A famosa risada de Teuda, quase um patrim�nio imaterial de BH, agora ocupa 11 metros de largura por oito de altura. De volta � rua, onde o trabalho do Galp�o nasceu e cresceu, desta vez a gargalhada se cristalizou, mas continua contagiando, s� que agora de forma bidimensional. Nika, de 30 anos, e Krol, de 28, duas das artistas, sentaram-se para a cervejinha com Teuda, num encontro onde as tais risadas se multiplicaram. Eram 15h de uma quarta-feira �til e antes que o leitor venha com qualquer julgamento moral, registre-se que Krol bebeu apenas �gua. De repente, as tr�s se tornaram melhores amigas de inf�ncia.
Como o boteco do Edmundo fica ao lado de uma Igreja Pentecostal, o volume das risadas confrontava os cantos de louvor e os gritos de dem�nios exorcizados em s�rie. Quem passava e via a cena n�o diria que, 10 minutos antes, Teuda tinha mandado um: “Eu sei nada doc�s, gente!”. As minas se apresentaram. Conheceram-se em 2012, em evento de grafite e integram coletivo que colore a cidade, junto a outras duas colegas; Viber, de 31, e Musa, de 30. “Nossa! Que coisa mais linda!”, exclamara a atriz ao descer do carro e ver o mural pela primeira vez. "Veio o convite da Funda��o Municipal de Cultura para fazer um painel para os 120 anos de BH. J� temos um projeto para retratar mulheres poderosas, chamado ‘N�s podemos tudo’. E quer�amos algu�m que representasse bem a cidade e tivesse essa hist�ria forte como mulher, na luta contra padr�es”, conta Krol. Misto de lisonja e humildade salta da resposta de Teuda: “Na verdade eu nem me sinto t�o poderosa assim, porque a luta � um neg�cio di�rio. C� levanta pensando na conta que tem que pagar. � o carinho, reconhecimento, amor das pessoas. Foi batalha? Foi. Mas a minha hist�ria n�o � diferente da sua, da outra”.

Ao saber que o processo levou tr�s dias, Teuda disparou: “Que isso? Tr�s dias eu n�o pintava nem aquelas manchas ali do vestido!”. Colocar uma risada no meio do caminho de quem passa foi tamb�m o objetivo das minas. “A Guaicurus tem uma hist�ria importante para a cidade,� legal a gente poder transformar o lugar, por isso que o Centro � um lugar bom para essas interven��es, porque todo mundo passa sempre correndo”, pontua Nica. Ela revela, durante o papo, feliz coincid�ncia: a imagem que serviu de base para o layout das Minas � de autoria do fot�grafo Beto Novaes, do Estado de Minas, para a mat�ria sobre o lan�amento do livro Comunista demais para ser chacrete, biografia da atriz, escrita por Jo�o Santos: “A gente queria refer�ncia que destacasse a risada. E vou te falar, quando come�ou a aparecer o rosto na pintura, toda hora algu�m passava e falava ‘� aquela, do teatro!’”
Sobre a marca registrada, Teuda guarda sempre um novo caso: “Eu sou mais aborrecida hoje em dia, mas sou feliz. Outro dia dormi na casa de uns amigos, a� de manh� o gato pulou em cima de mim, morri de rir e eles: ‘Tem que levantar nesse bom humor?’ Eu vou ser infeliz para qu�? Quando eu t� p. com uma coisa que aconteceu, ferrada mesmo, sabe o que eu fa�o? Vou para um restaurante ma-ra-vi-lho-so, como uma comida ma-ra-vi-lho-sa, tomo um vinho ma-ra-vi-lho-so, dou risada, fico feliz, acabou aquela enche��o de saco!”.
