
� o caso da supervisora de call center Rita de C�ssia Piumbini, de 56 anos. Os problemas delas come�aram com a interdi��o do edif�cio Vale dos Buritis, em 22 de outubro de 2011. Desde ent�o, n�o tem mais uma casa pr�pria e diz arcar com muitos preju�zos, incluindo os reajustes anuais dos alugueis que no caso dela chegaram a R$ 2,2 mil, enquanto o teto concedido pela Justi�a para pagamento da construtora � de R$ 2 mil. “Sinto muita frustra��o. Voc� sonha em ter uma casa pr�pria para o conforto na velhice e para os filhos. O segundo sentimento � o de revolta com a passividade da Justi�a no Brasil, j� que at� hoje o juiz de primeira inst�ncia n�o deu uma senten�a num processo de 5 anos”, reclama.
No local onde ficava o edif�cio de Rita, que caiu, e o vizinho, que foi demolido, a Prefeitura de Belo Horizonte construiu emergencialmente dois muros de arrimo e fez uma cobertura de concreto no terreno de baixo que vinha sendo aberto para a constru��o de mais empreendimentos. Em um terceiro pr�dio que foi interditado, onde ningu�m chegou a morar, o muro da rua ainda tem as trincas da �poca do desabamento. Das janelas e garagens, � poss�vel ver ferragens retorcidas, madeiras entulhadas e tubula��es empilhadas. Moradores da vizinhan�a, agora, em vez de se preocuparem com a estabilidade do solo, temem que a edifica��o acabe invadida ou seja utilizada por usu�rios de crack e ladr�es.
Tamb�m no Buritis, a dona de casa Elisabeth Lemguber, de 68, foi “expulsa” em 12 de novembro deste ano do apartamento em que vive na Rua Iracy Manata e espera n�o ter de enfrentar problemas por tanto tempo. Desde que o muro de arrimo do condom�nio desabou e uma grande quantidade de lama e pedras invadiu parte do apartamento, ela buscou ref�gio na casa de parentes. “� muito triste passar essa �poca deslocada e sem saber como vai ser o ano que entra, o que vai ser de mim e da minha casa”, lamenta. “J� entrou �gua na minha casa e est� amea�ando m�veis e outros quartos”, completa Elisabeth, que aguarda solu��o para que seu patrim�nio n�o se deteriore. “O pr�dio de cima j� assumiu os danos. Disseram que v�o acionar o seguro deles para me ressarcir e falaram para a minha s�ndica que v�o consertar (o apartamento), mas me pediram tr�s or�amentos para retirar o entulho”, conta.

“N�o d� para morar l�. Mas, enquanto nada � feito, o lote est� acumulando lixo e sendo destru�do pelas pessoas. A gente quer ver se vai ser tudo demolido ou se vamos receber outra casa. Vamos levando a vida at� que isso seja resolvido”, afirma Darlete. A irm� dela, Zilande Monteiro, de 30, que foi morar no mesmo abrigo com os dois filhos, de 2 e 4 anos, reclama das infesta��es a que est�o sujeitos na morada provis�ria. “Estamos morando no meio de muitos ratos que roem os cobertores, os colch�es, os m�veis, comem os alimentos e amea�am nossos filhos. Os quartos tamb�m est�o cheios de percevejos e de besouros. Est� dif�cil viver nessas condi��es”, afirma.
De acordo com a Secretaria Adjunta de Assist�ncia Social, a infesta��o de besouros � comum em per�odos chuvosos e os insetos est�o aparecendo em v�rios pontos da cidade. Sobre os ratos, a secretaria informa que “houve uma programa��o para o ano de 2016 de dedetiza��o e desratiza��o. Ao longo de todo o ano, foram realizadas a��es de combate e preven��o. No dia 11 deste m�s a dedetizadora contratada aplicou o produto nos c�modos vazios e no dia 18 ocorreu a aplica��o apropriada os c�modos ocupados. No pr�ximo dia 7 haver� nova dedetiza��o”. A secretaria informou n�o ter recebido queixas sobre percevejos.
PROBLEMAS NO BURITIS E CAI�ARA
Casos na 1ª inst�ncia
Uma a��o dos moradores do edif�cio Vale do Buritis, no Bairro Buritis (Regi�o Oeste de BH) contra a Construtora Estrutura foi movida antes de o pr�dio cair, pedindo repara��o de danos. Cinco anos depois, o caso ainda est� na primeira inst�ncia. Com o desabamento, caber� ao juiz arbitrar uma indeniza��o, caso condene a empresa. O advogado da construtora, Eduardo Cordeiro, sustenta que a culpa n�o foi da Estrutura. “Foram danos sofridos pela rede de drenagem e vazamento da Copasa”, disse. O caso do pr�dio do Cai�ara tamb�m est� em primeira inst�ncia. O advogado das 12 fam�lias, Adriano Cardoso, quer que a Copasa e a Prefeitura de BH paguem indeniza��es de R$ 300 mil por danos materiais e outros R$ 100 mil de danos morais a cada um. “Espero que a senten�a saia em um ano”, disse. Os moradores afirmam n�o receber aluguel. “Tivemos que arcar com os preju�zos”, disse Helv�cio Jos� Tib�es, de 53 anos.
