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Estado de Minas

Ap�s jovem ser agredida em bloco, discuss�o sobre ass�dio na folia volta � tona

Pr�tica comum durante o carnaval, o ass�dio deve ser combatido por mulheres e homens


postado em 27/02/2017 08:33 / atualizado em 27/02/2017 14:25

Jovem foi assediada e agredida com cabeçada no nariz no cortejo do Unidos do Samba Queixinho, no Carlos Prates(foto: Tulio Santos/EM/ D.A Press)
Jovem foi assediada e agredida com cabe�ada no nariz no cortejo do Unidos do Samba Queixinho, no Carlos Prates (foto: Tulio Santos/EM/ D.A Press)

N�o � n�o. Na contram�o da alegria do carnaval e do respeito, o ass�dio marca presen�a nas ruas. Neste mesmo ano em que mulheres ligadas a diversos blocos e foli�s lan�aram a campanha “Tira a m�o: � hora de dar um basta”, contra o ass�dio durante a folia, a pr�tica machista ainda persiste. Foi o caso da jovem F.G., de 24 anos, que foi ferida por um homem durante o desfile Unidos do Samba Queixinho, no Bairro Carlos Prates, na Regi�o Noroeste. O epis�dio foi flagrado pela reportagem do jornal Estado de Minas.

O homem, fantasiado com o rosto pintado de laranja e duas estrelas pretas nos olhos, de aproximadamente 30 anos, insistia em assediar a jovem. “Estava no carnaval com v�rias amigas e a gente se perdeu. Naquele momento, est�vamos em tr�s e percebemos que um homem estava nos seguindo e encostado em n�s”, contou a jovem. Ela relata que depois de muita insist�ncia, decidiu pedir para que ele se retirasse. “Foi quando eu falei com ele para sair”, contou. Ao persistir, a jovem ficou irritada e repetiu para que ele sa�sse e ele respondeu com a cabe�ada.

A jovem afirma que n�o teve amparo da Pol�cia Militar (PM) e que eles s� a encaminharam para uma ambul�ncia pr�ximo ao bloco. Posteriormente, ela foi para o hospital Hospital Jo�o XXIII para tratar do corte do nariz. “Amanh� vou fazer o Boletim de Ocorr�ncia”, disse. A v�tima diz que a at� ent�o n�o havia sofrido um ass�dio violento. “ Acho que n�o podemos desanimar. Isso n�o deve serve de desmotiva��o para as meninas que querem sair do carnaval, se quiserem ir de burca ou pelada”, afirma.

O homem saiu correndo e n�o tinha sido identificado. Outras duas jovens contaram que foram assedias pelo mesmo homem, minutos antes do ocorrido. “� um absurdo. Poderia ter sido uma n�s machucadas, n�?”, lamenta Ra�ssa Nogueira, de 29 anos. “Ele veio falar com a gente, foi extremamente insistente. Desistiu depois que viu que um amigo nosso se aproximou”, contou Ra�ssa.

Ouvindo foli�s durante os tr�s dias de carnaval, o relato de que homens s�o invasivos durante a “chegada” � bastante frequente: � um olhar ofensivo ou uma puxada de bra�o. “Isso acontece a todo o momento. � durante o carnaval, ou durante o dia a dia. Ouvimos insultos como ‘vagabundas’ no caminho do bloco”, afirmou a jovem Mariana Assis, de 21 anos. Ela acredita que o problema, enraizado em uma sociedade patriarcal, n�o pode ser silenciado. Assim como F.G. procurou a pol�cia, as mulheres n�o podem se calar. “Temos que insistir, temos que falar o tempo todo. Isso n�o � exagero”, afirma Mariana.

Uma das organizadoras da campanha “Tira a m�o: � hora de dar um basta”, Renata Chamilet, conta que o projeto saiu do Facebook para as ruas. “Esse assunto precisa ser tratado. Os blocos est�o lendo a carta e falando sobre isso. Mulheres t�m me procurado para relatar casos de ass�dio, inclusive, violentos”, afirmou Renata. Ainda de acordo com ela, o plano para 2018 � firmar uma parceria com a Delegacia Especializada da Mulher para que as den�ncias sejam levadas � frente.

A jovem Camila Cardoso, de 35 anos, aposta na conscientiza��o por meios de campanhas feministas e den�ncias pela internet. “Essa mobiliza��o da campanha ajudou. Ano passado, sofri um ass�dio pesado. Este ano, ningu�m me chegou me puxando. Acho que os homens foram mais respeitosos ao abordar.”

 

tr�s perguntas para ...

RENATA CHAMILET

 

O que fazer em casos de ass�dio?
A primeira coisa talvez seja n�o se sentir culpada. Nenhum comportamento nosso � respons�vel pelo ass�dio. Temos que acreditar em n�s at� para sermos fortes para enfrentar o ass�dio. Cada caso deve ser analisado. Em casos de ass�dios violentos, existem ONGs que podem ajudar a mulher violentada a procurar a pol�cia, por exemplo. Mas � bom que fique claro que ass�dio � crime.

E quando a pessoa presenciar algum tipo de ass�dio? Como proceder?
Infelizmente, o ass�dio verbal que acontece durante a folia geralmente � classificado como importuna��o ofensiva ao pudor, que precisa de testemunhas e ainda tem pena muito baixa. No entanto, aquela puxada de cabelo, a tentativa de beijo � for�a e outras situa��es que voc� provavelmente j� presenciou s�o muito mais graves do que as pessoas imaginam. Desde 2009, o estupro engloba beijo � for�a, toque nas partes genitais e qualquer toque n�o consentido com finalidade sexual. � grav�ssimo, e n�o importa qual a data, devemos nos lembrar de que a aus�ncia de um n�o – ou o sil�ncio – n�o s�o sin�nimo de sim. Se o consentimento n�o for claro, � estupro. Precisamos trabalhar a solidariedade. Se voc� v� uma menina desconfort�vel ou sendo constrangida � bom intervir e perguntar para ela se est� tudo bem. O m�ximo que vai acontecer � ela te dizer que est�, mas, se n�o estiver, voc� pode ter ajudado algu�m a sair de uma situa��o dif�cil.

Como os homens deveriam se comportar no carnaval?
N�o nos interessa ditar regras para que os homens vivam suas vidas, desde que isso n�o invada nossos corpos ou nos ameacem a liberdade. O b�sico �: “N�o � n�o”, “fantasia, decote, roupa curta n�o � convite”, “l�sbicas n�o querem a sua participa��o”, “mulheres trans s�o mulheres”, “mulher negra n�o � fantasia”, “respeite o espa�o e o corpo do outro”. N�o precisamos ditar regras de comportamento masculino se cada um adotar o comportamento simples de respeitar o corpo e o espa�o do outro.”


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