
Uma corrente de ora��es contra todos os tipos de viol�ncia deu in�cio, na tarde de ontem, ao per�odo da quaresma, com a celebra��o da missa de quarta-feira de cinzas pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Na Bas�lica Santu�rio Nossa Senhora da Piedade – padroeira de Minas Gerais –, no alto da Serra da Piedade, em Caet�, na regi�o metropolitana, muitos fi�is participaram do momento de imposi��o das cinzas ao som do c�ntico religioso que lembra “Somos p� e ao p� voltaremos”. Dom Walmor explicou que os pr�ximos 40 dias representam “um tempo de delicadeza de Deus para conosco” e cabe aos cat�licos fortalecer seu papel de “embaixador de Cristo na luta contra o mal”.
O arcebispo ressaltou que a Campanha da Fraternidade (CF)-2018, da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lan�ada ontem, traz como tema Fraternidade e supera��o da viol�ncia e o lema Em Cristo somos todos irm�os (Mt 23,8). “Nosso grande desafio � superar todos os tipos de viol�ncia: nas fam�lias, contra as crian�as e mulheres, a crueldade da pobreza e dos que morrem de fome, enquanto uns adoecem de tanto comer”. E mais: “O esp�rito do mal age e toma conta, por isso todos devem se conscientizar da realidade e trabalhar para superar as adversidades. A quaresma � um tempo de reflex�o, de falar menos e mais baixo e escutar mais”.
Em Belo Horizonte, a CF-2018 ser� apresentada no s�bado, no Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua – Par�quia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Regi�o Centro-Sul. Antes, haver� uma caminhada no Centro da capital em dire��o ao templo, no qual ser�o realizadas apresenta��es culturais e visita��o aos estandes de pastorais, movimentos e institui��es, que mostrar�o seus trabalhos. A programa��o come�a �s 13h e haver� transporte gratuito saindo de cada uma das regi�es episcopais da Arquidiocese. Os interessados podem ligar para (31) 3428-8046/ 3423-2187.
PENIT�NCIA Dom Walmor destacou a import�ncia da penit�ncia no per�odo iniciado ontem e “fecundo” na vida dos cat�licos. E citou o jejum, a ora��o e a esmola como passos fundamentais para levar � purifica��o. “Jejum n�o significa priva��o, mas sim um equil�brio entre o f�sico e o biol�gico, visando � qualidade de vida. J� a esmola nasce de uma palavra de miseric�rdia e n�o de um dinheiro que est� sobrando, enquanto a ora��o, de prefer�ncia uma experi�ncia silenciosa, � essencial para nosso cora��o chegar ao cora��o de Deus”.
Morador de Caet�, o casal Fabiano Andrade, engenheiro, e Fernanda Rodrigues, t�cnica de enfermagem, levou os filhos Gustavo, de 5 anos, e Lu�za, de apenas oito meses. “Fa�o quest�o de trazer meus filhos, desde pequenos, para participar das celebra��es na Serra da Piedade, principalmente na quarta-feira de cinzas. A quaresma nos leva a pensar, principalmente nessa �poca em que a vida est� muito dif�cil para todos. O certo � que, com Deus, fica mais leve”, disse Fernanda.
Casados h� 23 anos, o engenheiro �lcio Pessoa e sua mulher, �rica, de Caet�, assistiram � missa, iniciada �s 15h e presidida por dom Walmor e concelebrada pelo reitor do santu�rio, Fernando C�sar do Nascimento, e o pr�-reitor, Carlos Ant�nio da Silva. Os dois padres foram os primeiros a receber a cruz de cinza na cabe�a e depois atenderam os demais presentes tamb�m com os sinais na testa.
A maior parte dos moradores que fez fila para receber o sinal da cruz era de Caet�, a exemplo da t�cnica em patologia Juc�lya Silva. Para ela, j� se tornou tradi��o subir a Serra da Piedade v�rias vezes no ano. “Vim sozinha e tenho f� em Cristo”, afirmou com serenidade.

