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Estado de Minas

Casar�es do patrim�nio hist�rico de BH se deterioram enquanto n�o t�m destina��es definidas

Partes importantes da hist�ria da capital, im�veis nos bairros Santo Agostinho, Serra e Santo Ant�nio se dividem entre o abandono e a falta de perspectivas de um dia ser reintegrados � rotina da cidade


postado em 21/09/2017 06:00 / atualizado em 21/09/2017 11:28

Na Avenida Amazonas, há anos casarões servem de tela para pichadores e exibem marcas de abandono e depredação. Escola afirma ter projeto de restauração (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Na Avenida Amazonas, h� anos casar�es servem de tela para pichadores e exibem marcas de abandono e depreda��o. Escola afirma ter projeto de restaura��o (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Enquanto a imponente constru��o conhecida como Castelinho, no Bairro Floresta, considerado um dos s�mbolos do passado de Belo Horizonte, comemora um ano de restaura��o depois de um inc�ndio em 2002 e quase uma d�cada e meia de abandono, o futuro de outros endere�os que tamb�m integram o patrim�nio hist�rico da capital continua incerto.

O fantasma do abandono assombra im�veis como a Villa Rizza, no Bairro Serra, o conjunto de casinhas da Rua Congonhas, no Santo Ant�nio, e os casar�es no quarteir�o da Avenida Amazonas entre ruas Aimor�s e Mato Grosso, no Bairro Santo Agostinho, todos na Regi�o Centro-Sul da capital.

(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Os tr�s exemplos em nada lembram a situa��o atual do Castelinho, erguido em 1918, em estilo ecl�tico com inspira��o art nouveau. O pr�dio foi constru�do para ser resid�ncia familiar, com dois pavimentos e uma majestosa torre lateral de quatro andares. Ao longo de sua hist�ria, tamb�m foi pens�o. A reforma foi financiada pelo Instituto MRV, organiza��o sem fins lucrativos, e doado � Prefeitura de Belo Horizonte para abrigar o Programa Miguilim, centro de refer�ncia na assist�ncia a crian�as e adolescentes que vivem em situa��o de rua.

Outras constru��es n�o tiveram a mesma sorte. A Villa Rizza, na Avenida do Contorno, 4.383, na Serra, foi erguida na d�cada de 1930 e teve o que restou de sua estrutura tombado em 1993. A fachada foi recuperada e desde ent�o o im�vel j� abrigou espa�o de eventos, restaurante e caf�. Desde 2005, a Petrobras � a propriet�ria do terreno, onde chegou a manter um posto de combust�veis anexo � constru��o.

Os neg�cios n�o foram para frente, e a edifica��o foi a leil�o, em 30 de agosto, com lance m�nimo de R$ 4,65 milh�es. Por�m, n�o houve comprador. “O im�vel, com terreno, vale em torno de R$ 10 milh�es. Pertence �

"O im�vel, com terreno, vale em torno de R$ 10 milh�es. Pertence � Petrobras, que estuda a possibilidade de outro leil�o"

Jo�o de Souza Sim�o, leiloeiro

Petrobras, que estuda a possibilidade de outro leil�o”, disse Jo�o de Souza Sim�o, leiloeiro da empresa Arremax, respons�vel pelo processo. Ele explicou que h� muitos interessados no espa�o, mas que o tombamento da constru��o dificulta a transa��o. “� um dos empecilhos, pois l� n�o pode ser constru�do, por exemplo, um pr�dio. A casa n�o pode ser modificada”, afirmou Sim�o.

A hist�ria do Vila Rizza come�a no fim da d�cada de 1920, quando o major Ant�nio Zeferino da Silva comprou uma por��o de terra entre a Avenida do Contorno e as ruas do Ouro e Pouso Alto, na Serra. O major encomendou a arquitetura a Humberto Hermeto Pedercini Marinho. J� o nome do im�vel foi uma homenagem � neta do propriet�rio, Rizza Porto Guimar�es.

