A nova lei, que encheu de orgulho os moradores da terra de Chica da Silva e Juscelino Kubitschek e ainda os defensores do patrim�nio cultural, tem o objetivo de valorizar o evento da cidade hist�rica, em que os m�sicos se apresentam das janelas dos casar�es e os maestros se posicionam na rua, no meio da plateia. “Atualmente, este � nosso atrativo tur�stico mais importante, sempre realizado entre mar�o e outubro, na Rua da Quitanda, ao ar livre. Chega gente de todo o canto, inclusive estrangeiros”, comemora o diretor de A��o Cultural da prefeitura local, Ricardo Luizz.
Segundo Luizz, a manifesta��o musical ocorre dois s�bados por m�s, “quando as chuvas cessam”, com participa��o das bandas de M�sica do 3º Batalh�o de Pol�cia Militar e Sinf�nica Mirim Prefeito Ant�nio de Carvalho Cruz, que sobem �s sacadas do largo da Quitanda. “Do meio da multid�o, o maestro rege a apresenta��o e encanta o p�blico, que acompanha l� de baixo, sentado nas mesas espalhadas pela rua”, detalha o diretor. Em 1999, Diamantina foi reconhecida como patrim�nio cultural da humanidade pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco).
RA�ZES Embora com menos de duas d�cadas, a Vesperata tem ra�zes mais profundas, intimamente ligadas ao passado colonial. O incentivo � forma��o dos m�sicos come�ou no antigo Arraial do Tijuco no s�culo 18, quando as irmandades religiosas contribu�am para o reconhecimento e a manuten��o da m�sica como of�cio consolidado e seguro. Os estudos mostram que todas as celebra��es religiosas da �poca eram cantadas, a exemplo das festas e prociss�es, das ladainhas, alvoradas, novenas e missas. Em todas as ocasi�es, eram encomendadas m�sicas aos mestres de of�cio.
Com a cria��o de um bispado em Diamantina, em meados do s�culo 19, a a��o reguladora do clero na cidade foi aprofundada e severos limites foram impostos �s irmandades, que passaram a ter seu funcionamento subordinado a normas de conduta estabelecidas pela institui��o. Essas novas rela��es de dom�nio culminaram no esvaziamento das fun��es das irmandades e, consequentemente, na redu��o dos recursos destinados a incentivar o of�cio de m�sico no antigo Tijuco. A situa��o acabou por acelerar o amadorismo que cercou o m�sico diamantinense ao longo dos s�culos 19 e 20, o que n�o chegou a afetar a riqueza musical da regi�o. O resultado foi a apropria��o cada vez maior de lugares sociais por parte dos m�sicos, que assumiram a responsabilidade pela capacita��o dos aprendizes.
Os espa�os p�blicos se tornaram palco de retretas. Coretos, pra�as e esquinas. Em uma das audi��es executadas no coreto da pra�a, Jo�o Batista de Macedo, regente da Banda do ent�o 4º Corpo Militar de Diamantina, teve uma ideia brilhante. Inspirado pela linha de composi��o de uma das m�sicas apresentadas pela banda, o maestro posicionou os blocos de solistas nas sacadas e janelas dos casar�es da antiga pra�a. Estava criada a Vesperata.
A disposi��o peculiar dos m�sicos foi sendo repassada entre os maestros que assumiam a reg�ncia da Banda Militar. Mas a partir da d�cada de 1940, a tradi��o perdeu for�a e chegou a desaparecer, impulsionada pelo processo de urbaniza��o da cidade e a cria��o de novas op��es de lazer. Em 1997, os maestros das bandas Mirim e de M�sica do 3º Batalh�o de Pol�cia Militar trouxeram de volta a Vesperata, que se celebrizou a partir do t�tulo da Unesco.