�vel ver ferragens retorcidas, madeiras entulhadas e tubula��es empilhadas. Moradores da vizinhan�a, agora, em vez de se preocuparem com a estabilidade do solo, temem que a edifica��o acabe invadida ou seja utilizada por usu�rios de crack e ladr�es.

Tamb�m no Buritis, a dona de casa Elisabeth Lemguber, de 68, foi “expulsa” em 12 de novembro deste ano do apartamento em que vive na Rua Iracy Manata e espera n�o ter de enfrentar problemas por tanto tempo. Desde que o muro de arrimo do condom�nio desabou e uma grande quantidade de lama e pedras invadiu parte do apartamento, ela buscou ref�gio na casa de parentes. “� muito triste passar essa �poca deslocada e sem saber como vai ser o ano que entra, o que vai ser de mim e da minha casa”, lamenta. “J� entrou �gua na minha casa e est� amea�ando m�veis e outros quartos”, completa Elisabeth, que aguarda solu��o para que seu patrim�nio n�o se deteriore. “O pr�dio de cima j� assumiu os danos. Disseram que v�o acionar o seguro deles para me ressarcir e falaram para a minha s�ndica que v�o consertar (o apartamento), mas me pediram tr�s or�amentos para retirar o entulho”, conta.

Retirados de imóvel ameaçado no Taquaril, mãe e dois filhos vivem em abrigo na região leste de bh e reclamam de condições ruins(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Retirados de im�vel amea�ado no Taquaril, m�e e dois filhos vivem em abrigo na regi�o leste de bh e reclamam de condi��es ruins (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
ABRIGO Para quem n�o tem casas de familiares para se acomodar, a sa�da � se instalar em locais p�blicos oferecidos para acolher atingidos pela chuva. No Abrigo Granja de Freitas, no Taquaril, Regi�o Leste, oito dos 10 desabrigados de vilas e favelas de BH este ano encontraram um lugar para viver enquanto suas casas est�o sendo avaliadas e podem sofrer interven��es para que suas estruturas j� amea�adas n�o sejam mais comprometidas ou acabem desabando. A demora por essas defini��es tamb�m � grande. Al�m das pessoas que tiveram de sair de casa este ano, h� quem esteja no local h� mais tempo. A auxiliar de limpeza Darlete Martins, de 31 e sua m�e j� est�o h� dois anos abrigadas desde que a casa delas, no Morro das Pedras (Oeste de BH), come�ou a desabar pela cozinha e foi interditada pela Urbel.

“N�o d� para morar l�. Mas, enquanto nada � feito, o lote est� acumulando lixo e sendo destru�do pelas pessoas. A gente quer ver se vai ser tudo demolido ou se vamos receber outra casa. Vamos levando a vida at� que isso seja resolvido”, afirma Darlete. A irm� dela, Zilande Monteiro, de 30, que foi morar no mesmo abrigo com os dois filhos, de 2 e 4 anos, reclama das infesta��es a que est�o sujeitos na morada provis�ria. “Estamos morando no meio de muitos ratos que roem os cobertores, os colch�es, os m�veis, comem os alimentos e amea�am nossos filhos. Os quartos tamb�m est�o cheios de percevejos e de besouros. Est� dif�cil viver nessas condi��es”, afirma.

De acordo com a Secretaria Adjunta de Assist�ncia Social, a infesta��o de besouros � comum em per�odos chuvosos e os insetos est�o aparecendo em v�rios pontos da cidade. Sobre os ratos, a secretaria informa que “houve uma programa��o para o ano de 2016 de dedetiza��o e desratiza��o. Ao longo de todo o ano, foram realizadas a��es de combate e preven��o. No dia 11 deste m�s a dedetizadora contratada aplicou o produto nos c�modos vazios e no dia 18 ocorreu a aplica��o apropriada os c�modos ocupados. No pr�ximo dia 7 haver� nova dedetiza��o”. A secretaria informou n�o ter recebido queixas sobre percevejos.

PROBLEMAS NO BURITIS E CAI�ARA

Casos na 1ª inst�ncia

Uma a��o dos moradores do edif�cio Vale do Buritis, no Bairro Buritis (Regi�o Oeste de BH) contra a Construtora Estrutura foi movida antes de o pr�dio cair, pedindo repara��o de danos. Cinco anos depois, o caso ainda est� na primeira inst�ncia. Com o desabamento, caber� ao juiz arbitrar uma indeniza��o, caso condene a empresa. O advogado da construtora, Eduardo Cordeiro, sustenta que a culpa n�o foi da Estrutura. “Foram danos sofridos pela rede de drenagem e vazamento da Copasa”, disse. O caso do pr�dio do Cai�ara tamb�m est� em primeira inst�ncia. O advogado das 12 fam�lias, Adriano Cardoso, quer que a Copasa e a Prefeitura de BH paguem indeniza��es de R$ 300 mil por danos materiais e outros R$ 100 mil de danos morais a cada um. “Espero que a senten�a saia em um ano”, disse. Os moradores afirmam n�o receber aluguel. “Tivemos que arcar com os preju�zos”, disse Helv�cio Jos� Tib�es, de 53 anos.
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 16/01/2012)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 16/01/2012)


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