Ativista do movimento negro, Vanessa Cristina de Jesus, conhecida como Vanessa Beco, de 44 anos, foi detida na manh� desta quarta-feira, durante organiza��o do Bloco Arrasta + Bloco de Favela, na Vila Antena, que faz parte do Aglomerado Morro das Pedras, na Regi�o Oeste da capital mineira. O epis�dio mobilizou as redes sociais e internautas alegam racismo e pedem por justi�a. Vanessa foi levada para a Unidade de Flagrantes Barreiro, na Avenida Sinfr�nio Brochado.
O caso ocorreu pouco antes das 12h, hor�rio que seria o da sa�da do bloco, conforme a prefeitura. Segundo a Pol�cia Militar (PM), uma viatura foi deslocada para a Rua S�o Jos� para acompanhar a realiza��o da festa. Chegando ao local, os militares encontraram duas pessoas montando uma barraca na rua. Uma delas era o respons�vel pelo bloco, �lvaro Augusto Moura da Silva, que forneceu seus documentos aos policiais. A outra pessoa era Vanessa, que se recusou a se identificar, alegando que n�o precisaria fazer isso, pois n�o era respons�vel pelo evento. “Os policiais chegaram querendo alvar� de funcionamento, n�o entendiam que era um bloco de carnaval, que � feito para unir a comunidade. Minha m�e se recusou a dar o documento e eles ent�o se concentraram nela e a levaram para a delegacia”, conta a filha da funcion�ria p�blica, a estudante Pabline Cristina Santana de Jesus, de 24. Segundo ela, havia 250 pessoas na rua naquele momento esperando pelo bloco de carnaval.
Segundo a PM, consta no relato dos militares que ela come�ou a alterar a voz, passou a filmar a a��o e xingou os militares de “racistas, despreparados e fracos”, e teria incitado a popula��o contra os eles. Ainda de acordo com a pol�cia, outro homem come�ou a filmar a a��o dos policiais e a rea��o de Vanessa. De acordo com a pol�cia, “o celular foi recolhido para ser periciado na produ��o de provas com a incita��o da popula��o pela conduzida”.
O aparelho era do conselheiro municipal de cultura Leonardo Silva de Carvalho. “Estava registrando tudo o que acontecia, como os pr�prios policiais faziam com seus celulares. Come�aram a dizer que se a imagem deles fosse divulgada a gente 'ia ver'. Que eles n�o autorizavam. Disse que eram funcion�rios p�blicos no exerc�cio da profiss�o e a� eles tomaram meu celular”, conta Leonardo.
Os militares disseram que houve uma aglomera��o de pessoas, que come�aram a xing�-los e chamaram refor�os. Ainda segundo a PM, com a chegada de sua advogada, Vanessa foi levada para a delegacia, onde apresentou seus documentos.
Ao deixar a delegacia, Vanessa criticou a a��o da PM. "Se fossem outras pessoas, de outros blocos, em outras regi�es da cidade, n�o seriam desrespeitadas. A nossa luta � para que mais pessoas ergam a cabe�a e n�o aceitem ser humilhadas. Esse tipo de tratamento � di�rio na favela. Precisamos garantir que as pr�ximas gera��es sejam mais plenas humanamente. Tentaram criminalizar o simples exerc�cio da cidadania", disse emocionada.