
Na �ltima onda de invas�es, pelo menos cinco unidades da rede p�blica foram arrombadas desde a sexta-feira, feriado de Tiradentes, at� ontem. Uma das mais visadas, como j� havia ocorrido na semana anterior, foi a Regi�o Oeste, onde criminosos atacaram dois estabelecimentos (Escola Municipal de Ensino Especializado Frei Leopoldo e Escola Municipal Salgado Filho). Na Regional Barreiro tamb�m houve duas ocorr�ncias, na E.M. Aires da Mata Machado e na E.M. Luiz Gatti.
Em Venda Nova, segundo informou a Guarda Municipal, o alvo foi a E.M. Pedro Guerra. At� o feriad�o da Semana Santa, outras oito institui��es j� haviam sido depredadas por ladr�es e v�ndalos em BH, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educa��o da Rede Municipal (SindRede-BH). Os atos de vandalismo ocorrem menos de um ano ap�s a demiss�o de cerca de 500 guardas patrimoniais que atuavam na vigil�ncia da rede e foram substitu�dos por sistemas de prote��o eletr�nica.
A equipe de reportagem do Estado de Minas esteve em quatro das escolas atacadas durante o recesso de Tiradentes e se deparou com uma lista de problemas – desde os estragos, passando pelos preju�zos at� as falhas no sistema de seguran�a eletr�nico. Na Escola Municipal Aires da Mata Machado, no Bairro Tirol, o servi�o de limpeza ter� trabalho antes da entrada dos alunos na manh� de hoje. Ontem ainda havia vidros quebrados espalhados por toda a parte, assim como destro�os de brinquedos de pl�sticos jogados pelo gramado. “Estava muito pior, j� come�aram a limpar a bagun�a no s�bado”, disse um funcion�rio, que n�o quis se identificar. Ao entrar na institui��o de ensino, v�ndalos teriam usado um extintor de inc�ndio para atacar as vidra�as. Integrantes da comunidade escolar criticam a falta de c�meras de seguran�a do local e sustentam que a Guarda Municipal demora pelo menos tr�s horas para chegar � unidade de ensino caso o alarme seja acionado.
Edson de Sousa, de 64 anos, joga futebol na quadra da escola nos fins de semana e estava revoltado com a situa��o que observou na escola ontem. “Frequento aqui h� pelo menos 27 anos e � a primeira vez que vejo uma situa��o como essa. Esse alarme de seguran�a n�o ajuda em nada”, criticou o morador. As escolas contam com sistema de vigil�ncia com sensores de movimento e alarme sonoro. Quando ele dispara, � acionada a empresa de seguran�a respons�vel e a Guarda Municipal, em casos de invas�o. Desta vez, a Guarda informou que n�o houve registros de roubo, mas integrantes da comunidade escolar contam que a �ltima entrada de v�ndalos aconteceu h� alguns meses, e que levaram pelo menos uma televis�o.
A substitui��o da vigil�ncia presencial por equipamentos eletr�nicos, anunciada pelo ent�o prefeito M�rcio Lacerda em maio de 2016, foi alvo de cr�ticas imediatas entre funcion�rios, estudantes e pais de alunos, que temiam uma sucess�o de ataques �s unidades. O SindRede-BH informou que, depois da retirada dos vigias, 84 casos de vandalismo e roubo foram registrados em escolas municipais. “Esse tipo de crime n�o ocorria antes. Depois que tiraram os vigias da escola, piorou muito. Eles precisam voltar, pois protegem n�o s� os alunos, mas tamb�m as pessoas que passam por aqui de madrugada. Saio para trabalhar �s 4h30 e, agora, estou com medo”, afirma Rita de C�ssia, de 53 anos, auxiliar servi�os gerais. Ela conta que mora em rua pr�xima da escola do Tirol e que n�o ouviu o alarme disparar.
Na Escola Municipal Luiz Gatti, na Rua Garimpeiro, no Conjunto Ademar Maldonado, Regi�o do Barreiro, apesar da invas�o, o estabelecimento estava aberto na manh� de ontem para atividades da comunidade. Com uma equipe musical e integrantes de um centro budista, as atividades da Escola Aberta ocorreram com normalidade. Mas batava entrar na cantina onde os alunos fazem as refei��es para perceber os estragos. A janela, com uma tela, que d� acesso � cozinha estava tampada por madeiras. Por tr�s da prote��o, um buraco, por onde os ladr�es teriam passado. “S�o pessoas que conhecem a din�mica da escola. Sabem onde � a cozinha e pularam o muro da frente”, contou um professor, que n�o quis se identificar. O docente acrescentou que o alarme n�o disparou. Pe�as de carne e pelo menos um liquidificador teriam sido levados pelos invasores, embora a Guarda Municipal n�o confirme a informa��o.
