
Enquanto a imponente constru��o conhecida como Castelinho, no Bairro Floresta, considerado um dos s�mbolos do passado de Belo Horizonte, comemora um ano de restaura��o depois de um inc�ndio em 2002 e quase uma d�cada e meia de abandono, o futuro de outros endere�os que tamb�m integram o patrim�nio hist�rico da capital continua incerto.
O fantasma do abandono assombra im�veis como a Villa Rizza, no Bairro Serra, o conjunto de casinhas da Rua Congonhas, no Santo Ant�nio, e os casar�es no quarteir�o da Avenida Amazonas entre ruas Aimor�s e Mato Grosso, no Bairro Santo Agostinho, todos na Regi�o Centro-Sul da capital.

Outras constru��es n�o tiveram a mesma sorte. A Villa Rizza, na Avenida do Contorno, 4.383, na Serra, foi erguida na d�cada de 1930 e teve o que restou de sua estrutura tombado em 1993. A fachada foi recuperada e desde ent�o o im�vel j� abrigou espa�o de eventos, restaurante e caf�. Desde 2005, a Petrobras � a propriet�ria do terreno, onde chegou a manter um posto de combust�veis anexo � constru��o.
Os neg�cios n�o foram para frente, e a edifica��o foi a leil�o, em 30 de agosto, com lance m�nimo de R$ 4,65 milh�es. Por�m, n�o houve comprador. “O im�vel, com terreno, vale em torno de R$ 10 milh�es. Pertence �
Petrobras, que estuda a possibilidade de outro leil�o”, disse Jo�o de Souza Sim�o, leiloeiro da empresa Arremax, respons�vel pelo processo. Ele explicou que h� muitos interessados no espa�o, mas que o tombamento da constru��o dificulta a transa��o. “� um dos empecilhos, pois l� n�o pode ser constru�do, por exemplo, um pr�dio. A casa n�o pode ser modificada”, afirmou Sim�o."O im�vel, com terreno, vale em torno de R$ 10 milh�es. Pertence � Petrobras, que estuda a possibilidade de outro leil�o"
Jo�o de Souza Sim�o, leiloeiro
A hist�ria do Vila Rizza come�a no fim da d�cada de 1920, quando o major Ant�nio Zeferino da Silva comprou uma por��o de terra entre a Avenida do Contorno e as ruas do Ouro e Pouso Alto, na Serra. O major encomendou a arquitetura a Humberto Hermeto Pedercini Marinho. J� o nome do im�vel foi uma homenagem � neta do propriet�rio, Rizza Porto Guimar�es.

O pipoqueiro C�lio de Castro torce para que os im�veis sejam revitalizados. Ele trabalha na regi�o desde 1969, quando as cinco casas tinham apar�ncia bem diferente da de hoje: “A arquitetura delas � muito interessante. S�o casinhas lindas, mas que precisam de uma repaginada. Hoje, os im�veis, que est�o pichados e com vidra�as quebradas, s�o moradias de sem-teto”, disse o homem.
H� dois anos, a Sociedade Intelig�ncia e Cora��o (SIC) informou a inten��o de construir um edif�cio no local. Os andares seriam ocupados, por exemplo, por escola de idiomas e biblioteca. Na parte em que n�o h� constru��o, a previs�o seria fazer um estacionamento para professores e funcion�rios do col�gio, que funciona no quarteir�o vizinho. Das cinco casas, quatro s�o tombadas pelo patrim�nio hist�rico, informa a entidade, e o quinto ser� demolido. “Os projetos (relativos aos im�veis) est�o prontos e aprovados pelo Patrim�nio Hist�rico municipal. Atualmente, a mantenedora do Col�gio Santo Agostinho est� em fase de negocia��o para in�cio da restaura��o das quatro casas e de constru��o de um edif�cio nos fundos dos terrenos, que foram unificados. O alvar� de constru��o j� foi expedido pela Prefeitura de Belo Horizonte”, informou a SIC. As casas tombadas ser�o restauradas e a ideia � us�-las em projetos culturais, acrescentou.

SANTO ANT�NIO
Outro conjunto de casinhas que aguarda desfecho fica no quarteir�o formado pelas ruas Congonhas, Santo Ant�nio do Monte e Leopoldina, no Bairro Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul. Os im�veis foram cen�rio para grava��o do filme O Menino Maluquinho, inspirado na obra hom�nima do escritor mineiro Ziraldo, dirigido por Helv�cio Ratton em 1995.
A construtora Canopus tentou erguer quatro pr�dios de 27 andares cada no local, com quatro apartamentos por pavimento. A empresa, por�m, suspendeu o projeto at� que a prefeitura defina quais usos poder�o ser dados ao espa�o. Desde 2014, parte do quarteir�o est� coberto por tapumes de metal. Uma das casinhas, a de n�mero 415 da Rua Leopoldina, foi moradia do escritor e m�dico Jo�o Guimar�es Rosa (1908-1967). Tamb�m foi l� que funcionou o Bar do Lulu, point de Belo Horizonte nas d�cadas de 1980 e 1990. O Estado de Minas fez contato com a empreiteira para detalhar os projetos para o conjunto de im�veis, mas n�o obteve retorno.
Palavra de especialista
Yuri Melo Mesquita, diretor de Patrim�nio Cultural, Arquivo P�blico e Conjunto Moderno da Pampulha da Funda��o Municipal de Cultura
Refer�ncias para a cidade
“Todos os im�veis t�m valor social para Belo Horizonte. S�o pontos de mem�ria. H� interse��o de v�rias temporalidades neles. H� cruzamentos do modo de viver do passado e do presente, ou seja, um ponto de interse��o da mem�ria. S�o elementos que nos possibilitam ter ra�zes com a nossa cidade. � uma forma de dar lastro para a experi�ncia, um ponto de mem�ria, de refer�ncia para manter vivo o patrim�nio.”