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Estado de Minas

S�rie de tiroteios no Aglomerado da Serra aterroriza moradores e marca a rotina da regi�o

Ap�s um ano e meio de tr�gua, moradores do aglomerado e de bairros pr�ximos da Zona Sul de BH voltam a ficar no fogo cruzado entre gangues rivais. Balas perdidas amea�am vizinhan�a


postado em 26/07/2017 06:00 / atualizado em 26/07/2017 07:56

Tiros deixaram marcas em imóveis vizinhos, e obrigaram moradores a proteger janelas e dormir temporariamente na casa de parentes(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Tiros deixaram marcas em im�veis vizinhos, e obrigaram moradores a proteger janelas e dormir temporariamente na casa de parentes (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Depois de dias sucessivos de tiroteio intenso entre gangues rivais do Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, moradores da pr�pria comunidade e das imedia��es, nos bairros Serra e S�o Lucas, voltaram a conviver com o p�nico que haviam enfrentado pela �ltima vez em janeiro do ano passado. Os tiros disparados a esmo entre grupos criminosos que comandam o tr�fico de drogas em duas das oito comunidades do aglomerado t�m potencial para provocar trag�dias. E as provas est�o marcadas em im�veis da vizinhan�a, como no apartamento em que uma das balas atravessou a janela e parou na parede do quarto da moradora, que estava em casa. Na noite de ontem, tiros voltaram a ser ouvidos em ruas do S�o Lucas, embora a pol�cia n�o tenha confirmado se a ocorr�ncia tem rela��o com a rixa entre bandos locais. A situa��o provocou rea��o de policiais militares em grupos de WhatsApp, que destacaram a aud�cia dos bandidos, al�m de uma a��o do comando da PM, que refor�ou o policiamento na regi�o e promete agir trocando informa��es com a Pol�cia Civil e com o Minist�rio P�blico para retirar l�deres das quadrilhas de circula��o.

A �ltima escalada de viol�ncia come�ou na madrugada de sexta-feira para s�bado, quando moradores especialmente do Bairro S�o Lucas, em ruas como Pouso Alto, Cervantes, Salutares, Paulino Marques Gontijo e R�dio, come�aram a ouvir o barulho do tiroteio. Segundo a PM, a briga ocorria entre gangues que lideram o tr�fico na Vila Nossa Senhora da Concei��o (tamb�m conhecida como Vila Del Rey) e Vila Aparecida (que tamb�m tem o nome popular Vila do Pau Comeu).


De domingo para segunda, por volta de meia-noite, a administradora M.P.D., de 34 anos, estava em casa com o namorado quando ouviu disparos. “Ele foi para a varanda e logo depois ouvimos um barulho de metal vindo do quarto. Quando fomos at� l�, vimos a bala no ch�o”, contou. O tiro perfurou a esquadria da janela e tamb�m marcou a parede, onde o proj�til bateu e caiu. A rea��o imediata foi tirar o colch�o do quarto e colocar no ch�o da sala, ambiente mais protegido, por sua localiza��o. A situa��o se repetiu na madrugada de ontem, quando novamente a troca de tiros se repetiu, com maior intensidade ainda. O medo foi tanto que ela foi para a casa da m�e, no Bairro Cruzeiro. “N�o sei mais se quero morar aqui. Nesta madrugada, minha sensa��o era de estar em uma guerra. Ser� que vale a pena correr esse risco? N�o estou sabendo lidar com o medo”, completou a administradora, visivelmente nervosa com a situa��o.

Tiros trocados entre integrantes de quadrilhas ameaçam moradores da comunidade e até de prédios mais distantes, onde andares mais altos também são atingidos(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Tiros trocados entre integrantes de quadrilhas amea�am moradores da comunidade e at� de pr�dios mais distantes, onde andares mais altos tamb�m s�o atingidos (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Os tiroteios tamb�m incomodaram outros vizinhos e at� policiais militares, que se manifestaram em grupos de WhatsApp. “Fiquei muito preocupado, porque tenho crian�a de 1 ano em casa. Imagina se um tiro desses acerta meu filho? Seria a mesma coisa que eu morrer junto”, afirmava uma das mensagens. Um militar chegou a dizer que PMs nunca podem abaixar a guarda e deveriam sempre entrar no aglomerado com pelo menos um fuzil. O militar pediu tamb�m aten��o aos colegas do 22º Batalh�o, unidade respons�vel pelo policiamento no aglomerado, al�m de apelar pela ajuda a Deus.

