
Itabira, Itamb� do Mato Dentro e Morro do Pilar – Uma nova travessia que percorre 40 quil�metros por trilhas de tropeiros, vest�gios arqueol�gicos, forma��es que agem como divisores de �guas, c�nions e passagens arriscadas ser� o mais novo roteiro do card�pio de atra��es do Parque Nacional da Serra do Cip� (Parna Cip�), na Regi�o Central de Minas Gerais. A aventura da “Travessia Alto Pal�cio – Serra dos Alves” come�a em Morro do Pilar e percorre campos rupestres de Itamb� do Mato Dentro, chegando ao pequeno distrito de Serra dos Alves, em Itabira. A rota contar� inclusive com uma parceria com empresa de turismo, para agendar visitas e contratar guias locais.

O roteiro tem sido tra�ado com a ajuda de volunt�rios, para fazer as demarca��es das trilhas e reparos nos dois abrigos que se encontram no caminho da viagem, programada para durar tr�s dias, com dois pernoites. A reportagem do Estado de Minas percorreu esse caminho, que, da forma como est�, representa a mais radical e dif�cil atra��o do Parna Cip�. “Por enquanto, � uma trilha-piloto. � medida que as pessoas e volunt�rios a percorrem � que os roteiros acabam sendo marcados”, afirma Edward Elias J�nior, participante da gest�o integrada do parque e da �rea de Prote��o Ambiental do Morro da Pedreira, do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio).
O desafio come�a de forma leve, na antiga sede do parque, em Morro do Pilar, atualmente um posto avan�ado de controle muito utilizado como base durante a temporada de inc�ndios. O local, conhecido como Alto Pal�cio, na por��o ocidental da unidade, tem uma trilha bem demarcada, que percorre morros de pequena inclina��o, uma boa forma de ir esquentando os m�sculos para o que est� por vir. O primeiro mirante surge ao fim dos seis quil�metros iniciais. Dele se divisam nos vales amplos o curso de riachos de �guas amareladas e os afloramentos de quartzito na vegeta��o rasteira de campos rupestres, uma paisagem que domina 80% da unidade de conserva��o.
MARCAS ANCESTRAIS Dois quil�metros adiante, e uma das rochas pontudas pelo caminho exibe pinturas rupestres com cenas de ca�adas, animais de grande porte e contagens primitivas, mostrando ter sido aquele um abrigo r�stico de ca�adores pr�-hist�ricos da regi�o. Ali perto, onde brotam algumas nascentes, as grandes rochas apresentam sinais de que ainda servem de abrigo para pessoas que pernoitam por l�, principalmente devido aos c�rculos de pedras chamuscadas por antigas fogueiras. Duas infra��es que podem render multas, j� que n�o � permitido pernoitar no parque fora dos dois abrigos espec�ficos para a travessia e a montagem de fogueiras tamb�m � proibida, devido ao risco alto de inc�ndios. No trecho, cursos d’�gua escondidos sob a vegeta��o s�o um risco para se ter tor��es.
Em frente, encontra-se o mais dif�cil obst�culo de todo trajeto: o “Travess�o”, a 1.052 metros de altitude. Essa forma��o rochosa � a �nica passagem por uma garganta que tem de um lado uma cachoeira de 25 metros e forte inclina��o e, do outro, um pared�o. Sem o apoio de uma corda e equipamento de rapel, a descida � extremamente arriscada, mas ainda poss�vel pela parte com vegeta��o na encosta, onde a inclina��o chega a ser de 80 graus. A cobertura vegetal � inst�vel e nesse ponto � preciso toda a aten��o para que tombos e escorreg�es n�o terminem numa queda nas pedras e no c�rrego abaixo, acidente que pode ser fatal. O Travess�o � tamb�m um divisor de �guas das bacias hidrogr�ficas dos rios S�o Francisco, a Oeste, e Doce, a Leste.
Travessia entre cachoeiras e despenhadeiros
Ap�s o Travess�o, a caminhada ganha rapidamente eleva��o, chegando aos 1.409 metros. � o trecho onde se avista melhor o c�nion do Rio do Peixe. � frente se abre um vale com pared�es, despenhadeiros e montes de rochas �ngremes. Desses maci�os despencam cachoeiras e cascatas que formam po�os e lagos. V�rios pontos ainda n�o disp�em de trilha batida nem demarca��o de estacas. Sem conhecer os caminhos, � f�cil se perder, mesmo com apoio do GPS, o que exige retornos, reconhecimento de �rea e atrasos que custam tempo e resist�ncia f�sica. S�o cinco quil�metros at� o primeiro ponto de apoio, um barrac�o chamado Casa de T�buas, indicado para encerrar o primeiro dia, ap�s 16,57 quil�metros (veja mapa). A constru��o � anterior � cria��o do parque e servia como ponto para descanso de viajantes que cruzavam a regi�o. Ali h� um fog�o a lenha antigo e quem passa por l� acaba sempre deixando algum alimento ou utens�lio para aliviar a carga transportada, o que serve para abastecer um aventureiro que porventura necessite.
A Casa de T�buas pode ser usada para fazer as refei��es, mas a recomenda��o do parque � para que se acampe em barracas ao redor e que se evite usar o fog�o a lenha. Mas � noite, numa altitude de 1.412 metros, o vento � forte e as barracas precisam estar bem ancoradas para n�o sair voando. O c�u estrelado e o som das corredeiras compensam as rajadas e tornam a noite agrad�vel. A marcha do segundo dia, de 11,3 quil�metros, vai da Casa de T�buas at� o outro abrigo, chamado Currais, um antigo rancho de pau a pique. Nessa caminhada se atingem as maiores altitudes da jornada, chegando aos 1.665 metros. Mais uma vez, a defici�ncia de demarca��es pode levar a atrasos.
A terceira e �ltima parte � a trilha de 12,6 quil�metros dos Currais ao distrito de Serra dos Alves. � uma caminhada que, apesar de feita em sua maioria em inclina��es suaves ou descidas, exige muito dos p�s, sobretudo pelo grande n�mero de pedras soltas que podem levar a tor��es. O distrito � pequeno, s� tem estradas de terra e �nibus uma vez por semana. Por isso, � importante se programar.