Outros dois ataques ocorreram em institui��es da Regional Oeste: a Escola Municipal de Ensino Especializado Frei Leopoldo, na Rua Cl�vis Cyrilo Limonge, 141, no Bairro Hava�, e a Escola Municipal Salgado Filho, que fica na mesma rua, no n�mero 151. Em ambas, segundo a Guarda Municipal, aparentemente houve arrombamento e depreda��o, mas n�o foram confirmados furtos. Invasores romperam os lacres de extintores e espalharam lixo por salas e corredores. A corpora��o informou que aguarda per�cia e que a dire��o far� um levantamento para certificar-se se algo foi levado. A Guarda informou ainda que a Escola Municipal Pedro Guerra, no Bairro Mantiqueira, na Regi�o de Venda Nova, tamb�m foi atacada no per�odo entre a sexta-feira e o �ltimo s�bado. Segundo a corpora��o, a unidade foi alvo de arrombamento e houve furto de pelo menos uma televis�o.

Sindicato cobra retorno de vigias
Diante da sucess�o de casos (veja quadro), o diretor do Departamento Jur�dico do SindRede-BH, Fernando Alves Lucena, afirma que n�o h� uma regional preferida pelos invasores, apesar de nos �ltimos feriados a Regi�o Oeste tenha sido a mais visada. “Absolutamente todas as regionais sofreram invas�o desde a demiss�o dos mais de 500 vigias. Todas as escolas est�o vulner�veis, em maior ou menor grau. O sindicato reivindica e tem lutado desde o governo anterior pela imediata recontrata��o de todos os vigias, trazendo de volta � seguran�a e tranquilidade �s comunidades escolares”, afirma Fernando.
A Secretaria Municipal de Educa��o (Smed) informou, em nota, que as invas�es ocorridas nas escolas municipais no feriado foram notificadas e a Guarda Municipal e a Pol�cia Militar, acionadas. “Os diretores das unidades v�o fazer um relat�rio com o levantamento dos danos e, de acordo com as ger�ncias regionais de Educa��o, n�o ser� necess�ria interrup��o das aulas em nenhuma das escolas invadidas”, diz o texto. “O modus operandi dos arrombamentos � semelhante, o que sugere que um mesmo grupo possa ser respons�vel pelos atos. A Smed solicitou apoio do servi�o de intelig�ncia da Guarda para identificar os respons�veis”, conclui o informe.
Em rela��o � contrata��o dos vigias noturnos, a Secretaria refor�a que a demiss�o desses profissionais foi decidida na gest�o anterior. Este ano, acrescenta, foi poss�vel autorizar a contrata��o de vigias para 50 escolas municipais e h� esfor�os para viabilizar vigil�ncia humana em outras unidades ao longo do ano. “Vale ressaltar que a prefeitura trabalha com o or�amento aprovado de acordo com a l�gica de gastos da administra��o anterior”, informa o texto.
O SindRede-BH informou que a recontrata��o fica por conta das escolas, no entanto, nem todas as institui��es t�m recursos financeiros para isso. “As escolas est�o apresentando dificuldades em fazer as contrata��es e, por isso, reivindicamos que a prefeitura liberte verba espec�fica para esse fim”, afirma Fernando, do SindRede.

Mem�ria
Economia motivou dispensa de vigilantes
O an�ncio de que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) substituiria a vigil�ncia nas escolas e Umeis por um sistema de vigil�ncia eletr�nica ocorreu em maio do ano passado. A Secretaria Municipal de Educa��o informou, na �poca, que 520 vigias noturnos seriam substitu�dos pelo sistema eletr�nico de vigil�ncia das 23h �s 6h, como parte do contingenciamento de despesas de cerca de 20%. A inten��o era ter o m�nimo impacto poss�vel nas a��es pedag�gicas e programas desenvolvidos com os alunos. O vigia noturno, de acordo com a gest�o anterior, era o profissional mais caro contratado pela escola, devido aos custos com adicional noturno e hora extra. O gasto mensal com os profissionais chegava a R$ 1,8 milh�o. Ainda segundo a secretaria, estudos mostravam que o servi�o de vigil�ncia eletr�nica custaria R$ 500 mil por m�s.
Boletim
A lista das escolas invadidas, depredadas e assaltadas nas �ltimas tr�s semanas
Regional Oeste
» Escola Municipal de Ensino Especializado Frei Leopoldo
(recesso de Tiradentes)
» E.M. Salgado Filho (recesso de Tiradentes)
» E.M. Mestre Ata�de (semana santa)
» E.M. Francisca de Paula (semana santa)
» E.M. Tenente Manoel Magalh�es Penido (semana santa)
» E.M. Hugo Werneck (semana santa)
» E.M. Professora Efig�nia Vidigal (semana santa)
» Umei Santa Maria (uma semana antes da semana santa – duas vezes em menos de 20 dias)
Regional Barreiro
» E.M. Aires da Mata Machado (recesso de Tiradentes)
» E.M. Luiz Gatti (recesso de Tiradentes)
» E.M. Pedro Aleixo (semana santa)
Regional Venda Nova
» E.M. Pedro Guerra (recesso de Tiradentes)
» Umei Venda Nova (recesso Semana Santa)
Fontes: SindRede-BH e Guarda Municipal