Ontem, a Pol�cia Militar foi chamada na madrugada, no momento em que os disparos eram ouvidos no morro. Uma equipe do Grupo Especializado de Policiamento em �reas de Risco (Gepar) chegou �s imedia��es das ruas Cabr�lia e Coronel Jorge Davis, pontos que dividem as duas comunidades, e encontrou pessoas correndo, mas ningu�m foi preso. Uma pistola calibre nove mil�metros caiu durante a fuga dos criminosos e foi apreendida, assim como muni��o de espingarda calibre 12 e pistola 380.

O tenente Mauro L�cio da Silva, comandante do Gepar que atua no Aglomerado da Serra, descartou a possibilidade de que grupos estejam disputando territ�rio para a venda de drogas. Segundo ele, esses conflitos s�o hist�ricos e causados por pequenos desentendimentos, como discuss�es em bailes funk, provoca��es m�tuas, entre outros. “A Pol�cia Militar refor�ou imediatamente o policiamento no local com outras unidades Gepar, T�tico M�vel e Rotam, e continuaremos dessa forma, atr�s das pessoas que est�o promovendo os tiroteios”, disse o militar. A pr�xima a��o, segundo o tenente, � o levantamento de informa��es junto ao setor de intelig�ncia da PM, em parceria com a Pol�cia Civil e o Minist�rio P�blico, para identificar l�deres desses grupos e representar na Justi�a para que sejam presos.

O militar ainda destaca que em 2017 s� o Gepar apreendeu 43 armas no aglomerado, al�m de 670 muni��es. Tamb�m foram presas 66 pessoas e apreendidos 47 menores de idade. Ontem, durante a��es de refor�o no policiamento na �rea, um homem foi preso e tr�s armas apreendidas, al�m de drogas e outros produtos.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
‘DESINTEGRA��O’ Uma das a��es que poderiam ajudar a minimizar esse quadro � a integra��o entre as pol�cias Civil e Militar na �rea Integrada de Seguran�a P�blica (Aisp) que fica exatamente no meio das duas comunidades. Criada em 2014 pelo governo estadual para atuar especialmente nos conflitos do Aglomerado da Serra, a unidade n�o conta mais com a presen�a da Pol�cia Civil. Apenas militares s�o vistos no trecho e ficam, segundo o tenente Mauro L�cio, 24 horas por dia na unidade, com pelo menos tr�s policiais em todos os momentos.

Em nota, a Pol�cia Civil n�o esclareceu os motivos da sa�da de seus agentes da Aisp da Serra, tampouco se h� projetos para retomar a opera��o na unidade. Se limitou a informar que “realiza diversas a��es para combater o tr�fico de drogas, n�o apenas nos aglomerados da capital, mas tamb�m nas demais localidades em que h� ocorr�ncia desse crime”. Segundo a corpora��o, seu foco principal � desarticular organiza��es criminosas que atuam nesses pontos, visando � seguran�a da comunidade local e � redu��o da incid�ncia de delitos associados ao tr�fico, como homic�dios e crimes contra o patrim�nio.

O advogado criminalista Warley Belo, mestre em ci�ncias penais pela UFMG, critica a aposta apenas em a��es repressivas, deflagradas depois que os incidentes ocorrem. “Est� mais do que provado que as medidas repressivas tomadas depois dos epis�dios de viol�ncia n�o trazem ideias novas para a sociedade. Elas s�o importantes, desde que acompanhadas de uma preven��o que n�o seja apenas policial, mas da presen�a do Estado no aglomerado, com projetos sociais e inclus�o das pessoas”, afirmou. Segundo o especialista, os picos de viol�ncia andam praticamente juntos com o corte de verbas destinadas � seguran�a p�blica.
Com nova escalada de violência, PM intensificou ações de combate ao crime (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Com nova escalada de viol�ncia, PM intensificou a��es de combate ao crime (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


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