Atualmente, as sess�es s�o feitas das 7h �s 11h, pois, depois disso, o sol castiga. Em dias de chuva, os atendimentos s�o automaticamente suspensos. A campanha, comandada pela Associa��o Feminina de Assist�ncia Social e Cultura (Afas), entidade ligada � Pol�cia Militar, est� na internet (ajude.afas.org.br) e vai at� 10 de junho. A cada R$ 6 doados, a pessoa concorre com um n�mero a uma camisa autografada � escolha de cada ganhador: do Am�rica, Atl�tico ou Cruzeiro. J� o time que bater a meta ganha o pr�mio de torcida mais solid�ria. A cobertura ser� met�lica e tem custo estimado em R$ 300 mil. A coordenadora da campanha, sargento Nayana de Souza Ramos, analista de contratos e conv�nios da Afas, explica que, com ela, ser� poss�vel atender o dia inteiro. Sendo constru�da este ano, pelo menos 500 pessoas ser�o beneficiadas de imediato, reduzindo a fila de espera pela metade. A partir de ent�o, a expectativa � de que o tempo aguardando uma vaga seja de aproximadamente seis meses, j� que � preciso esperar a alta de outros pacientes, dada, normalmente, ao fim de dois anos de tratamento. Depois disso, quem precisa retomar as sess�es volta novamente para a fila.
Os praticantes de equoterapia s�o atendidos em sess�es de 30 minutos, uma vez por semana. Segundo Nayana, algumas faculdades fizeram contato oferencendo o trabalho de estagi�rios. Com a nova estrutura e mais gente trabalhando, ser� poss�vel fazer de duas a tr�s sess�es a cada meia hora. Cada praticante precisa de pelo menos tr�s profissionais para ajudar, incluindo o fisioterapeuta (que muitas vezes precisa montar para auxiliar o paciente) e o militar que conduz o cavalo. Esses esfor�os crescem � medida que aumenta o peso da pessoa assistida. “� inconceb�vel essa quantidade de pessoas na fila por causa de uma situa��o que podemos mudar. A equoterapia transforma vidas. H� crian�as diagnosticadas a passar a vida inteira acamadas, porque n�o sentam, que chegam at� n�s completamente molinhas e, com quatro meses, conseguem sentar”, conta.
O sargento Jos� Geraldo Nunes, comandante do Centro de Equoterapia do Cercat, diz que o n�mero de pessoas aguardando uma vaga s� n�o � maior porque, quando informadas sobre a m�dia do tempo de espera, cerca de 30% dos candidatos desistem. “Fora aqueles que, infelizmente, morrem na fila de espera, aguardando uma vaga”, diz.

SERVI�O
Centro de Equoterapia do Cercat
Rua Platina, 580, Prado
(31) 2123-9528 e 3016-2781
Esfor�o para retomar as r�deas do destino
A maioria dos praticantes de equoterapia no Cercat s�o crian�as com at� 12 anos de idade (70%). O restante s�o adolescentes, jovens e adultos. O trabalho � uma parceria entre a Pol�cia Militar e a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Para o funcionamento das atividades, a PM disponibiliza seis militares e um civil, sete cavalos – que j� n�o fazem servi�o de rua – e todo o insumo necess�rio para a manuten��o dos animais (alimenta��o, atendimento veterin�rio, medicamento e limpeza). O Regimento de Cavalaria´ï¿½ respons�vel ainda por registrar as inscri��es. J� a Fhemig destina seis profissionais de diversas especialidades de sa�de: m�dico ortopedista, fisioterapeutas, fonoaudi�logo e terapeuta ocupacional. O �ltimo conv�nio foi assinado no fim de agosto do ano passado e tem dura��o de 60 meses.
Apesar das dificuldades, o sargento Nunes diz que os envolvidos n�o desanimam. “Ao nosso ver, n�o h� certeza de seguran�a se n�o ampararmos quem nos solicita, quase dizendo, num grito: ‘Precisamos ser inseridos ou reinseridos na sociedade’, como � o caso das pessoas que fazem parte do nosso mundo equoter�pico”, diz. “Ningu�m se sente seguro tendo sua sa�de banalizada e negligenciada. No Cercat, cuidamos, lapidamos, inserimos e reinserimos pessoas no meio social com pr�ticas equoter�picas, preservando assim o direito � vida de cada uma dessas pessoas.”
Busca por passos mais firmes
Na fila de espera, est� Carlos (nome fict�cio), de 40 anos, que levou dois tiros na cabe�a, h� 13 anos, enquanto trabalhava. No hospital, os m�dicos lhe deram oito horas de vida. Superado esse tempo, a medicina convencional foi direta: “Disseram que, se eu sobrevivesse, morreria em cima da cama. E aqui estou eu, falando”, conta. Ele ficou tetrapl�gico, foi atendido no Hospital Sara Kubitschek e, por interm�dio de um conhecido, soube da equoterapia, � qual agregou sess�es de fisioterapia. Para quem estava sem os movimentos de membros superiores e inferiores, as mudan�as por causa do tratamento soam como milagre. “Cheguei l� 40% e sa� 110%. Hoje como sozinho, escovo meus dentes, me viro com minha cadeira motorizada e com o controle da TV e dou um jeitinho com o WhatsApp, al�m de escrever com pincel at�mico. Escuto bem, falo bem e enxergo bem. E ainda fa�o minha contabilidade”, relata, com ar vitorioso. Carlos j� passou por um primeiro atendimento e agora aguarda nova oportunidade, contando com o sucesso da campanha para conseguir atendimento r�pido.
A professora Ilza de F�tima dos Santos Souza, de 47, sabe bem como � a ang�stia da espera, que durou cinco anos. Ela se inscreveu quando a filha Louise de Aquino Souza, hoje com 7 anos, que tem s�ndrome de down, saiu do hospital, aos 7 meses de idade. S� conseguiu atendimento em meados do ano passado. “Percebemos melhoras muito pouco tempo depois. Ela era bem molinha e andava cambaleando. Depois de duas a tr�s sess�es, vimos diferen�a j�. Hoje ela tem mais for�a, corre para todo lado e tem mais firmeza”, conta.
O garoto Jo�o V�tor Ara�jo dos Santos Can�ado, de 11, que tem paralisia cerebral e motora, � outro exemplo de paci�ncia e de resultado surpreendente. Depois de cinco anos de espera, h� um m�s, a vaga saiu. No lombo do cavalo Vanguarda, ele progride e se diverte. E n�o vale esquecer a verdura ou a fruta com a qual diz “obrigado” no fim da sess�o. O amigo espera o presente, que Jo�o V�tor compra com satisfa��o um dia antes do encontro. Esta semana, levou duas cenouras. “Ele anda com andador e sentia muita dor na coluna, por causa da escoliose. J� n�o sente mais”, relata a m�e, a dona de casa Adriana de Ara�jo Silva, de 37.