Na Avenida do Contorno, Villa Rizza conserva fachada imponente, mas imóvel está sem uso e leilão não teve comprador(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Na Avenida do Contorno, Villa Rizza conserva fachada imponente, mas im�vel est� sem uso e leil�o n�o teve comprador (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Assim como o im�vel da Serra, cinco casar�es na Avenida Amazonas, no quarteir�o entre as ruas Aimor�s e Mato Grosso, no Bairro Santo Agostinho, aguardam destino e chamam a aten��o de quem passa pelo endere�o, devido ao n�vel de degrada��o. As constru��es foram erguidas entre 1936 e 1939, em estilo ecl�tico, e pertencem � Sociedade Intelig�ncia e Cora��o, mantenedora do vizinho Col�gio Santo Agostinho, desde 2003.

O pipoqueiro C�lio de Castro torce para que os im�veis sejam revitalizados. Ele trabalha na regi�o desde 1969, quando as cinco casas tinham apar�ncia bem diferente da de hoje: “A arquitetura delas � muito interessante. S�o casinhas lindas, mas que precisam de uma repaginada. Hoje, os im�veis, que est�o pichados e com vidra�as quebradas, s�o moradias de sem-teto”, disse o homem.

H� dois anos, a Sociedade Intelig�ncia e Cora��o (SIC) informou a inten��o de construir um edif�cio no local. Os andares seriam ocupados, por exemplo, por escola de idiomas e biblioteca. Na parte em que n�o h� constru��o, a previs�o seria fazer um estacionamento para professores e funcion�rios do col�gio, que funciona no quarteir�o vizinho. Das cinco casas, quatro s�o tombadas pelo patrim�nio hist�rico, informa a entidade, e o quinto ser� demolido. “Os projetos (relativos aos im�veis) est�o prontos e aprovados pelo Patrim�nio Hist�rico municipal. Atualmente, a  mantenedora do Col�gio Santo Agostinho est� em fase de negocia��o para in�cio da restaura��o das quatro casas e de constru��o de um edif�cio nos fundos dos terrenos, que foram unificados. O alvar� de constru��o j� foi expedido pela Prefeitura de Belo Horizonte”, informou a SIC. As casas tombadas ser�o restauradas e a ideia � us�-las em projetos culturais, acrescentou.
No Santo Antônio, quarteirão que já foi endereço de Guimarães Rosa tem destino incerto(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
No Santo Ant�nio, quarteir�o que j� foi endere�o de Guimar�es Rosa tem destino incerto (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)


SANTO ANT�NIO

Outro conjunto de casinhas que aguarda desfecho fica no quarteir�o formado pelas ruas Congonhas, Santo Ant�nio do Monte e Leopoldina, no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul. Os im�veis foram cen�rio para grava��o do filme O Menino Maluquinho, inspirado na obra hom�nima do escritor mineiro Ziraldo, dirigido por Helv�cio Ratton em 1995.

A construtora Canopus tentou erguer quatro pr�dios de 27 andares cada no local, com quatro apartamentos por pavimento. A empresa, por�m, suspendeu o projeto at� que a prefeitura defina quais usos poder�o ser dados ao espa�o. Desde 2014, parte do quarteir�o est� coberto por tapumes de metal. Uma das casinhas, a de n�mero 415 da Rua Leopoldina, foi moradia do escritor e m�dico Jo�o Guimar�es Rosa (1908-1967). Tamb�m foi l� que funcionou o Bar do Lulu, point de Belo Horizonte nas d�cadas de 1980 e 1990. O Estado de Minas fez contato com a empreiteira para detalhar os projetos para o conjunto de im�veis, mas n�o obteve retorno.

 

 

Palavra de especialista

 

Yuri Melo Mesquita, diretor de Patrim�nio Cultural, Arquivo P�blico e Conjunto Moderno da Pampulha da Funda��o Municipal de Cultura

 

Refer�ncias para a cidade

“Todos os im�veis t�m valor social para Belo Horizonte. S�o pontos de mem�ria. H� interse��o de v�rias temporalidades neles. H� cruzamentos do modo de viver do passado e do presente, ou seja, um ponto de interse��o da mem�ria. S�o elementos que nos possibilitam ter ra�zes com a nossa cidade. � uma forma de dar lastro para a experi�ncia, um ponto de mem�ria, de refer�ncia para manter vivo o patrim�nio.”


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