TRI�NIO A missa da quarta-feira de cinzas na Serra da Piedade, a primeira na antiga ermida desde que ela que foi elevada � condi��o de bas�lica, em novembro, por decreto do papa Francisco, marca tamb�m a contagem regressiva para outro fato importante na hist�ria dos cat�licos de BH. Em 2021, ser�o comemorados os 100 anos de cria��o da arquidiocese da cidade. “Considerando a import�ncia desse acontecimento”, dom Walmor convida os fi�is “a vivenciar um tri�nio de prepara��o para as celebra��es”.
Em nota, a arquidiocese informa que, para os tr�s anos que antecedem o centen�rio est� sendo planejada uma programa��o especial, que contempla “o resgate da hist�ria da Igreja na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte e a inaugura��o de novos templos, cria��o de par�quias, intensifica��o dos trabalhos de edifica��o da Catedral Cristo Rei, cria��o e fortalecimento de projetos de acolhimento aos mais pobres”. Entre as novidades estar� a inaugura��o do Museu Maria Regina Mundi (do latim, Maria Rainha do Mundo), a ser constru�do, pela arquidiocese, no topo do maci�o e totalmente dedicado a imagens de Nossa Senhora.
Para ministra C�rmen L�cia, solidariedade � a sa�da
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra C�rmen L�cia afirmou ontem, durante o lan�amento da Campanha da Fraternidade’2018 da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que “h� uma imperiosa necessidade de se superar o quadro de viol�ncia” vivido atualmente pela sociedade brasileira. Para a ministra, a situa��o exige “solidariedade, fraternidade e a capacidade de amar e perdoar” e a miss�o do Poder Judici�rio � a aplica��o do direito para a busca da solu��o de conflitos, “de todas as formas contra todas as pessoas”, acentuando que umas sofrem mais que outras.
C�rmen L�cia se pronunciou ap�s o secret�rio-executivo da Comiss�o Brasileira de Justi�a de Paz da CNBB, Carlos Moura, destacar que a comunidade negra � a maior v�tima de viol�ncia do Brasil. “H� necessidade de encararmos, todos n�s, emanados na perspectiva de supera��o do preconceito, da discrimina��o, que vitimiza essa comunidade”, disse.
A presidente do STF ainda afirmou que o Poder Judici�rio tem “atuado de forma digna e correta” para tentar superar esses problemas de maneira democr�tica. C�rmen tamb�m destacou a necessidade de a sociedade “voltar a amar” e crer no outro como aliado, n�o como inimigo. “Fico me perguntando em que sociedade sonhamos quando o que se prega � a desconfian�a e a viol�ncia contra o outro”, refletiu.
ELEI��ES No lan�amento da campanha tamb�m falaram o presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha; o secret�rio-geral da confer�ncia dos bispos, dom Leonardo Steiner; e o deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), coordenador da Frente de Preven��o � Viol�ncia e Redu��o dos Homic�dios da C�mara dos Deputados.
Questionado sobre como a Igreja se posicionar� diante dos candidatos �s elei��es’2018 que defendem a libera��o de porte de armas em alguns casos – a campanha da CNBB refor�a a import�ncia do Estatuto do Desarmamento, que congressistas tentam alterar –, o cardeal Sergio da Rocha foi enf�tico. “� um grande equ�voco achar que superamos a viol�ncia recorrendo a mais viol�ncia”, afirmou, destacando que a Igreja quer candidatos comprometidos com a justi�a social e com a paz, e “n�o aqueles que promovam ainda mais a viol�ncia”.
“A Igreja est� orientando os pr�prios eleitores, n�o substituindo suas consci�ncias, mas ajudando a form�-las”, completou o presidente da CNBB, que tamb�m comentou as reformas assumidas pelo governo federal, especificamente a da Previd�ncia, ressaltando que a proposta “escolhe o caminho da exclus�o social”. “N�o podemos admitir que mais pobres, mais vulner�veis, possam arcar com sacrif�cios maiores quando se trata de reformas e mudan�as sociais”, disse o cardeal.